Liturgia de 13 de fevereiro de 2024

TERÇA-FEIRA DA VI SEMANA DO TEMPO COMUM

 (verde - ofício do dia)

 

Antífona da entrada

- Sede para mim um Deus protetor e um lugar de refúgio, para me salvar. Porque sois minha força e meu refúgio e, por causa do vosso nome, me guiais e sustentais (Sl 30,3s).

 

Coleta

- Ó Deus, que prometeis permanecer nos corações sinceros e retos e sinceros, concedei-nos, por vossa graça, viver de tal maneira, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e conosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

 

1ª Leitura: Tg 1,12-18

- Leitura da carta de são Tiago: 12Feliz o homem que suporta a provação. Porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu àqueles que o amam. 13Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: “É Deus que me está tentando”, pois Deus não pode ser tentado pelo mal e tampouco ele tenta a ninguém. 14Antes, cada qual é tentado por sua própria concupiscência, que o arrasta e seduz. 15Em seguida, a concupiscência concebe o pecado e o dá à luz, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. 16Meus queridos irmãos, não vos enganeis. 17Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem sombra de variação. 18De livre vontade ele nos gerou, pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 94,12-13a,14-15,18-19 (R: 12a)

 

- Bem-aventurado é aquele a quem ensinais vossa lei!
R: Bem-aventurado é aquele a quem ensinais vossa lei!


- É feliz, ó Senhor, quem formais e educais nos caminhos da Lei, para dar-lhe um alívio na angústia.

R: Bem-aventurado é aquele a quem ensinais vossa lei!


- O Senhor não rejeita o seu povo e não pode esquecer sua herança: voltarão a juízo as sentenças; quem é reto andará na justiça.

R: Bem-aventurado é aquele a quem ensinais vossa lei!


- Quando eu penso: “Estou quase caindo!” Vosso amor me sustenta, Senhor! Quando o meu coração se angustia, consolais e alegrais minha alma.

R: Bem-aventurado é aquele a quem ensinais vossa lei!

 

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Quem me ama, realmente, guardará minha Palavra e meu Pai o amará, e a ele nós viremos (Jo 14,2).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 8,14-21


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.

- Glória a vós, Senhor!

 

- Naquele tempo, 14os discípulos tinham se esquecido de levar pães. Tinham consigo na barca apenas um pão. 15Então Jesus os advertiu: "Prestai atenção e tomai cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes". 16Os discípulos diziam entre si: "É porque não temos pão". 17Mas Jesus percebeu e perguntou-lhes: "Por que discutis sobre a falta de pão? Ainda não entendeis e nem compreendeis? Vós tendes o coração endurecido? 18Tendo olhos, não vedes, e tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais 19de quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas? Quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços?" Eles responderam: "Doze". 20Jesus perguntou: E quando reparti sete pães com quatro mil pessoas, quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços? Eles responderam: "Sete." 21Jesus disse: "E ainda não compreendeis?"

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

Liturgia comentada

Cuidado com o fermento! (Mc 8,14-21)

O povo hebreu sempre teve extremo cuidado com o fermento. Os preparativos para a celebração da Páscoa judaica incluíam a eliminação de qualquer resto de fermento velho do interior da casa (cf. Ex 12,19). Qualquer falta a este preceito seria gravemente punida. Somente no Novo Testamento, Jesus Cristo iria falar do fermento como algo positivo, usando-o como sugestiva imagem do crescimento oculto, subterrâneo, mas inevitável, do crescimento do Reino de Deus.

 

Na mentalidade judaica, o “fermento” geralmente representava a má inclinação para a idolatria ou mesmo um foco de divisão, discórdias e fofocas no interior da comunidade. Se, por um lado, os pães á-zimos (não fermentados) são o símbolo da pureza, o fermento traz a ideia de corrupção interior, um agente de transformação da massa para pior, agindo disfarçadamente em seu íntimo.

 

O mesmo contraste entre pureza (exterior) e impureza (interior) pode ser percebido na imagem utilizada por Jesus ao se referir aos fariseus: sepulcros caiados (cf. Mt 23,27). Por fora, a brancura da cal; por dentro, o cadáver putrefato. Em outros termos, ele denuncia a hipocrisia deles.

 

Para Jesus, “desconfiar do fermento” dos fariseus significa manter-se a salvo de uma doutrina que desfigura a verdadeira Lei de Deus e se torna uma ameaça para a fé. Em suas cartas, Paulo também adverte: “Um pouco de fermento levada toda a massa” (5,9), deixando-os fiéis em alerta contra os desvios doutrinários. O apóstolo insiste neste ponto em 1Cor 5,6ss: “Celebremos, portanto, a festa, não com o velho fermento, nem com fermento de malícia e perversidade, mas com pães ázimos: na pureza e na verdade”.

 

Haveria entre os primeiros discípulos alguma discussão sobre as diferenças entre o ensinamento de Jesus e as teses defendidas pelos fariseus? Afinal, não eram estes os mais “religiosos” entre os judeus? O alerta de Jesus pode ter sido uma reação à sedução exercida pelo ensino “oficial” daquele tempo.

 

Para Hébert Roux, os apóstolos entendem a observação de Jesus sobre o fermento como uma repreensão por estarem sem pães, o que seria sinal de que eles – mesmo depois de duas multiplicações dos pães! – continuam inquietos a respeito de sua sobrevivência. Indícios de uma fé ainda em crescimento, o que certamente iria justificar a atitude deles nos episódios da Paixão de Cristo.

 

Nosso tempo está cheio de fermentos perigosos: filósofos, sábios, especialistas em “coaching”, pseudoprofetas, além de antigas tradições que aniquilam a verdadeira Palavra e anestesiam pessoas e grupos diante dos apelos de Deus.

 

Orai sem cessar:Ó Deus, cria em mim um coração puro!” (Sl 51,12)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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