L Liturgia

Liturgia de 16 de fevereiro de 2018

SEXTA-FEIRA DEPOIS DAS CINZAS
(roxo - ofício do dia)

Antífona da entrada

- O Senhor me ouviu e teve compaixão. O Senhor se tornou o meu amparo

(Sl 29,11).

Oração do dia

- Ó Deus, assisti com vossa bondade a penitência que iniciamos, para que vivamos interiormente as práticas externas da Quaresma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Isaías 58, 1-9


- Leitura do livro do profeta Isaías - Assim fala o Senhor Deus:1“Grita forte, sem cessar, levanta a voz como trombeta e denuncia os crimes do meu povo e os pecados da casa de Jacó. 2Buscam-me cada dia e desejam conhecer meus propósitos, como gente que pratica a justiça e não abandonou a lei de Deus. Exigem de mim julgamentos justos e querem estar na proximidade de Deus: 3“Por que não te regozijaste, quando jejuávamos, e o ignorastes, quando nos humilhávamos?” — É porque no dia do vosso jejum tratais de negócios e oprimis os vossos empregados. 4É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios e brigas e agressões impiedosas. Não façais jejum com esse espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no céu. 5Acaso é esse jejum que aprecio, o dia em que uma pessoa se mortifica? Trata-se talvez de curvar a cabeça como junco, e de deitar-se em saco e sobre cinza? Acaso chamas a isso jejum, dia grato ao Senhor?  6Acaso o jejum que prefiro não é outro: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? 7Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. 8Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. 9Então invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: “Eis-me aqui”.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 51,3-4.5-6a.18-19 (R: 19b)

- Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

 

- Tende piedade ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa!

R:Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

 

- Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!

R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

 

- Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, e, se oferto um holocausto, o rejeitais. Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido!

R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 9,14-15

Salve Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!

Salve Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!

- Buscai o bem, não o mal, pois assim vivereis; então o Senhor, nosso Deus, convosco estará!

Salve Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

- Glória a vós, Senhor!

 - Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que O Esposo lhes será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

Liturgia comentada
Então, eles jejuarão... (Mt 9,14-15)

Nosso mundo vive um tempo de estranhos contrastes. No hemisfério norte, a obesidade infla a população como autêntica epidemia; já no hemisfério sul, mais de um bilhão de pessoas não consegue fazer uma única refeição por dia. Neste contexto, ainda faria sentido falar em jejum?

Podemos aprender algo importante com João Calvino [+1564]:

“Digamos alguma coisa sobre o jejum, pois muita gente, ignorando sua utilidade, pensam que ele não é necessário. E outros, o que é ainda mais grave, rejeitam o jejum como algo inteiramente supérfluo. Ademais, quando não se conhece bem o seu uso, pode-se fazer dele facilmente uma prática supersticiosa.

O jejum santo e reto visa a três diferentes finalidades: primeiro, para domar a carne, a fim de ela não se anime em excesso; a seguir, para mais bem dispor o coração à prece, à oração e outras santas meditações; enfim, para dar testemunho de nossa humildade diante de Deus, quando queremos confessar perante ele o nosso pecado.

Cada vez que temos de rogar a Deus em comum por alguma coisa importante, é bom exortar ao jejum. Foi assim que os fiéis de Antioquia, quando impuseram as mãos a Paulo e Barnabé, juntaram o jejum à oração (At 13,3). Neste tipo de jejum, eles não tinham outro objetivo a não ser mais bem se dispor e se tornarem mais alegres na oração. De fato, quando o ventre está cheio, o espírito não é muito vivaz para elevar-se até Deus; ele experimenta menos uma ardente disposição para a prece e é menos estimulado a perseverar.

Não entendemos como jejum apenas a simples temperança e sobriedade no beber e no comer, mas algo a mais. Esta restrição situa-se em três pontos: na duração, na qualidade dos alimentos e na quantidade.

Não esqueçamos o que diz Joel: isto é, que o jejum não tem valor por si mesmo, diante de Deus, se não é feito na aflição do coração e se o homem não tem um verdadeiro desgosto de si e de seus pecados, em verdadeira humildade.” [In Institution Chrétienne, IV, 12.14ss, Labor et Fides, 1958.]

Sitiado pelo mundo neopagão, o fiel cristão – mais ou menos inconscientemente - acaba envolvido pelos seus costumes, atitudes e contravalores, entre os quais o gosto pelo luxo, pela abundância, a mesa farta, constantes viagens e todo tipo de comodismos e facilidades. Tais benesses são encaradas como “direitos” a serem usufruídos. Natural, pois, que o jejum se torne uma espécie de dinossauro, coisa antediluviana, impensável na vida moderna. E, claro, o diabo gosta...

Orai sem cessar: “Humilhai-vos na presença do Senhor!” (Tg 4,10)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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