TERÇA FEIRA – SÃO GREGÓRIO MAGNO – PAPA E DOUTOR
(branco, pref. comum ou dos pastores – ofício da memória)
Antífona
- São Gregório, elevado a cátedra de Pedro, sempre buscava a face do Senhor e vivia na felicidade do seu amor.
Coleta
- Ó Deus, que cuidais do vosso povo com bondade e o governais com amor, concedei, pela intercessão do papa São Gregório Magno, o espírito de sabedoria àqueles a quem confiastes o governo da vossa Igreja, a fim de que o progresso das ovelhas torne-se a alegria eterna dos pastores. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
1ª Leitura: 1 Cor 2,10b-16
- Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios: Irmãos, 10bo Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus. 11Quem dentre os homens conhece o que se passa no homem senão o espírito do homem que está nele? Assim também, ninguém conhece o que existe em Deus, a não ser o Espírito de Deus. 12Nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu. 13Desses dons também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com a sabedoria aprendida do Espírito: assim, ajustamos uma linguagem espiritual às realidades espirituais. 14O homem psíquico – o que fica no nível de suas capacidades naturais – não aceita o que é do Espírito de Deus: pois isso lhe parece uma insensatez. Ele não é capaz de conhecer o que vem do Espírito, porque tudo isso só pode ser julgado com a ajuda do mesmo Espírito. 15Ao contrário, o homem espiritual – enriquecido com o dom do Espírito – julga tudo, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. 16Com efeito, quem conheceu o pensamento do Senhor, de maneira a poder aconselhá-lo? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 145,8-9.10-11.12-13ab.13cd-14 (R:17a)
- É justo o Senhor em seus caminhos!
R: É justo o Senhor em seus caminhos!
- Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura.
R: É justo o Senhor em seus caminhos!
- Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder!
R: É justo o Senhor em seus caminhos!
- Para espalhar vossos prodígios entre os homens e o fulgor de vosso reino esplendoroso. O vosso reino é um reino para sempre, vosso poder, de geração em geração.
R: É justo o Senhor em seus caminhos!
- O Senhor é amor fiel em sua palavra, é santidade em toda obra que ele faz. Ele sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou.
R: É justo o Senhor em seus caminhos!
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
- Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo (Lc 7,16).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 4,31-37
- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.
- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
- Glória a vós, Senhor!
- Naquele tempo, 31Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava-os aos sábados. 32As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade. 33Na sinagoga, havia um homem possuído pelo espírito de um demônio impuro, que gritou em alta voz: 34“Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” 35Jesus o ameaçou, dizendo: “Cala-te, e sai dele!” Então o demônio lançou o homem no chão, saiu dele, e não lhe fez mal nenhum. 36O espanto se apossou de todos e eles comentavam entre si: “Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem”. 37E a fama de Jesus se espalhava em todos os lugares da redondeza.
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!
Liturgia comentada
E lá os ensinava... (Lc 4,31-37)
Via de regra, os comentaristas deste Evangelho deixam que seu foco se desvie para o espetacular, ou seja, a manifestação de poder revelada em Jesus ao calar o demônio e exorcizar o possesso. É pena, pois o mais importante desta passagem é uma frase aparentemente marginal, quase ocasional, logo no início: “Jesus desceu para Cafarnaum e lá os ensinava”.
Aliás, basta percorrer as páginas dos evangelhos para perceber que Jesus dedicou muito mais tempo ao ensino do que aos exorcismos. Eu ouso dizer que Jesus expulsa demônios quase a contragosto, pois eles estavam atrapalhando o seu trabalho (sim, é um trabalho!) de pregador da Boa Nova.
Jesus nunca disse: “Eu vim para expulsar demônios”. Ele disse algo bem diferente: “Eu devo anunciar a Boa Nova do reino de Deus”. Ele não queria aterrorizar os presentes, queria que se alegrassem com a boa notícia do reino ao alcance de todos.
Claro, Satã se apresentava como “dono do mundo”, a ponto de tentar usar o mundo como moeda de troca na tentação do deserto (cf. Lc 4,5-6). E Jesus sempre soube que haveria combate quando ensinasse, ou a arena do demônio não seria mudada em reino de Deus. Mas a arma que ele esgrime é a Palavra. É a Palavra que liberta e cura. Ela é a “espada de dois gumes” (Hb 4,12) que penetra os corações e ali implanta as sementes do reino de Deus.
Se o reino do mal se caracteriza pelas trevas e pela tristeza, Jesus anuncia um reino de luz e alegria. Será que ninguém percebe que a reação dos ouvintes de Jesus é uma reação de alegria? E, com esta, a esperança, o ânimo e mesmo o entusiasmo. Não queriam fazer do carpinteiro um rei porque ele espantava demônios, mas porque sua Palavra colocava à disposição de todos um novo mundo pacífico, alegre e feliz.
A pregação de Jesus é simples, é sóbria, sem recursos à oratória e, com absoluta certeza, sem gritos para emocionar o auditório. Jesus de Nazaré sabe que a liberdade espiritual deriva do conhecimento da verdade (cf. Jo 8,32). Basta ensinar para libertar. À proporção que sua Palavra ilumina os corações, caem por terra as correntes da mentira e da treva interior. Mesmo sem água benta, o maligno perde terreno.
Os apóstolos sabiam disso. Por isso mesmo, deixam de lado outras atividades para se dedicarem “à oração e ao serviço da Palavra” (cf. At 6,4).
Orai sem cessar: “Minha porção, Senhor, é guardar tuas palavras!” (Sl 119,57)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.