Graças à presença sacramental de Cristo sob cada uma das espécies, a comunhão somente sob a espécie do pão permite receber todo o fruto de graça da Eucaristia. Por motivos pastorais, esta maneira de comungar estabeleceu-se legitimamente como a mais habitual no rito latino. “A santa comunhão realiza-se mais plenamente sob sua forma de sinal quando se faz sob as duas espécies. Pois sob esta forma o sinal do banquete eucarístico é mais plenamente realçado [IGMR 240] .” Nos ritos orientais, esta é a forma habitual de comungar.
"Até hoje a Comunhão é distribuida sob as duas espécies (aparência) em todos os ritos orientais. No Ocidente ela o foi até o século XI inclusive. No século XII começou o costume de só a distribuir sob a aparência do pão. O motivo desta mudança eram: preocupações higiênicas, abusos ou [desrespeito] e profanações ocorrentes na entrega do preciosíssimo Sangue. [A distribuição do Vinho consagrado nem sempre é fácil, especialmente quando há grande multidão, e isso pode gerar profanação do Vinho sagrado, havendo derramamento do mesmo.] Os teólogos da época, afirmavam com grande argumentação que Cristo está todo presente sob qualquer uma das duas espécies (o que é verdade), de modo que os fiéis, recebendo apenas o pão consagrado, recebem o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Jesus Cristo. Assim, tanto sob a espécie do pão como sob a espécie do vinho está presente o Cristo integral, inteiro: Corpo, Sangue, Alma e divindade. Assim se aboliu a Comunhão sob a espécie de vinho e [de um modo geral, a Igreja optou pela comunhão apenas no Pão consagrado.]
[Mas,] o Concílio do Vaticano II reconheceu a legitimidade da prática antiga, reservando à Santa Sé a determinação dos casos em que possa ocorrer, e confiando aos Bispos o juízo sobre a oportunidade concreta desse uso. [As IGMR continua deixando subentendido que a comunhão sob duas espécies é possível, se for pastoralmente aconselhável, e tudo sob a responsabilidade do Bispo ou do pároco. Também, para que a distribuição da comunhão nessa forma não se torne difícil devido ao grande número de fiéis participantes. É importante destacar que a comunhão em duas espécies é sempre recebida na boca.] Em consequência, a Comunhão sob as duas espécies está liberada em quase todas as dioceses nas datas e ocasiões indicadas pela autoridade." (Cf. Curso sobre os Sacramentos por correspondência, Escola Mater Ecclesiae, pág. 120, Dom Estévão Bettencourt).
Veja que a orientação oficial da nossa Igreja com relação à comunhão em duas espécies é de que ela realiza mais plenamente a comunhão com o Senhor.