Nos primeiros séculos, a Confirmação constitui em geral uma só celebração com o Batismo, formando com este, segundo a expressão de São Cipriano, um “sacramento duplo [Cf. S. Cipriano, Epistula 73,21: CSEL 3/2,795(PL 3,1169)] ”. Entre outros motivos, a multiplicação dos batizados de crianças e isto ao longo do ano todo e a multiplicação das paróquias (rurais), (multiplicação) que amplia as dioceses, não permitem mais a presença do Bispo em todas as celebrações batismais. No Ocidente, visto que se deseja reservar ao Bispo a complementação do Batismo, se instaura a separação dos dois sacramentos em dois momentos distintos. O Oriente manteve juntos os dois sacramentos, tanto que a Confirmação é ministrada pelo presbítero que batiza. Todavia, este não o pode fazer senão com o “mýron” consagrado por um Bispo [Cf. CCEO, cân. 695,1; 696,1].
"A cerimônia da iniciação cristã, era reservada ao Bispo, pois este como chefe visível de cada comunidade, era a pessoa indicada para receber novos membros na Igreja. Aconteceu, porém, que o número de conversões foi aumentando, especialmente após a paz de Constantino (313); o cristianismo foi penetrando cada vez mais nas regiões rurais, constituindo comunidades (paroquais), à frente das quais estavam presbíteros. Em consequência, foi preciso multiplicar as cerimônias de inciação cristã; aos presbíteros foi concedido batizar tantas vezes quantas fossem necessário; mas a Confirmação ficou, no Ocidente, reservada aos bispos; os neófitos deviam procurar a igreja catedral (sede do Bispo e da diocese) para receberem a imposição das mãos e a unção que comunicavam o Espírito Santo de maneira consumada.
A separação de Batismo e Confirmação tornou-se ainda mais frequente, a ponto de vir a ser uma norma, quando se multiplicaram os batizados de crianças. Estas eram batizadas pouco dias depois de nascer e sem catequese (pois o Batismo é um nascer, válido antes que a criança o conheça). A aprendizagem da doutrina da fé foi então deixada para a época da preparação para a Confirmação e a Primeira Eucaristia. Assim o rito da iniciação cristã que compreendia os três sacramentos, foi retalhado no Ocidente ao se tratar de crianças (para os adultos, conserva-se a praxe de ministrar numa única cerimônia o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia).
No Oriente, a Crisma continua unida ao Batismo até nossos dias. O seu rito principal é o da unção. Vem ministrada pelo próprio presbítero logo após o Batismo" (Escola Matter Ecclesiae, Curso sobre os sacramentos por correspondência, Dom Estévão Bettencourt, pág. 80).
CIC § 1291
Um costume da Igreja de Roma facilitou o desenvolvimento da prática ocidental graças a uma dupla unção com o santo crisma depois do Batismo: realizada já pelo presbítero sobre o neófito, ao sair este do banho batismal, ela é terminada por uma segunda unção, feita pelo Bispo na fronte de cada um dos novos batizados [Cf. Sto. Hipólito, Trad. ap. 21] . A primeira unção com o santo crisma, a que é dada pelo presbítero, permaneceu ligada ao rito batismal; ela significa a participação do batizado nas funções profética, sacerdotal e régia de Cristo. Se o Batismo é conferido a um adulto, há uma só unção pós-batismal, a da Confirmação.
Com outras palavras: "O sacramento da Crisma é a consolidação pentecostal do Batismo; é a consumação do Batismo. Isto vem indicado pelo próprio rito batismal, pois no fim da cerimônia batismal o neófito é ungido com o óleo do Crisma, unção esta que ainda não é o sacramento da Crisma. Assim, embora seja um sacramento próprio, a Crisma fica intimamente vinculada ao sacramento do Batismo, como também ao da Eucaristia, constituindo a tríade dos sacramentos da iniciação cristã." (Escola Matter Ecclesiae, Curso sobre os sacramentos por correspondência, Dom Estévão Bettencourt, pág. 77).
Este sacramento é a segunda unção no Espírito Santo; e segunda unção com o óleo do crisma.
Sacerdotes e reis antigamente eram ungidos com óleo. A primeira unção do batizando na testa com o óleo do Crisma, significa que ele de agora em diante participa do profetismo, sacerdócio e realeza de Cristo.
"O sacramento da Crisma confere o Espírito Santo muito especialmente para que o cristão se lance no mundo como arauto da Palavra ou como evangelizador ou ainda como Profeta não para predizer o futuro, mas para apregoar a Boa-Nova no tempo presente."
"Acrisma confirma ainda na participação do sacerdócio de Cristo, já outorgada pelo Batismo, habilitando-o a oferecer, sob a presidência do ministro ordenado, o santo sacrifício da Missa e o culto divino em geral."
"Participar na função régia de Cristo não significa dominar nem conquistar, mas colaborar para organizar a Igreja e o mundo segundo os desígnios de Deus. Todo fiel católico tem a obrigação e contribuir para a construção do Reino de Deus." (Escola Matter Ecclesiae, Curso sobre os sacramentos por correspondência, Dom Estévão Bettencourt, pág. 85 e 86).
CIC § 1292
A prática da Igreja do Oriente sublinha mais a unidade da iniciação cristã. A da Igreja latina exprime mais nitidamente a comunhão do novo cristão com seu Bispo, garante e servo da unidade de sua Igreja, de sua catolicidade e de sua apostolicidade, e, com isto, o vínculo com as origens apostólicas da Igreja de Cristo.
Aqui o Catecismo é bem objetivo. Desejo somente sublinhar que a Igreja do Oriente manteve juntos os sacramentos, para destacar a unidade da iniciação cristã. Já a Igreja latina exprime mais nitidamente a comunhão do novo cristão com seu Bispo, e com isso o vínculo com as origens apostólicas da Igreja de Cristo. Por esse motivo prezado ouvinte, é que nós somos Confirmados ou Crismados pelo Bispo, que é o sucessor dos Apóstolos e servo da Unidade da Igreja.
Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança