Canto e música (CIC § 1156 a 1158)

“A tradição musical da Igreja universal constitui um tesouro de valor inestimável que se destaca entre as demais expressões de arte, principalmente porque o canto sacro, ligado às palavras, é parte necessária ou integrante da liturgia solene [SC 112] .” A composição e o canto dos salmos inspirados, com freqüência acompanhados por instrumentos musicais, já aparecem intimamente ligados às celebrações litúrgicas da antiga aliança. A Igreja continua e desenvolve esta tradição: Recitai “uns com os outros salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração” (Ef. 5,19 [Cf Cl 3,16-17] ) . “Quem canta reza duas vezes [Cf. Sto. Agostinho, En. in Psal. 72,1] .”

Como vemos, o canto, ligado à Palavra, faz parte integrante da liturgia, pois esta é festa, e não existe festa sem canto. O canto não é, porém, mero enfeite ou adorno celebrativo. Na tradição universal da Igreja, é um tesouro de inestimável valor. O canto e a música desempenham sua função de sinais de maneira tanto mais significativa quanto mais se souber que eles devem estar intimamente ligados à ação litúrgica.

"A ação de graças a Deus expressa-se na liturgia cristã, já desde os começos da Igreja, por meio de salmos, hinos e canticos espirituais. 'Assim como a nossa boca saboreia os alimentos, assim também o nosso coração os Salmos' (São Bernardo, Sermões sobre o Cântico dos Canticos VII, 5). A nossa natureza humana, é composta de alma e corpo, ela pede que o culto devido a Deus tenha também manifestações externas. Um prefácio do Natal diz: ' Deus dispôs que conhecendo-O por meio das coisas visíveis, sejamos levados ao amor das coisas invisíveis'. Por que meu irmão e irmã? Porque tudo o que sai da nossa alma se expressa naturalmente pelos sentidos. Nas ações litúrgicas da Igreja, os cânticos são manifestações de júbilo diante das grandezas de Deus e também expressões de agradecimento pelos bens recebidos." (Bíblia de Navarra, edição 1990, volume II, Efésios, pág. 1189).

Para finalizar quero dizer que o canto: é a forma normal da oração da "família de Deus", é um elemento fundamental do culto cristão e da liturgia. Em todos os povos a música religiosa tem grande importância. Também o povo hebreu a tinha em grande honra. Os cânticos e os salmos de Israel eram famosos em todo o oriente: durante a escravidão babilônica até os feitores pediam aos prisioneiros hebreus que cantassem seus cânticos de Sião (Salmo 136). O canto dos salmos era acompanhado ao som de instrumentos musicais e todo o povo tomava parte repetindo um estribilho ou uma invocação. Também Cristo e os Apóstolos cantavam os salmos que a Igreja assumiu como seu precioso patrimônio de oração, introduzindo-os largamente na missa e na liturgia em geral.

CIC § 1157

O canto e a música desempenham sua função de sinais de maneira tanto mais significativa por “estarem intimamente ligados à ação litúrgica [SC 112] ”, segundo três critérios principais: a beleza expressiva da oração, a participação unânime da assembléia nos momentos previstos e o caráter solene da celebração. Participam assim da finalidade das palavras e das ações litúrgicas: a glória de Deus e a santificação dos fiéis [Cf. SC 112]:

Quanto chorei ouvindo vossos hinos, vossos cânticos, os acentos suaves que ecoavam em vossa Igreja! Que emoção me causavam! Fluíam em meu ouvido, destilando a verdade em meu coração. Um grande elã de piedade me elevava, e as lágrimas corriam-me pela face, mas me faziam bem [St. Agostinho, Conf. 9,6,14] .

"A dignidade na recitação e canto das orações litúrgicas deve fomentar a participação ativa de todos nas celebrações, de modo que possam experimentar o que aqui no Catecismo, Santo Agostinho assegura de si mesmo: 'Quanto chorei ouvindo vossos hinos, vossos cânticos, os acentos suaves que ecoavam em vossa Igreja! Que emoção me causavam! Fluíam em meu ouvido, destilando a verdade em meu coração. Um grande elã de piedade me elevava, e as lágrimas corriam-me pela face, mas me faziam bem .'

A oração litúrgica converte-se assim em fonte de genuína piedade, ao mesmo tempo que serve para fomentar a unidade com os outros membros da Igreja, não só com os que louvam a Deus enquanto ainda lutam na terra, mas também com os que já O glorificam incessantemente no céu. Meus irmãos, 'que coisa mais estupenda do que imitar na terra o coro dos anjos!'. Dispor-se para a oração nas primeiras horas do dia, e glorificar o Criador com hinos e louvores. Mais tarde, quando o sol brilha no alto, cheio de esplendor e de luz, irmos para o nosso trabalho enquanto a oração nos acompanha a todas as partes." (Bíblia de Navarra, edição 1990, volume II, Efésios, pág. 1189 e 1190).

Qual é então a função do canto e da música na ação litúrgica? O canto e a música desempenha uma função importante que o Senhor nos deu para ajudar, seja na oração pessoal ou comunitária, a celebrar a glória de Deus, cumprindo assim, nossa vocação primeira (Ef 1,21). O canto e a música são como água, que caindo sobre a terra, vai preparando-a para acolher a boa semente, a Palavra de Deus. Ela serve para animar, consolar, exortar. É também um instrumento maravilhoso de louvor e adoração a Deus. Nas ações litúrgicas, a música deve acompanhar a Liturgia, estar de acordo e em harmonia com toda celebração. O Catecismo da Igreja Católica, citando Santo Agostinho, nos fala da importância do canto na Liturgia: “Quem canta, reza duas vezes”, e continua:” O canto e a música desempenham sua função de sinais de maneira tanto mais significativa por estarem intimamente ligados à ação litúrgica, segundo três critérios principais: a beleza expressiva da oração, a participação unânime da assembléia nos momentos previstos e o caráter solene da celebração”.

CIC § 1158

A harmonia dos sinais (canto, música, palavras e ações) é aqui mais expressiva e fecunda por exprimir-se na riqueza cultural própria do povo de Deus que celebra [Cf. SC 119]. Por isso, o “canto religioso popular será inteligentemente incentivado a fim de que as vozes dos fiéis possam ressoar nos pios e sagrados exercícios e nas próprias ações litúrgicas, de acordo com as normas e prescrições das rubricas [SC 118] . Todavia, “os textos destinados ao canto sacro hão de ser conformes à doutrina católica, sendo até tirados de preferência das Sagradas Escrituras e das fontes litúrgicas [SC 121].

Sendo a música também um canal dentro da celebração litúrgica para dar glória a Deus e para santificar os fiéis, assim o faz por meio da sua própria natureza de ser bela e tornar mais expressiva a nossa oração, sendo por isto importante executar bem os cantos, que a escola de cantores dêem o melhor de si, por tornar possível a participação de toda a assembléia durante a execução de um canto, os fiéis devem ser estimulados a cantar nos momentos oportunos, para participarem ativamente por meio da música, e por ter a propriedade de tornar mais solene a celebração, o que ressalta a importância de escolher bem os cantos de acordo com a liturgia e o tempo.

Cada tempo litúrgico e cada solenidade comemora uma determinada faceta do mistério de Cristo. O canto dá o colorido típico de cada tempo e de cada festa. Existem cantos litúrgicos, próprios para as celebrações e cantos-mensagens, para outras ocasiões, como encontros.

O canto litúrgico deve ter conteúdo bíblico e melodia fácil para a assembléia assimilar e cantar.

Assim, a música deve estar em busca desta finalidade litúrgica. Para tanto, a Igreja, que é mãe, nos ensina como proceder, através da própria Liturgia, expressa na Instrução Geral do Missal Romano e em outros documentos redigidos especialmente para este fim.

A primeira norma de conduta dos cantores, é a de preservar e observar aquilo que glorifica a Deus e nos leva à santidade: a Liturgia. Somos verdadeiros servos quando nos detemos em estudar e a pôr em prática o que nos diz a Igreja e a Palavra. Assim os cantores possam servir e celebrar dignamente o Santo Sacrifício do Altar!

Para refletir:

Amigo(a) ouvinte, principalmente para você que é do grupo de música: o canto deve acompanhar o sentido da celebração litúrgica. Por isso não se pode cantar qualquer coisa em qualquer celebração litúrgica e em qualquer hora da celebração. Os cantos devem ser cuidadosamente escolhidos e ensaiados para que haja participação de toda a assembléia.

Em nossas comunidades deve haver incentivo para a criação de um grupo de música com cantores, instrumentos e compositores. A equipe deve se reunir periodicamente para receber formação adequada, para os ensaios e animar o canto do qual participará toda a assembléia. É preciso aprender a cantar com a mente, com o coração, com a voz e com a vida.

Rezemos através dos Salmos 33(32) e (150): "Exultai no Senhor, ó justos, pois aos retos convém o louvor. Celebrai o Senhor com a citara, entoai-Lhe hinos na harpa de dez cordas. Cantai-Lhe um cântico novo, acompanhado de instrumentos de música. Porque a Palavra do Senhor é reta, em todas as suas obras resplandece a fidelidade. Ele ama a justiça e o direito; da bondade do Senhor esta cheia a terra." (Salmo 32,1-5). "Louvai o Senhor Deus... Louvai-o com o toque da trombeta, louvai-o com a harpa e com a cítara! Louvai-o com a dança e o tambor, louvai-o com as cordas e as flautas! Louvai-o com os címbalos sonoros, louvai-o com os címbalos de jubilo! Louve a Deus tudo o que vive e que respira, tudo cante os louvores do Senhor!".

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança