Tempo pascal - Cara de ressuscitado

Friedrich Nietzsche, um dos mais radicais críticos da religião, que decretou “a morte de Deus”, um dia quis fazer uma experiência para medir a fé dos cristãos.

Num sábado de Aleluia, se colocou em frente a uma Igreja e começou a observar aqueles que saíam da Missa. Pensava: “Esta cerimônia é a mais importante para os cristãos, aí se comemora o evento da Ressurreição de Cristo sobre o qual se apóia todo o edifício das suas crenças como a salvação eterna, a vitória sobre o pecado e a morte, a adoção como filhos de Deus... Se a sua fé é verdadeira, será impossível que esta não se manifeste”.

Depois de alguns minutos de observação, este pensador foi embora dizendo: “Estes não têm cara de ressuscitados...” São palavras duras e injustas, porque julgam universalmente uma realidade, a Igreja constituída pelos seus fiéis, a partir de um grupo reduzido que não reflete a sua totalidade. Uma realidade que durante o curso da história tem mostrado tantas “caras de ressuscitado” nos seus santos e nas suas obras de serviço ao próximo. Resta mencionar personagens como o Papa João Paulo II ou a Madre Teresa de Calcutá. Porém, é uma crítica de certo modo válida, porque nos convida a analisar e ver se a ressurreição de Cristo tem alguma influência efetiva na nossa vida.

Um bom termômetro para saber isso é o que a Igreja mesmo nos propõe neste tempo de Páscoa. Na liturgia destes dias, se faz um constante apelo ao livro dos Atos dos Apóstolos onde a temática permanente é a vivência da caridade e o amor fraterno com que viviam os nossos primeiros irmãos na fé. Caridade culminada com a vinda do Espírito Santo prometido por Jesus.

A caridade, para os que então seguiam Jesus Cristo, era a manifestação da sua fé no Ressuscitado e na doutrina anunciada por Ele. Porque Cristo ressuscitou, estamos certos da verdade de tudo o que ele fez e pregou, especialmente o sacramento da Eucaristia, que Ele instituiu na última ceia e o SEU novo mandamento: o mandamento do amor. Um mandamento que seria o distintivo daqueles que abraçassem a fé. De fato, que outra motivação poderemos ter para amar e perdoar os nossos inimigos, para nos fazermos servos de todos, para respondermos o mal com o bem, se não for a fé em Jesus Cristo e na sua Palavra?

Mas a caridade não é só o que nos distingue como seguidores de Jesus Cristo, esta é também a melhor “estratégia” para conquistar o mundo para Ele. As primeiras conversões não foram causadas pela genialidade e perfeição lógica dos argumentos e da doutrina pregada pelos apóstolos, mas pelo exemplo de amor dos discípulos de Cristo. “Olhai como se amam!”, era a exclamação dos pagãos, quando contemplavam os nossos primeiros irmãos durante o tempo das perseguições romanas. Como os mesmos romanos costumavam dizer: “Verba movent, exempla trahunt!” (As palavras movem, mas o exemplo arrasta!).

Vença o mal com o bem!

AUTORIA - Ivo da Costa, L.C.
FONTE: Valores – Escritório de Redação