Muitas vezes Jesus pede aos enfermos que creiam [cf. Mc 5,34-36; 9,23] . Serve-se de sinais para curar: saliva e imposição das mãos [cf. Mc 7,32-36; 8,22-25] , lama e ablução [cf. Jo 9,6-15] . Os doentes procuram tocá-lo [cf. Mc 3,10; 6,56] , “porque dele saía uma força que a todos curava” (Lc 6,19). Também nos sacramentos Cristo continua a nos “tocar” para nos curar.
Reflexão: Como percebemos, há nos Evangelhos uma longa série de textos, em que o chamamento à fé aparece como um pré-requisito indispensável para os milagres de Cristo. "Os 'milagres e sinais' que Jesus fazia estão ordenados e intimamente relacionados com o chamamento à fé. Este chamamento em relação ao milagre tem duas formas: a fé [antecede] o milagre, antes, é condição para que ele se realize. A fé constitui um efeito do milagre, porque é provocada por ele na alma daqueles que o receberam, ou foram testemunhas dele. Em Marcos lemos que Jesus de Nazaré 'não pode ali fazer milagre algum. Apenas curar alguns enfermos, impondo-lhes as mãos, estava admirado com a falta de fé daquela gente' (Mc 6,5-6).
Jesus diz: 'A tua fé te salvou', á mulher que padecia de hemorragia há doze anos e que, aproximando-se d'Ele por trás, lhe tocou na orla do manto e ficou curada" (cf. Mc 5,34). (cf. João Paulo II - L'Osservatore Romano de 20-12-87).
Também "os sacramentos da Igreja são sacramentos da fé, isto é, supõem a fé, sem a qual eles não têm propósito. É, pois, necessário que, ao instruir os fiéis a respeito da UE, os sacerdotes, diáconos, os catequistas e todo o povo de Deus, acentuem que se trata de um encontro do homem de fé com Deus em Cristo, encontro que exige da parte do enfermo uma atitude pessoal, consciente e livre.
Donde se vê que não se devem ungir, sem mais, os enfermos inconscientes como se o sacramento tivesse atuação mágica ou produzisse os seus efeitos independentemente das disposições do destinatário. Dado que uma pessoa gravemente enferma tenha levado vida avessa a Deus, sem mostrar interesse pelos valores da fé, não parece oportuno administrar-lhe o sacramento a menos que tal pessoa o peça ou dê algum sinal (ainda que vago) de querer aproximar-se de Deus.
Se não puder administrar a UE por falta de requisito da fé, o sacerdote [poderá] recomendar a Deus o paciente mediante orações à sua cabeceira com a participação (se possível) dos que estão presentes; explicará a estes o porque de sua atitude cautelosa, a fim de evitar escândalo, enfatizando que os ritos sagrados supõe fé explícita ou, ao menos, implicita e indiretamente manifestada" (Escola Mater Ecclesiae, Curso por correspondência sobre os sacramentos, pág. 178, Dom Estévão Bettencourt).
Para refletir: Amigo ouvinte, como acabamos de ver, “o fator fé é indispensável, mas assim que acontece, o coração de Jesus é propenso a satisfazer os pedidos dos necessitados que se dirigem a Ele para que os socorra com o seu poder divino" (João Paulo II - L‘Osservatore Romano de 20-l2-87).
Deus sempre nos atende. Às vezes Ele diz sim outras diz não e também pode dizer ainda não. Qualquer que seja a resposta devemos ver nela o seu infinito amor que sabe o que é melhor para nós. Creiamos e confiemos na sua infinita misericórdia.