L Liturgia

Liturgia de 20 de abril de 2018

SEXTA FEIRA – III SEMANA DA PÁSCOA
(Branco, ofício do dia)

 

Antífona da entrada

 

- O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra, aleluia! (Ap 5,12).

Oração do dia

- Ó Deus todo-poderoso, concedei que, conhecendo a ressurreição do Senhor e a graça que ela nós trouxe, ressuscitemos para uma vida nova pelo amor do vosso Espírito. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: At 9,1-20

 

- Leitura dos Atos dos Apóstolos: Naqueles dias, 1Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Ele apresentou-se ao Sumo sacerdote 2e pediu-lhe cartas de recomendação para as sinagogas de Damasco, a fim de levar presos para Jerusalém os homens e mulheres que encontrasse seguindo o Caminho. 3Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco, Saulo, de repente, viu-se cercado por uma luz que vinha do céu. 4Caindo por terra, ele ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” 5Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?” A voz respondeu: “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. 6Agora, levanta-te, entra na cidade, e ali te será dito o que deves fazer”. 7Os homens que acompanhavam Saulo ficaram mudos de espanto, porque ouviam a voz, mas não viam ninguém. 8Saulo levantou-se do chão e abriu os olhos, mas não conseguia ver nada. Então pegaram nele pela mão e levaram-no para Damasco. 9Saulo ficou três dias sem poder ver. E não comeu nem bebeu.  10Em Damasco, havia um discípulo chamado Ananias. O Senhor o chamou numa visão: “Ananias!” E Ananias respondeu: “Aqui estou, Senhor!” 11O Senhor lhe disse: “Levanta-te, vai à rua que se chama Direita e procura, na casa de Judas, por um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está rezando”. 12E, numa visão, Saulo contemplou um homem chamado Ananias, entrando e impondo-lhe as mãos para que recuperasse a vista. 13Ananias respondeu: “Senhor, já ouvi muitos falarem desse homem e do mal que fez aos teus fiéis que estão em Jerusalém. 14E aqui em Damasco ele tem plenos poderes, recebidos dos sumos sacerdotes, para prender todos os que invocam o teu nome”. 15Mas o Senhor disse a Ananias: “Vai, porque esse homem é um instrumento que escolhi para anunciar o meu nome aos pagãos, aos reis e ao povo de Israel. 16Eu vou mostrar-lhe quanto ele deve sofrer por minha causa”. 17Então Ananias saiu, entrou na casa, e impôs as mãos sobre Saulo, dizendo:

“Saulo, meu irmão, o Senhor Jesus, que te apareceu quando vinhas no caminho, ele me mandou aqui para que tu recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo”. 18Imediatamente caíram dos olhos de Saulo como que escamas e ele recuperou a vista. Em seguida, Saulo levantou-se e foi batizado. 19Tendo tomado alimento, sentiu-se reconfortado. Saulo passou alguns dias com os discípulos de Damasco, 20e logo começou a pregar nas sinagogas, afirmando que Jesus é o Filho de Deus.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 117,1.2 (R: Mc16,15)

 

- Ide, por todo o mundo, a todos pregai o Evangelho.

R: Ide, por todo o mundo, a todos pregai o Evangelho.


- Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes, povos todos, festejai-o!

R: Ide, por todo o mundo, a todos pregai o Evangelho.


- Pois comprovado é o seu amor para conosco, para sempre ele é fiel!

R: Ide, por todo o mundo, a todos pregai o Evangelho.

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

- Quem come minha carne e bebe meu e sangue em mim permanece e eu vou ficar nele (Jo 6,56).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 6,52-59

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

- Glória a vós, Senhor!  

 

- Naquele tempo, 52os judeus discutiam entre si, dizendo: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” 53Então Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. 56Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim. 58Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre”. 59Assim falou Jesus, ensinando na sinagoga em Cafarnaum.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!  

  

Liturgia comentada
Não tereis a vida em vós... (Jo 6,52-59)

Jesus Cristo se autodefiniu como “caminho, verdade e vida” (cf. Jo 14,6). Não mera vida biológica (bios), que se desagrega com a morte, mas vida espiritual [zoé] que transcende o tempo da existência material, como participação na vida divina.

No discurso eucarístico de Jesus, em João 6, a palavra zoé (vida espiritual) aparece 9 vezes, além das várias repetições do verbo viver [záo], com a mesma raiz grega. E esta “vida” está sempre associada ao “pão de vida” – corpo e sangue de Jesus Cristo.

Ora, Jesus garante a ressurreição a todo aquele que se alimenta deste “pão”. E chega ao extremo de afirmar solenemente: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós”. (Jo 6,53)

No mesmo “discurso” de Jesus, devemos levar em conta os verbos traduzidos por “comer”. Ora o evangelista João usa o verbo pháguein, ora o verbo trôguein, este último no sentido material de “mastigar”, acentuando o realismo dessa alimentação. Louis Bouyer, um ministro luterano francês, acentua a diferença entre os verbos:

“Nós não podemos expressar toda a força do que vem a seguir, pois o verbo grego trôguein, que nós traduzimos por ‘absorver’, é ainda mais claro; ele designa necessariamente uma manducação, e seu emprego aqui certamente é destinado a não deixar subsistir dúvida alguma quanto à materialidade do ato de que fala Jesus. É preciso igualmente acrescentar a insistência sobre a carne e o sangue que se come e bebe, em relação evidente com a consagração do pão e do vinho como corpo e sangue de Cristo, conforme a instituição da Eucaristia nos evangelhos sinóticos e na primeira Epístola aos Coríntios.”

“Assim – continua Bouyer -, Jesus ensina como sendo indispensável uma assimilação de seu ser humano pelo nosso, assimilação misteriosa, mas tão real quanto é possível, a efetuar-se em uma ação física concreta. Por meio daquilo que São Cirilo de Alexandria chama muito exatamente de união física, nós poderemos permanecer nele, e ele em nós. Assim se estabelecerá entre nós e ele uma união análoga àquela que existe entre ele e seu Pai, e cujo efeito será que poderemos possuir, no Filho, a Vida que ele recebe do Pai.”

Desde a encarnação do Verbo de Deus em Jesus Cristo, ninguém deve admirar-se de que a Vida transmitida pelo Espírito Santo – o mesmo Espírito que atua diretamente na hora da consagração, transubstanciando o pão no Corpo de Cristo, e o vinho em seu Sangue – nos seja comunicada por um meio material. Eis a maravilha dos Sacramentos da Igreja, onde a graça passa por sinais sensíveis, como a água, o óleo, o vinho, o pão e a palavra...

Orai sem cessar: “O Senhor é a força da minha vida!” (Sl 27,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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