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Liturgia de 10 de abril de 2018

TERÇA FEIRA DA II SEMANA DA PÁSCOA
(branco - ofício do dia)

Antífona da entrada

- Alegremo-nos, exultemos e demos glória a Deus, porque o Senhor todo-poderoso tomou posse do seu reino, aleluia! (Ap 19,7.6)

Oração do dia

- Fazei-nos, ó Deus todo-poderoso, proclamar o poder de Cristo ressuscitado, e, tendo recebido as primícias dos seus dons, consigamos possuí-los em plenitude. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: At 4,32-37


- Leitura dos Atos do Apóstolos - 32A multidão era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. 33Com grandes sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E os fiéis eram estimados por todos. 34Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas, vendiam-nas, levavam o dinheiro, 35e o colocavam aos pés dos apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessidade de cada um. 36José, chamado pelos apóstolos de Barnabé, que significa filho da consolação, levita e natural de Chipre, 37possuía um campo. Vendeu e foi depositar o dinheiro aos pés dos apóstolos.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 93,1ab.1c-2.5 (R: 1a)

- Reina o Senhor, revestiu-se de esplendor.

R: Reina o Senhor, revestiu-se de esplendor.

 

- Deus é Rei e se vestiu de majestade, revestiu-se de poder e de esplendor!

R: Reina o Senhor, revestiu-se de esplendor.

 

- Vós firmastes o universo inabalável, vós firmastes vosso trono desde a origem, desde sempre, ó Senhor, vós existis!

R: Reina o Senhor, revestiu-se de esplendor.

 

- Verdadeiros são os vossos testemunhos, refulge a santidade em vossa casa, pelos séculos dos séculos, Senhor!

R: Reina o Senhor, revestiu-se de esplendor.

Aclamação ao santo Evangelho.

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- O Filho do homem há de ser levantado, para que quem nele crer possua a vida eterna. (Jo 3, 14).

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 3, 7-15


 - O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.

- Glória a vós, Senhor!

- Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 7b“Vós deveis nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”. 9Nicodemos perguntou: “Co­mo é que isso pode acontecer?” 10Respondeu-lhe Jesus: “Tu és mestre em Israel, mas não sabes estas coisas? 11Em verdade, em verdade, te digo, nós falamos daquilo que sabemos e damos testemunho daquilo que temos visto, mas vós não aceitais o nosso testemunho. 12Se não acre­ditais, quando vos falo das coisas da terra, como acreditareis se vos falar das coisas do céu? 13E ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna”.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

Liturgia comentada
O Vento sopra onde quer... (Jo 3,7b-15)

Desde os primórdios de sua história, os homens sempre sonharam com uma liberdade sem limites. Sonhos de autodeterminação. Ilusões de onipotência. Desde a Queda das origens (cf. Gn 3), a tentação de escolher, determinar seu próprio caminho, fabricar sua própria lei, seduziu as pobres criaturas. Ainda que esse impulso acabasse em usurpação e autolatria... Ser como deuses (cf. Gn 3,5)...

Quando mais “ilustrado” o homem, quanto mais ele se apoia em sua própria sabedoria, quanto mais ele valoriza seus estudos, tanto maior será o risco da soberba que se recusa a ser guiada por outra Vontade. É a sina dos rebeldes, dos revolucionários e... dos loucos.

Neste Evangelho, temos um diálogo apaixonante entre Jesus, o aprendiz de carpinteiro, e Nicodemos, um mestre em Israel (cf. Jo 3,10). Ele se aproxima de Jesus no meio da noite. Por medo dos amigos fariseus – pensam uns... Para não ser interrompido por ninguém – entendo eu. Nicodemos abre a conversa partindo dos “sinais” dados por Jesus, os milagres cuja fama se espalhara pelo país. Jesus retruca em outra direção: a necessidade de “nascer do alto”, ou seja, de experimentar uma renovação interior que só ocorre como graça de Deus.

Um sábio, como Nicodemos, pretenderá sempre acomodar a realidade a seus conceitos e princípios, o que lhe permite controlar a situação e determinar seu próprio caminho. Jesus aponta em outra direção: só Deus é livre. Seu Vento – o Espírito Santo [spiritus / pneuma / ruah] sopra onde quer. Ou seja, é Deus quem toma a iniciativa. Nós somos sempre um segundo momento, a oportunidade da escuta e da resposta. Da acolhida e da obediência. Da abertura à novidade que o Espírito nos oferece.

Mas isto é muito arriscado. Não ter um motor próprio. Não seguir meu próprio mapa. Aceitar um mergulho no espaço, dotado apenas de uma asa-delta, mas à mercê do Vento que – somente Ele! – poderá determinar meu rumo e direção. Aonde chegarei? Que surpresas esperam por mim? Posso me entregar ao desconhecido?

A resposta está na vida dos santos. Na missão extraordinária de um Paulo apóstolo. No serviço fraterno aos leprosos de um Damião de Veuster. Na dedicação aos pobres de Teresa de Calcutá. Quando um sacerdote alertava Madre Teresa sobre os riscos de “seus planos”, ela retrucou: “Não é meu plano... É o plano de Deus!”

Não há outra forma de seguir ao Senhor: abandonar-se ao Vento...

Orai sem cessar: “Senhor, faz-me caminhar na tua verdade!” (Sl 25,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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