Palavras e ações (CIC § 1153 a 1155)

Uma celebração sacramental é um encontro dos filhos de Deus com seu Pai, em Cristo e no Espírito Santo, e este encontro se exprime como um diálogo, mediante ações e palavras. Sem dúvida, as ações simbólicas já são em si mesmas uma linguagem, mas é preciso que a Palavra de Deus e a resposta de fé acompanhem e vivifiquem estas ações para que a semente do Reino produza seu fruto na terra fértil. As ações litúrgicas significam o que a Palavra de Deus exprime: a iniciativa gratuita de Deus e ao mesmo tempo a resposta de fé de seu povo.

Aqui o Catecismo nos diz que: "A celebração litúrgica caracteriza-se por ser diálogo de salvação, um encontro dos filhos de Deus com o Pai, em Cristo, pelo Espírito Santo. Daí, sua dimensão trinitária. Se as ações simbólicas já são expressivas por si mesmas, aqui a Palavra vem vivificá-las e dar-lhes sentido pleno, que só em Cristo se encontra, pois "é preciso que a semente do reino produza frutos na terra fértil". O diálogo redentor se exprime na iniciativa de Deus e na resposta de fé do povo."

Meu irmão, "A Palavra de Deus é um sacramental. O que quer dizer isso? Quer dizer que ela nos santifica (fiéis) não apenas na proporção do que entendemos, mas a medida da fé e do amor com que cada um de nós a ouve." (Curso de Liturgia por correspondência, Escola Mater Ecclesiae, pág 85, Dom Estévão Bettencourt).

Podemos dizer com isso que "A liturgia mobiliza simultaneamente o homem todo: o espírito, a alma e o corpo (1Ts 5,23) tornando o corpo e a alma dóceis instrumentos do Espírito" . Meu irmão, os nossos gestos na assembléia são de grande importância. Somos corpo e alma e devemos rezar com o corpo e o espírito. Cada um de nós exprime a si mesmo e aos outros pelo conjunto de nossas atitudes e de nossos gestos particulares; também pelo silêncio e exclamações tudo aquilo que sentimos interiormente. O gesto exterior acentua, dá vigor e força especial às palavras, influi sobre a atitude da alma valorizando-a. Os nossos gestos na assembléia são comunitários, isto é, exprimem a união profunda dos espíritos e dos sentimentos que animam toda a assembléia." (Dom Eugênio Sales).

CIC § 1154

A liturgia da palavra é parte integrante das celebrações sacramentais. Para alimentar a fé dos fiéis, os sinais da Palavra de Deus precisam ser valorizados: o livro da palavra (lecionário ou evangeliário), sua veneração (procissão, incenso, luz), o lugar de onde é anunciado (ambão), sua leitura audível e inteligível, a homilia do ministro que prolonga sua proclamação, as respostas da assembléia (aclamações, salmos de meditação, ladainhas, profissão de fé...).

Aqui vemos que "Como parte integrante das celebrações, a Liturgia da Palavra, que alimenta a fé, deve trazer seus sinais valorizados, de acordo com a natureza da liturgia. Assim, deve-se dar atenção ao livro da Palavra (Lecionário, Evangeliário ou Bíblia), e a tudo o que lhe diz respeito, como incenso, luz, ambão e adornos litúrgicos. A Palavra de Deus não deve ser simplesmente lida, mas proclamada, audível (que pode ser ouvido por todos) e correta, e a homilia do ministro, sendo um prolongamento da proclamação da palavra, deve ser elaborada, prática e concisa, não um discurso nem aula catequética, mas aplicação simples dos valores do reino à vida humana, numa linguagem sempre de índole familiar. A profissão de fé que se segue é uma profissão objetiva e simbólica, finda a qual se seguem as preces então comunitárias, que, segundo a liturgia, se fazem no exercício do sacerdócio cristão pelos fiéis."

As instruções do Missal Romano no nº 20 orienta que: "A posição comum do corpo, que todos os participantes devem observar, é sinal da comunidade e da unidade da assembléia, pois exprime e estimula os pensamentos e sentimentos dos participantes". "Destaca também a necessidade de se observar o silêncio sagrado (Cf. n.º 23)."

"São nossas também, as atitudes da oração: 1- A posição de pé - estar de pé, ereto, é uma atitude que indica dignidade. Só o homem fica de pé; o animal rasteja. Indica também liberdade, porque o escravo ficava de joelhos. Significa também que estamos atentos. Quem está de pé está preparado e pode ir imediatamente daqui para lá. Pode cumprir sem demora um encargo. É o respeito do servidor atento, do soldado decidido. 2- A posição sentada - é a atitude de quem se concentra para escutar e receber com calma. O Evangelho mostra-nos Maria, irmã de Marta, aos pés de Cristo (Lc 10,39); e também o próprio Jesus, entre os doutores da lei (Lc 2,46). É a atitude mais conveniente para ouvir as leituras e até para certos cantos mais meditativos. 3- A posição de joelhos – é a atitude do pecador que coloca-se diante da infinita santidade de Deus e exprime bem a nossa indignidade e miséria em face da imensa majestade e grandeza do Senhor. É a atitude preferida para a oração individual (At 7,59). São Paulo fala em "dobrar os joelhos diante do Pai" (Ef 3,14). A genuflexão individual que fazemos é uma expressão dos nossos sentimentos de adoração diante de Deus. 4- Caminhar em procissão - há procissões de entrada, do Evangelho, da apresentação das oferendas, da comunhão etc. Na Igreja não é como na rua. Caminhamos na presença de Deus para nos aproximarmos dEle juntamente com outros irmãos, aos quais nos devemos acomodar pela caridade. É um caminhar lento, ordenado e acompanhado de canto. Lembra a caminhada do Povo de Deus em direção à Terra Prometida e a marcha da Igreja através do deserto deste mundo em direção ao céu."

"Há também diversos gestos na oração: 1- O principal deles é o sinal da cruz - é o nosso distintivo de cristão e marca todos os momentos da nossa vida. Exprime os maiores mistérios da fé: Santíssima Trindade e redenção de Cristo pela cruz. Benzer-se com água benta é sinal de renovação das promessas do Batismo. 2- Há outros gestos, como incensação que simboliza oração e honra, o beijo dado no livro da Palavra de Deus, é um sinal de respeito; o aperto de mão ou abraço fraterno, é sinal de amor e reconciliação; elevar as mãos é sinal de oração; mãos juntas é sinal de recolhimento." (Dom Eugênio Sales).

Para refletir:

Amigo(a) ouvinte, você observa em sua comunidade paroquial uma consciência do valor dos gestos e atitudes de oração?

Peçamos ao Senhor, nosso Deus, que nos faça esperar diligentes a vinda de Seu Filho. Que Ele ao chegar, nos encontre vigilantes na oração e proclamando o seu louvor. Amém! (cf. Oração da 2ª feira 1ª semana do advento).

CIC § 1155

Inseparáveis enquanto sinais e ensinamento, a palavra e a ação litúrgicas são indissociáveis também enquanto realizam o que significam. O Espírito Santo não somente dá a compreensão da Palavra de Deus suscitando a fé; pelos sacramentos ele realiza também as “maravilhas” de Deus anunciadas pela palavra: torna presente e comunica a obra do Pai realizada pelo Filho bem-amado.

O último Concílio nos mostra que "É uma das características mais essenciais do culto cristão que não haja nenhuma ação litúrgica importante sem que a Palavra de Deus aí seja proclamada e, antes de tudo, pela leitura da Sagrada Escritura". "Na liturgia Deus fala a seu povo. Cristo ainda anuncia o Evangelho. E o povo responde a Deus, ora com cânticos, ora com orações". (SC 33)

E ainda que "Na celebração litúrgica é máxima a importância da sagrada escritura. Pois dela são lidas as lições e explicadas na homilia e cantam-se os salmos. É de sua inspiração que surgiram as preces, orações e livros litúrgicos. E é dela também que os atos e sinais tomam a sua significação. " (SC 24)

É preciso participarmos das celebrações litúrgicas com respeito, amor, atenção. "O silêncio interior é o ponto de encontro da (nossa) alma com Deus. (Meu irmão e irmã), enquanto o homem se dispersar e esbanjar o seu eu no ruído, na pressa e na vaidade, não poderá encontrar Deus. É necessário que (o homem) se concentre e se recolha para que possa 'esperar no silencio a salvação de Deus' (Lm 3,26)". “Cristo está sempre presente em sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. Presente está pela sua Palavra, pois é ele mesmo que fala quando se lêem as Escrituras na Igreja. Está presente finalmente quando a Igreja ora salmodia, ele que prometeu: 'onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles' (Mt 18,20)." (SC 7).

Para refletir:

Amigo(a) ouvinte, “encontramos, na narrativa da ressurreição do Senhor, um pequeno pormenor cheio de delicadeza; o lençol do ressuscitado estava dobrado (Jo 20,6-7). Alí, vemos um símbolo da calma que envolve todas as obras de Deus”. A pressa nos é prejudicial, pois, quando mobilizamos exteriormente as nossas energias, empobrecemos interiormente. Além disso, a pressa é contagiosa. Em nossas celebrações, a calma e o desenvolver-se sereno e harmonioso das palavras e gestos deve ser sempre preservado. Isso não é fácil! Para isso, é necessário um treino a longo prazo no silêncio interior aprendendo a dominar a inquietação que é devida, muitas vezes, a uma sensibilidade desordenada.

Meu irmão e irmã catequista, faz parte da catequese esclarecer o sentido dos gestos e ações litúrgicas, para que a participação na santa liturgia seja sempre mais consciente. Igualmente a explicação das palavras e expressões ajudará as pessoas a uma participação mais consciente. Entre as aclamações que são utilizadas com mais freqüência temos: Amém - é uma palavra que significa a nossa plena adesão, o "sim mais sincero e completo. É o nosso de acordo às palavras que o celebrante pronuncia em nosso nome. Aleluia - é outra palavra que significa: "louvai a Deus com alegria." É uma exclamação de admiração, de exultação, de triunfo. Hosana - é ainda uma palavra hebraica que eqüivale ao nosso viva! Graças a Deus e glória a vós, Senhor. São expressões de reconhecimento e alegria, usadas sobretudo quando Deus nos dirige a sua palavra.

Querido irmão e irmã, que as palavras da Escritura estejam sempre em nossos lábios, para que, meditando-as dia e noite, nos esforcemos para realizar tudo aquilo que ensinam, e terá sentido e valor a nossa vida. (Js 1,8)

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança