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Liturgia de 24 de abril de 2020

SEXTA FEIRA DA II SEMANA DA PÁSCOA

(branco – Pf. Pascal, ofício do dia)

Antífona da entrada

- Vós nos resgataste, Senhor, pelo vosso sangue, de todas as raças, línguas, povos e nações e fizestes de nós um reino e sacerdotes para o nosso Deus, Aleluia! (Apl 5,9)

Oração do dia

- Concedei, ó Deus, aos vossos servos e servas a graça da ressurreição, pois quisestes que o vosso Filho sofresse por nós o sacrifício da cruz para nos libertar do poder do inimigo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: At 5, 34-42


- Leitura dos Atos dos Apóstolos - Naqueles dias, 34um fariseu chamado Gamaliel, levantou-se no Siné­drio. Era mestre da Lei e todo o povo o estimava. Gamaliel mandou que os acusados saíssem por um instante. 35Depois disse: “Homens de Israel, vede bem o que estais para fazer contra esses homens. 36Algum tempo atrás apareceu Teu­das, que se fazia passar por uma pessoa importante, e a ele se juntaram cerca de quatrocentos homens. Depois ele foi morto e todos os que o seguiam debandaram, e nada restou. 37Depois dele, no tempo do recenseamento, apareceu Judas, o galileu, que arrastou o povo atrás de si. Contudo, também ele morreu e todos os seus seguidores se dispersaram. 38Quanto ao que está acontecendo agora, dou-vos um conselho: não vos preocupeis com esses homens e deixai-os ir embora. Porque, se este projeto ou esta atividade é de origem humana será des­truído. 39Mas, se vem de Deus, vós não conseguireis eliminá-los. Cuidado para não vos pordes em luta contra Deus!” E os membros do Sinédrio aceitaram o parecer de Gamaliel. 40Chamaram então os apóstolos, mandaram açoitá-los, proibiram que eles falassem em nome de Jesus, e depois os soltaram. 41Os apóstolos saíram do Conselho muito contentes por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus. 42E cada dia, no Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e anunciar o evangelho de Jesus Cristo.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 27, 1.4.13-14 (R: 4ab)

- Ao Senhor eu peço apenas uma coisa: habitar no santuário do Senhor.

R: Ao Senhor eu peço apenas uma coisa: habitar no santuário do Senhor.

 

- O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem eu temerei?

R: Ao Senhor eu peço apenas uma coisa: habitar no santuário do Senhor.

 

- Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, e é só isto que eu desejo: habitar no santuário do Senhor por toda a minha vida; saborear a suavidade do Senhor e contemplá-lo no seu templo.

R: Ao Senhor eu peço apenas uma coisa: habitar no santuário do Senhor.

 

- Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes. Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!

R: Ao Senhor eu peço apenas uma coisa: habitar no santuário do Senhor.

Aclamação ao santo Evangelho.

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus

(Mt 4,4).

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 6, 1-15


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.

- Glória a vós, Senhor!

- Naquele tempo, 1Jesus foi para o outro lado do mar da Galiléia, também chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com seus discípulos. 4Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. 5Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?6Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”. 8Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9“Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?” 10Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. 11Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!” 13Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. 15Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

 

Liturgia comentada

Onde compraremos pães para que eles comam? (Jo 6,1-15)

Ora, estamos em pleno deserto. A multidão presente é enorme. Os “recursos humanos” são escassos: cinco pães de cevada e dois peixes. Mesmo despojando o menino (cf. v. 9) de sua matula, a multidão passará fome. Claro, a pergunta de Jesus é mera provocação. Um dos economistas do grupo, Filipe, rapidamente calcula: “Nem duzentos denários de pão bastariam...”

O povo que cerca Jesus tem uma história. Seus antepassados já haviam cruzado o deserto por 40 anos (cf. Êxodo). Ali mesmo, passaram fome e foram saciados com um “pão” que eles não haviam plantado e colhido: o maná, o “pão do céu” que Deus forneceu (cf. Ex 16) até que chegassem à Terra Prometida e tivessem a primeira colheita (cf. Js 5,12).

É chegado o momento de receber um novo dom. O pão multiplicado por Jesus apenas aponta para esse dom inesperado, que o povo da Nova Aliança irá receber e partilhar em cada Eucaristia.

Por enquanto, porém, é preciso reconhecer a própria insuficiência, a própria incapacidade de sobreviver às custas de nossos próprios recursos, das técnicas desenvolvidas e mesmo do potencial da natureza criada. Enfim, nós somos dependentes. Esta consciência nos abre para os dons “do alto”.

Eis a reflexão de Christian Chessel, um dos quatro Padres Brancos de Tisi Ouzou, Argélia, assassinados por terroristas islâmicos em 1994: “Aceitar nossa impotência e nossa pobreza radical é um convite, um chamado premente a criar com os outros relações de não-poder. Ao reconhecer minha fraqueza, eu posso aceitar a dos outros e ver nisso um apelo a sustentá-la, a fazê-la minha, à imitação de Cristo. A fraqueza do apóstolo é como a de Cristo, enraizado na força da Páscoa e na força do Espírito. Ela não é passividade nem resignação, ela supõe muita coragem e impele a comprometer-se pela justiça e pela verdade, denunciando a ilusória sedução da força e do poder”.

Aí está: somos fracos e limitados. A multidão tem fome. Não temos pão. Sem uma abertura para o alto, isto é, sem contar com a intervenção de Deus, nosso Pai, jamais mataremos a fome de nossos irmãos. Jamais teremos a coragem de nos arriscar por eles, mas ficaremos paralisados na contemplação da miséria humana.

Jesus tomou o pão em suas mãos, “deu graças” e distribuiu à multidão, que comeu, ficou saciada e deixou sobras. Dar graças significa reconhecer que podemos ter pão do céu. Mas sempre será um risco comer o pão dos irmãos e deixar que passem fome...

Orai sem cessar: “Senhor, dá-nos sempre deste pão!” (Jo 6,34)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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