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Liturgia de 02 de novembro de 2017

QUINTA FEIRA – COMEMORAÇÃO DOS FINADOS
(roxo ou preto, pref. dos mortos - ofício próprio )

Antífona da entrada

 

- Como Jesus morreu e ressuscitou, Deus ressuscitará os que nele morreram. E como todos morreram em Adão, Todos em Cristo terão a vida (1Ts 4,14; 1Cor 15,22).

 

Oração do dia

 

- Ó Deus, escutai com bondade as nossas preces e aumentai a nossa fé em Cristo ressuscitado, para que seja mais viva a nossa esperança na ressurreição dos vossos filhos e filhas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Jó 19,1.23-27

 

- Leitura do Livro de Jó: 1Jó tomou a palavra e disse: 23”Gostaria que minhas palavras fossem escritas e gravadas numa inscrição 24com ponteiro de ferro e com chumbo, cravadas na rocha para sempre! 25Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; 26e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. 27aEu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros”.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 27,1-4 (R: 12a)

 

- O Senhor é minha luz e salvação.

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem eu tremerei?

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, e é só isto que eu desejo: habitar no santuário do Senhor por toda a minha vida; saborear a suavidade do Senhor e contemplá-lo no seu templo.

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo, atendei por compaixão! É vossa face que eu procuro. Não afasteis em vossa ira o vosso servo, sois vós o meu auxílio!

R: O Senhor é minha luz e salvação.


- Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes. Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!

 R: O Senhor é minha luz e salvação.

2ª Leitura: Rm 5,5-11

 

- Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos:

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Esta é a vontade de quem me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas que eu ressuscite no ultimo dia (Jo 6,39).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 6,37-40

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

- Glória a vós, Senhor!   

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!   

 

Liturgia comentada
Eu o ressuscitarei! (Jo 6, 37-40)

Eis a palavra empenhada do Filho de Deus: “Eu o ressuscitarei no último dia!” Não apenas uma reanimação provisória, que não evitaria outra morte, como Jesus fez com Lázaro de Betânia (Jo 11, 43-44) ou com a filha de Jairo (Mt 9, 25), mas verdadeira ressurreição, que é o ingresso em uma vida sem fim, além da morte.

Esta magnífica promessa é dirigida a quem crê em Jesus Cristo, mas está claramente situada no contexto do seu “discurso eucarístico” (Jo 6, 22-71). A alimentação do “Pão vivo” é a garantia da vida eterna. É sobre isto que nos fala Olivier Clément: “Os Padres [da Igreja] não cessaram de retomar estas prodigiosas afirmações de Jesus. Jesus é o “pão do céu”, o “pão de vida”; o Ressuscitado se dá plenamente a nós na Eucaristia, que é assim um alimento de ressurreição. Jesus é pão, pois seu corpo é formado de toda a vida cósmica amassada pelo trabalho dos homens; ele é simultaneamente “pão vivo”, vivificante, pois nele a vida divina penetra a terra e a humanidade”.

Um dos Padres que ele cita é Santo Ambrósio de Milão, em seu Comentário ao Salmo 118: “Ele [Jesus] é pão de vida. Aquele que come a vida não pode morrer. Ide a ele e saciai-vos, pois ele é pão de vida. Ide a ele e bebei, pois ele é a fonte. Ide a ele e sede iluminados, pois ele é a luz. Ide a ele e tornai-vos livres, pois ali onde está o Espírito do Senhor, lá está a liberdade”.

E São Gregório de Nissa não é menos categórico: “Na economia da graça, ele [Jesus Cristo] se dá como uma semente a todos os que crêem; nesta carne composta de pão e de vinho, ele se mistura ao corpo deles para permitir ao homem, graças à união com o corpo imortal, participarem da condição que já não conhece mais a corrupção”.

Marthe Robin [1902-1981], a fundadora da obra dos Foyers de Charité, hoje em fase final de beatificação, que viveu mais de 50 anos alimentando-se exclusivamente da Eucaristia, experimentou já neste mundo a força vitalizante do Pão de vida. Ela escreve em seu diário: “Minha vida é como mover-se na Essência divina, identificar-se com o Amor, tendo, evidentemente, uma consciência mais ou menos clara disso. [...] Isso me faz viver já na eternidade e ver as coisas como o próprio Deus as vê”.

Grande mistério! Vivemos ainda no tempo, mas já somos alimentados com o Pão da eternidade...

Orai sem cessar: “E os fartou com pão vindo do céu...” (Sl 105, 40)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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Quero que estejam comigo... (Jo 17,24-26)

No fecho de sua “oração sacerdotal”, logo antes da Paixão, Jesus se dirige ao Pai e manifesta uma “vontade” sua: “Quero que estejam comigo, lá onde eu estou, aqueles que me deste”. Nas palavras de André Scrima, “o Senhor chegou ao fim de sua oração e a eternidade se abre diante dele. O ‘presente’ eterno de Deus está diante de Jesus... e esse ‘presente’ eterno se abre a todos que creem nele: ‘aqueles que me deste’. Em outros termos, todos aqueles que irão entrar em unidade com ele, aqueles que Jesus possui e são inteiramente para ele”.

A semente divina que Jesus semeia com sua morte e ressurreição permanece viva, pronta a germinar, mesmo quando está coberta pelo entulho de nosso pecado. Assim, a esperança cristã na vida eterna – esperança que deve bastar para nos consolar da separação provisória de nossos entes queridos – faz uma aposta na brotação definitiva da semente, que é o próprio Jesus.

Quando Jesus reza pela unidade dos “seus”, é evidente que não se trata de uma unidade restrita ao tempo, à história dos homens. A “unidade” dos fiéis projeta-os além das barreiras temporais e torna-se, desde já, o signo da comunhão definitiva nesse “meio” vital que chamamos de “eternidade”. A vida que Jesus nos oferece seria mera ilusão, se ela se resumisse às barreiras do tempo.

Como observa o teólogo Louis Bouyer, “a unidade dos discípulos se operará por seu transporte para o seio da unidade do Pai e do Filho. Este transporte de amor se cumprirá porque o Pai está no Filho, e o Filho estará nos seus, associando-os à Glória divina que ele recebeu do Pai”.

É uma pena que os batizados não mantenham acesa em seu espírito a consciência do efeito maior de seu batismo: a imersão na vida divina, participando desde já, ainda que em processo, de um dinamismo que a morte não pode destruir. É desta certeza que decorre nossa fé na “comunhão dos santos”, pois a vida de Deus, em nós injetada, é a nossa garantia de eternidade.

Para o mundo pagão, tudo acaba com a morte. Depois da morte, o vazio do nada. Por isso mesmo, a vida lhes parece uma tragédia orquestrada por um Destino cruel. Para o cristão, ao contrário, a vida pode ser um drama, mas seu desfecho será sempre a vitória da luz sobre a treva, com a Glória divina envolvendo todos “os seus”. É o que Jesus declarava, ao dizer: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim!” (Jo 12,32)

Ao celebrar os fiéis defuntos, a Igreja dirige nosso olhar para um “universo novo, a Jerusalém celeste, onde Deus terá sua morada entre os homens, enxugando toda lágrima de seus olhos, pois não mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais”. (CIC 1044)

 

Orai sem cessar:Senhor, tu me restituíste a vida!” (Sl 30,4)