AUTORIA – Pe. Fernando Pascual, LC[1]
TRADUÇÃO LIVRE – Ammá Maria Ângela de Melo Nicolleti
FONTE – www.es.catholic.net
Muitos esposos católicos usam anticoncepcionais. Ao agirem assim, com maior ou menor consciência, vão contra a doutrina da Igreja, exposta em diversos documentos, sobretudo na Encíclica "Humanae Vitae", do Papa Paulo VI (1968).
Segundo nos ensina a moral católica, é imoral o uso de métodos anticonceptivos pelo fato de que alteram a natureza e o sentido próprio do ato conjugal, um ato que deveria ser expressão do amor entre os esposos aberto à chegada dos filhos que Deus pode enviar.
Por que tantos católicos não aceitam esse ensinamento? Podem-se dar respostas melhores ou piores, segundo a perspectiva que se adote para analisar esta situação.
Alguns farão uma análise em chave sociológica: em muitos países, a maioria da população aceita como "normal" o uso dos anticonceptivos, e os católicos se ajustam e se acomodam à mentalidade dominante.
Outros falariam de motivos econômicos: os esposos, em seus primeiros anos de matrimônio, costumam se ver apurados pela falta de dinheiro. Sentem a pressão de ter que pagar a casa e manter um nível de vida "aceitável". Pela mesma razão, os dois trabalham. Nessa situação, pensar num filho parece impossível, e recorrem aos métodos anticonceptivos "mais seguros".
Outros, assinalarão causas psicológicas: os casais costumam desejar os primeiro anos de matrimônio sem as angústias e as responsabilidades que surgem com o nascimento de cada filho. Ou preferem amadurecer e solidificar a relação de casal. Ou buscam viver a beleza dos primeiros meses de recém casados com mais tranqüilidade e sem um filho "precoce" que altere completamente a convivência conjugal.
Porém, é importante não esquecer as causas mais profundas deste fato. A primeira se enraíza, em muitos casos, num desconhecimento do ensinamento católico e dos motivos da mesma. Isso ocorre porque os jovens não receberam uma catequese completa sobre o assunto, ou porque nunca se lhes é ensinado que o uso de anticonceptivos é pecado mortal, ou porque, depois de haver escutado uma boa explicação, optaram por rejeitá-la.
Desgraçadamente, não faltam casos de agentes pastorais, ou inclusive sacerdotes, que não ensinam a verdadeira doutrina católica sobre este tema, e, assim, confundem, desorientam e enganam os fiéis. Diante desta situação, há que se renovar a oração a Deus para que envie à Sua Igreja santos sacerdotes e para que os próprios
[1] É sacerdote da Congregação dos Legionários de Cristo. Nasceu em Barcelona (Espanha), em 1961. É doutor em Filosofia.
Católicos saibam distinguir o que é a boa doutrina e o que é essa opinião errônea de quem já não vive na verdade da fé que deveria professar.
Outra causa profunda está na falta de fé e esperança. Quando há fé em Cristo e na Igreja, quando os corações se põem nas mãos de Deus, o ensinamento moral da Igreja é vivida com seriedade, a partir de convicções alegres: Deus, se pedir algo, é para nosso bem e nos ajudará a assumir plenamente o ensinamento moral que é parte da nossa coerência cristã.
Uma terceira causa, muito relacionada com a anterior, esconde-se no medo. Para alguns, a chegada do filho é considerada como um drama, algo que cria insegurança, problemas, vacilos. Em troca, quem confia, quem compreende o maravilhoso que é colaborar com o Pai na transmissão da vida, pode não somente superar esses medos, mas alegrar-se profundamente cada vez que inicia uma nova gravidez e há que se reorganizar toda a vida familiar para acolher da melhor maneira possível o recém chegado.
As famílias católicas podem fazer muito para educar as crianças e os jovens no autêntico espírito cristão que leva a se abrir à chegada da vida. Graças a Deus, é possível encontrar lares que estão abertos à vida, abertos ao amor, abertos à Igreja, abertos a Deus.
Nesses lares, se Deus assim o quiser, o amor dos esposos chega a ser abençoado pela chegada de filhos. Serão poucos ou muitos, não importa. O que, sim, importa é que cada um seja amado por si mesmo, e que sua chegada tenha sido possível porque os esposos, sem usar artifícios nem anticoncepcionais, com uma paternidade autenticamente responsável e cheia de esperança, souberam se amar e se dar por completo entre si.
Vivem assim a fecundidade esponsal que é "o fruto e o sinal do amor conjugal, o testemunho vivo da entrega plena e recíproca dos esposos" (João Paulo II, "Familiaris Consortio", 28). Essa fecundidade explica a existência de milhões e milhões de filhos, que recebemos o amor de Deus a partir da generosidade alegre de alguns pais que se amam e nos amam.