Liturgia de 17 de junho de 2020

QUARTA FEIRA – XI SEMANA DO TEMPO COMUM

(verde - Ofício do dia)

Antífona da entrada

 

- Ouvi, Senhor, a voz do meu apelo, tende compaixão de mim e atendei-me; vós sois meu protetor, não me deixeis; não me abandoneis, ó Deus, meu salvador!  (Sl 26,7.9)

Oração do dia

 

- Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao meu apelo e, como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: 2Rs 2,1.6-14

 

- Leitura do segundo livro dos Reis: 1Quando o Senhor quis arrebatar Elias ao céu, num redemoinho, Elias e Eliseu partiram de Guilgal. 6Tendo chegado a Jericó, Elias disse a Eliseu: “Permanece aqui, porque o Senhor me mandou até o Jordão”. E ele respondeu: “Pela vida do Senhor e pela tua, eu não te deixarei”. E partiram os dois juntos. 7Então, cinquenta dos filhos dos profetas os seguiram, e ficaram parados, à parte, a certa distância, enquanto eles dois chegaram à beira do Jordão. 8Elias tomou então o seu manto, enrolou-o e bateu com ele nas águas, que se dividiram para os dois lados, de modo que ambos passaram a pé enxuto. 9Depois que passaram, Elias disse a Eliseu: “Pede o que queres que eu te faça antes de ser arrebatado da tua presença”. Eliseu disse: “Que me seja dada uma dupla porção do teu espírito”. 10Elias respondeu: “Tu pedes uma coisa muito difícil. Se me vires quando me arrebatarem da tua presença, isso te será concedido; caso contrário, isso não te será dado”. 11E aconteceu que, enquanto andavam e conversavam, um carro de fogo e cavalos de fogo os separaram um do outro, e Elias subiu ao céu num redemoinho. 12Eliseu o via e gritava: “Meu pai, meu pai, carro de Israel e seu condutor!” Depois, não o viu mais. E, tomando as vestes dele, rasgou-as em duas. 13Em seguida, apanhou o manto que Elias tinha deixado cair e, voltando sobre seus passos, estacou à margem do Jordão. 14Tomou então o manto de Elias e bateu com ele nas águas dizendo: “Onde está agora o Deus de Elias?” E bateu nas águas, que se dividiram, para os dois lados, e Eliseu atravessou o rio.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 31,20.21.24 (R: 25)

 

- Fortalecei os corações, vós que ao Senhor vos confiais!

R: Fortalecei os corações, vós que ao Senhor vos confiais!


- Como é grande, ó Senhor, vossa bondade, reservastes para aqueles que vos temem! Para aqueles que em vós se refugiam, mostrando, assim, o vosso amor perante os homens.

R: Fortalecei os corações, vós que ao Senhor vos confiais!


- Na proteção de vossa face os defendeis bem longe das intrigas dos mortais. No interior de vossa tenda os escondeis, protegendo-os contra as línguas maldizentes.

R: Fortalecei os corações, vós que ao Senhor vos confiais!


- Amai o Senhor Deus, seus santos todos, ele guarda com carinho seus fiéis, mas pune os orgulhosos com rigor.

R: Fortalecei os corações, vós que ao Senhor vos confiais!

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Quem me ama realmente guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele nós viremos (Jo 14,23) 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 6,1-6.16-18

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

- Glória a vós, Senhor!   

 

- Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus.
2Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa.
3Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4de modo que, a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará recompensa. 5Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade, vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 6Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16Quando jejuardes, não fi­queis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade, vos digo: Eles já receberam a sua recompensa.  17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que os homens não vejam que estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 


 

 

Liturgia comentada

Teu Pai, que vê o escondido... (Mt 6,1-6.16-18)

Ah! Os olhos do Pai... Nada escapa ao seu olhar!

Pena que esta visão onisciente de Deus tenha sido usada para impor medo e terror! Na escola primária, anos 50, nossas aulas de religião consistiam unicamente em copiar um desenho que a professora fazia no quadro negro. Lembro-me claramente de um deles: um muro, logo atrás uma casa, e mais no fundo uma árvore carregada de frutas maduras; dois moleques pulavam o muro e, no alto, erguia-se um grande triângulo com um olho no centro.

Era o olho de um Deus vigilante, pronto a punir e castigar os pecados infantis. Detalhe: todos os desenhos, o ano inteiro, traziam o mesmo triângulo ameaçador...

A frase implícita – “Deus me vê” – ficava sempre incompleta. Ninguém nos dizia: “Deus me vê e... me ama!” Ninguém se lembrava de citar a Sagrada Escritura: “Senhor, vós me perscrutais e me conheceis... vós me cercais por trás e pela frente, e estendeis sobre mim a vossa mão... Vós me tecestes no seio de minha mãe...” (Salmo 139)

O olhar do Pai, que vê em segredo, enxerga o que sou e o que posso ser. Deus olha o pecador atual e o santo possível. E aqui está o ponto central deste Evangelho: Deus não se perde em aparências. Ele não gasta tempo com gestos exteriores, mas penetra o âmago do ser.

Conclusão: precisamos pedir a graça de olhar o mundo com os olhos de Deus. Contemplar o horizonte das nações, o cenário do Brasil, as pedras de nossa rua, sentindo – e re-sentindo – o mesmo amor cuidadoso e responsável que pulsa no coração do Pai.

A partir daí, iremos pouco a pouco libertando-nos de uma religião apenas aparente, feita de gestos sem alma, cumpridos apenas para... “cumprir” ... Não uma religião de “preceitos” e normas, mas uma vida de amizade com Deus e serviço ao próximo.

Com os olhos de Deus, veremos presídios e escolas como campos de missão, paróquias e fábricas como sementeiras do bem, diplomas e títulos como ferramentas do amor.

Com os olhos do Pai, não julgaremos ninguém pela aparência, pela roupa surrada, pelo esmalte descascado, pelo calcanhar rachado. Olhos de Pai veem filhos em toda parte...

Orai sem cessar: “Senhor, todos os olhos se dirigem para vós!” (Sl 145,15)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.