L Liturgia

Liturgia de 16 de maio de 2019

QUINTA FEIRA – IV SEMANA DA PÁSCOA
(Branco, ofício da memória)

Antífona da entrada

 

- Ó Deus, quando saístes à frente do vosso povo, abrindo-lhe o caminho e habitando entre eles, a terra estremeceu, fundiram-se os céus, aleluia!

(Sl 67,8.20)

Oração do dia

- Ó Deus, que restaurais a natureza humana, dando-lhe uma dignidade ainda maior, considerai o mistério do vosso amor, conservando para sempre os dons da vossa graça naqueles que renovastes pelo sacramento de uma nova vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: At 13,13-25

 

- Leitura dos Atos dos Apóstolos: 13Paulo e seus companheiros embarcaram em Pafos e chegaram a Perge da Panfília. João deixou-os e voltou para Jerusalém. 14Eles, porém, partindo de Perge, chegaram a Antioquia da Pisídia. E, entrando na sinagoga em dia de sábado, sentaram-se. 15Depois da leitura da Lei e dos Profetas, os chefes da sinagoga mandaram dizer-lhes: “Irmãos, se vós tendes alguma palavra para encorajar o povo, podeis falar”. 16Paulo levantou-se, fez um sinal com a mão e disse: “Israelitas e vós que temeis a Deus, escutai! 17O Deus deste povo de Israel escolheu os nossos antepassados e fez deles um grande povo quando moravam como estrangeiros no Egito; e de lá os tirou com braço poderoso. 18E, durante mais ou menos quarenta anos, cercou-o de cuidados no deserto. 19Destruiu sete nações na terra de Canaã e passou para eles a posse do seu território, 20por quatrocentos e cinquenta anos aproximadamente. Depois disso, concedeu-lhes juízes, até o profeta Samuel. 21Em seguida, eles pediram um rei e Deus concedeu-lhes Saul, filho de Cis, da tribo de Benjamim, que reinou durante quarenta anos. 22Em seguida, Deus fez surgir Davi como rei e assim testemunhou a seu respeito: ‘Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que vai fazer em tudo a minha vontade’.  23Conforme prometera, da descendência de Davi Deus fez surgir para Israel um Salvador, que é Jesus. 24Antes que ele chegasse, João pregou um batismo de conversão para todo o povo de Israel. 25Estando para terminar sua missão, João declarou: ‘Eu não sou aquele que pensais que eu seja! Mas vede: depois de mim vem aquele do qual nem mereço desamarrar as sandálias’”.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 89,2-3.21-22.25.27 (R: 2a)

- Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor.


R: Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor.


- Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!” E a vossa lealdade é tão firme quanto os céus.

R: Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor.


- Encontrei e escolhi a Davi, meu servidor, e o ungi, para ser rei, com meu óleo consagrado. Estará sempre com ele minha mão onipotente, e meu braço poderoso há de ser a sua força.

R: Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor.


- Não será surpreendido pela força do inimigo, nem o filho da maldade poderá prejudicá-lo. Diante dele esmagarei seus inimigos e agressores, ferirei e abaterei todos aqueles que o odeiam.

R: Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor.


- Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele, sua força e seu poder por meu nome crescerão. Ele, então, me invocará: ‘Ó Senhor, vós sois meu Pai, sois meu Deus, sois meu Rochedo onde encontro a salvação!’

R: Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor.

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

- Jesus Cristo, a fiel testemunha, primogênito dos mortos, nos amou e do pecado nos lavou em seu sangue derramado (Ap 1,5).

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 13,16-20

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

- Glória a vós, Senhor!  

 

- Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus lhes disse: 16“Em verdade, em verdade vos digo: o servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou. 17Se sabeis isto, e o puserdes em prática, sereis felizes. 18Eu não falo de vós todos. Eu conheço aqueles que escolhi, mas é preciso que se realize o que está na Escritura: ‘Aquele que come o meu pão levantou contra mim o calcanhar’. 19Desde agora vos digo isto, antes de acontecer, a fim de que, quando acontecer, creiais que eu sou. 20Em verdade, em verdade vos digo, quem recebe aquele que eu enviar, me recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou”.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

Liturgia comentada
Eu vos lavei os pés... (Jo 13, 16-20) 

A história humana inclui um ato de rebeldia, um grito de autonomia, desde o seu início (cf. Gn 3), não admira que sejamos mais dispostos a dar ordens do que a obedecer, a mandar que servir. Em questão, o poder. Séculos afora, o “poder” tem-se concentrado na posse da terra, na superioridade das armas, no capital acumulado, no domínio da informação. Reis e imperadores davam ordens. Generais e exércitos dominavam. Banqueiros e capitalistas tomavam decisões. Sábios e universidades manipulavam as mentes. Os outros obedeciam e faziam o trabalho pesado.

Jesus, Mestre e Senhor, veio implodir o sistema. Em plena Ceia Pascal judaica, retira seu manto (símbolo de poder), prende a toalha na cintura (como um garçom) e põe-se a lavar os pés dos discípulos (como um escravo)... Imagine o mal-estar de seus seguidores, exatamente aqueles que andavam discutindo qual deles seria o vice-rei e o primeiro ministro quando Jesus instaurasse o seu Reino em definitivo!...

É natural que os filhos queiram a glória de seu pai. Que os empregados se orgulhem do sucesso de seu patrão. Que o povo admire a grandeza de seus reis. E ali, bem diante de seus, olhos está um Guia, Senhor e Mestre que faz um “papelão”, humilhando-se de forma jamais vista. Pior: findo o exercício de “pobreza”, o Mestre põe-se a ensinar: “Assim como eu vos fiz, fazei também vós, uns aos outros!” É provável que eles se tenham entreolhado. Primeiro no rosto. Em seguida, nos pés... E lutaram contra os sentimentos que vinham à tona de seu coração rústico de galileus...

Não é fácil também para a Igreja. Foi permanente a tentação de gloriar-se com os cargos e ministérios. O risco de criação de castas superiores e inferiores. E de se perder o sentido primitivo de palavras como “ministro” (em latim, minister: servidor) ou “diácono” (do grego diákonos: garçom). A palavra “ministro” vem de “menos” (minus): assim, quem ministra não deve sonhar com “mais” honra, poder e destaque. Ministro serve como um garçom.

Um título do Papa, supremo mandatário da Igreja, é o de “servus servorum Dei” – o servidor dos servidores de Deus. Nosso amado João Paulo II veste bem este múnus: superando todas as limitações (quando muitos optariam por um justo e merecido repouso), ele insiste em servir a Deus e à Igreja, gastando os últimos alentos de sua vida, atravessando o planeta em todas as direções e – como Jesus – dando-nos o modelo de vida.

Minha religião faz de mim um servidor? Ou um patrão? 

Orai sem cessar: “Senhor Jesus, ensina-me a servir!”
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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