A enfermidade pode levar a pessoa à angústia, a fechar-se sobre si mesma e, às vezes, ao desespero e à revolta contra Deus. Mas também pode tornar a pessoa mais madura, ajudá-la a discernir em sua vida o que não é essencial, para voltar-se àquilo que é essencial. Não raro, a doença provoca uma busca de Deus, um retorno a Ele.
Reflexão: Sem um olhar iluminado pela fé, não é fácil a gente entender por que existe a enfermidade, e a doença às vezes incurável. Mais difícil ainda é aceitá-las. Muitas pessoas (e famílias) se revoltam diante do sofrimento. Alguns se desesperam, desejam a morte, não acreditam mais em Deus. Sobretudo quando a enfermidade toma conta de pessoas boas, de crianças inocentes e indefesas, ou de pobres que não têm com que se curar. É preciso colocarmos fé diante do mistério da dor.
Na Bíblia encontramos exemplos de sofrimentos do início ao fim, e há muitas tentativas de explicar a dor. Em Atos dos Apóstolos (14,22b), São Lucas nos diz que: "É preciso passar por muitas tribulações para entrar no reino de Deus". E nós nos perguntamos se isso vale sempre, se é condição indispensável, ou seja, gostaríamos de saber se não há um caminho alternativo para entrarmos no Reino.
O texto de Colossenses diz que: "Eu me alegro de sofrer por vocês, pois vou completando em minha carne o que falta nas tribulações de Cristo, a favor do seu corpo, que é a Igreja" (1,24).
Jamais devemos aceitar ou crer que o sofrimento seja castigo de Deus. "A doença é na verdade uma cruz, cruz por vezes bem pesada, provação que Deus permite na vida de uma pessoa, dentro do mistério insondável de um desígnio que foge a nossa capacidade de compreensão. Não deve ser olhada como uma punição, não é algo que aniquila sem deixar nada de positivo. Ao contrario, ainda quando pesa sobre o corpo, a cruz da doença carregada em comunhão com a de Cristo se torna também fonte de salvação, de vida ou de ressurreição para o próprio doente e para os outros, para a humanidade inteira. Como o apóstolo Paulo o doente pode dizer que completa em seu corpo o que falta à paixão de Cristo em beneficio da Igreja (Cf. Cl 1,24). Vista sobre essa luz a doença, mesmo dolorosa e humanamente mortificante, traz consigo sementes e motivo de reconforto" (cf. João Paulo II - Belém 08/07/80).
O sofrimento não se explica. Certamente a melhor atitude seja a de ver Deus presente no sofredor e solidarizar-se (Mt 25,31-46). A doença pode abrir o enfermo à conversão e à esperança e convidar os demais à solidariedade.
Procuremos consolar nossos doentes sendo pacientes e caridosos no trato com eles. Rezemos com eles e procuremos alegrar seus corações com o sentido vitorioso da cruz e a esperança na vida eterna. "Rezemos a Deus, que é o único apoio da fraqueza humana, que Ele mostre o Seu poder em nossos doentes, a fim de que, restabelecidos por Sua misericórdia possam freqüentar de novo a Sua Igreja" (Citação livre da Oração depois da comunhão - Missa pelos doentes).