Na contramão

AUTORIA – Pe. Oscar Pezzarini[1]
TRADUÇÃO LIVRE – Ammá Maria Ângela de Melo Nicolleti
FONTE – www.es.catholic.net

É a sensação que experimentamos, às vezes, quando procuramos viver praticando aqueles valores que nos foram inculcados desde pequenos, seja na família como na escola, ou nos próprios ambientes onde cresceram.

Parece-nos estarmos como que “deslocados” neste mundo, como que andando na “contramão”, como que estando num mundo que já não é o “nosso”.

Diante da diversidade de costumes e atitudes que foram mudando, fica, em muitos, a sensação de que, ao que parece, “não há mais remédio” senão aceitar esta situação. Sem dúvida, percebemos que a vida da maioria tem melhorado. Também não é questão de se estar permanentemente “lamentando” os tempos passados como se, de fato, tivessem sido, na verdade, os melhores.

Creio que o mais lamentável é que vamos nos acostumando com que “as coisas são assim” e que não se pode fazer nada.

Estamos numa fase em que permitimos que o que está no terreno moral, por exemplo, e debaixo do pensamento de que “é o mundo moderno”, e terminamos aceitando qualquer realidade que se nos apresente e sugere, e vendo e aceitando como “normal” qualquer tipo de atitudes que antes repudiávamos e até condenávamos.

Se entrarmos no terreno da família, é verdade que mudaram e para melhor muitas atitudes nas relações pais-filhos, porém, nem sempre para poder dialogar mais de perto, compartilhar momentos, mas vai-se chegando a uma desnaturalização do lugar e responsabilidade de cada um, que não ajudam no desenvolvimento e crescimento das crianças.

Se falarmos no plano da educação, a falta de transmissão e exercício dos valores profundos, próprios do ser humano, faz com que não se possa crescer e avançar naquilo que é o respeito entre as pessoas, o sentido de autoridade como sendo aquilo que ajuda a que o outro cresça e sem a qual, muitas vezes, até se chega a confundir os papéis de cada um.

Nem falemos do "vocabulário" que se utiliza em determinados lugares e ambientes onde deveriam nos ensinar a nos expressar corretamente como sinal do respeito entre nós.

E, se falarmos de questões da fé, bem! Se bem que sempre a mensagem de Jesus tenha ido contra a corrente, nos damos conta de que agora o está cada vez mais.

É verdade e devemos entender que é normal que o mundo mude, que possam evoluir alguns costumes, algumas formas de linguagem, etc. Porém, o surpreendente é que, quando essas mudanças não são positivas, não é para que vivamos e sejamos melhores, os que desejam viver desenvolvendo os profundos valores do homem terminam sendo os "mal olhados" e "deslocados" diante de uma sociedade que parece se resignar a que tudo tem que ser irremediavelmente assim.

[1] Superior Provincial da Obra Dom Orione na Argentina, no Paraguai, Uruguai e México.