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Liturgia de 19 de dezembro de 2018

QUARTA FEIRA DA III SEMANA DO ADVENTO
(roxo, pref. do Advento I - ofício do dia)

 

Antífona da entrada

- Aquele que há de vir chegará sem demora: já não haverá mais temor entre nós, porque ele é nosso salvador (Hb 10,37).

Oração do dia

 

- Ó Deus, que revelastes ao mundo o esplendor da vossa glória pelo parto virginal de Maria, dai-nos venerar com fé pura e celebrar sempre com amor sincero o mistério tão profundo da encarnação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Jz 13,2-7.24-25

 

- Leitura do livro dos Juízes: Naqueles dias, 2havia um homem de Saraá, da tribo de Dã, chamado Manué, cuja mulher era estéril. 3O anjo do Senhor apareceu à mulher e disse-lhe: “Tu és estéril e não tiveste filhos, mas conceberás e darás à luz um filho. 4Toma cuidado de não beberes vinho nem licor, de não comeres coisa alguma impura, 5pois conceberás e darás à luz um filho. Sua cabeça não será tocada por navalha, porque ele será consagrado ao Senhor desde o ventre materno, e começará a libertar Israel das mãos dos filisteus”. 6A mulher foi dizer ao marido: “Veio visitar-me um homem de Deus, cujo aspecto era terrível como o de um anjo do Senhor. Não lhe perguntei de onde vinha nem ele me revelou o seu nome. 7Ele disse-me: ‘Conceberás e darás à luz um filho. De hoje em diante, toma cuidado para não beberes vinho nem licor, e não comeres nada de impuro, pois o menino será consagrado a Deus, desde o ventre materno até o dia da sua morte’”. 24Ela deu à luz um filho e deu-lhe o nome de Sansão. O menino cresceu, e o Senhor o abençoou. 25aO espírito do Senhor começou a agir nele no Campo de Dã.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial:  Sl 71,3-4a.5-6ab.16-17 (R: 8a) 

 

- Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.

R: Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.


- Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.

R: Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.


- Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal, o meu amparo.

R: Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.


- Cantarei vossos portentos, ó Senhor, lembrarei vossa justiça sem igual! Vós me ensinastes desde a minha juventude e até hoje canto as vossas maravilhas.

R: Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.

Aclamação ao santo Evangelho

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

 - Ó raiz de Jessé, sinal das nações: oh, vinde livrar-nos e não tardeis mais!

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 1,5-25

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.

- Glória a vós, Senhor!

- 5Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, do grupo de Abia. Sua esposa era descendente de Aarão e chamava-se Isabel. 6Ambos eram justos diante de Deus e obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor. 7Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada. 8Em certa ocasião, Zacarias estava exercendo as funções sacerdotais no Templo, pois era a vez do seu grupo. 9Conforme o costume dos sacerdotes, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 10Toda a assembleia do povo estava do lado de fora rezando, enquanto o incenso estava sendo oferecido. 11Então apareceu-lhe o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. 12Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e o temor apoderou-se dele. 13Mas o anjo disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João. 14Tu ficarás alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, 15porque ele vai ser grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará repleto do Espírito Santo. 16Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. 17E há de caminhar à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto”. 18Então Zacarias perguntou ao anjo: “Como terei certeza disto? Sou velho e minha mulher é de idade avançada”. 19O anjo respondeu-lhe: “Eu sou Gabriel. Estou sempre na presença de Deus, e fui enviado para dar-te esta boa notícia. 20Eis que ficarás mudo e não poderás falar, até o dia em que essas coisas acontecerem, porque não acreditaste nas minhas palavras, que se hão de cumprir no tempo certo”. 21O povo estava esperando Zacarias, e admirava-se com a sua demora no Santuário. 22Quando saiu, não podia falar-lhes. E compreenderam que ele tinha tido uma visão no Santuário. Zacarias falava por sinais e continuava mudo. 23Depois que terminou seus dias de serviço no Santuário, Zacarias voltou para casa. 24Algum tempo depois, sua esposa Isabel ficou grávida, e escondeu-se durante cinco meses. 25Ela dizia: “Eis o que o Senhor fez por mim, nos dias em que ele se dignou tirar-me da humilhação pública!”

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 
 

Liturgia comentada
Isabel ficou grávida... (Lc 1,5-25)

Toda gravidez é novidade. Por certo, a maior de todas as novidades ao nosso alcance. É a gravidez que faz as mães. Ela é que traz os filhos. Ela diz à raça humana que a vida insiste, perpetua-se no tempo e garante a próxima geração.

Natural, a “novidade” é ainda maior no caso de Isabel de Zacarias: ela é idosa. Ela é estéril. Sua gravidez é um milagre. Mais ainda: é sinal de que Deus está em ação e faz possível o impossível.

Por tudo isso, não deixa de ser curiosa a reação de Isabel: ela “permaneceu escondida”. Não seria de esperar que a velha parenta de Maria saísse correndo pelas ruelas de Ain Karim, proclamando sua “novidade” às amigas e vizinhas? Seria, mas ela prefere ocultar o segredo do Rei...

De fato, o texto grego de São Lucas, em sentido literal, diz que Isabel, vendo-se grávida, “cerca-se de segredo” [periékryben eotèn] (cf. Lc 1,24). Nestes tempos em que pretensas curas e milagres são transformados em espetáculo na TV para atrair seguidores (e contribuintes...), a mãe de João Batista celebra em silêncio, no santuário do coração, a graça especial que recebeu do Senhor: “Ele dignou-se tirar a vergonha que pesava sobre mim”. (Lc 1,25)

Entre os hebreus, herdeiros da promessa do Messias, a esposa estéril era uma fracassada, digna de pena, mas também alvo de irrisão. Podia ser repudiada ou, na melhor das hipóteses, ter de tolerar uma segunda esposa. Não admira que a Sagrada Escritura registre vários casos “impossíveis” de gravidez, como Ana, mãe de Samuel (cf. 1Sm 1,2.20) e a mãe anônima de Sansão (cf. Jz 13,2-3.24). É assim que Yahweh se revela como o Senhor e a Fonte da vida.

Isabel sabe que foi agraciada. Por isso mesmo, escolhe para o filho o nome de João [no hebraico, Yohanan: “o Senhor concede graça”], ainda que tal escolha encontre reação nos familiares (cf. Lc 1,60-63).

No tempo litúrgico do Advento, à espera do Natal, também a Igreja está grávida de Cristo. Por isso ela se recolhe, reveste-se de roxo, reduz as flores e faz discretos os instrumentos musicais. A exemplo de Isabel, a espera do filho prometido deve cercar-se de profunda vida interior, preparando o júbilo e os louvores dos anjos de Belém. Grávidos do Natal...

Orai sem cessar: “O segredo do Senhor é para os que o temem.” (Sl 25,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
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