Liturgia de 11 de abril de 2024

QUINTA FEIRA – SANTO ESTANISLAU BISPO E MÃRTIR.

(vermelho, pref. pascal, ofício da memória)

 

Antífona

 - A luz eterna brilhará para os vossos santos, Senhor, e eles viverão eternamente, aleluia! (4Esd 2,35).

 

Coleta

- Ó Deus, que cuja honra o bispo santo Estaninlau tombou sob a espada dos perseguidores, concedei-nos também perseverar firmes na fé até a morte. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: At 5,27-33

- Leitura dos Atos dos Apóstolos - Naqueles dias, 27os guardas levaram os apóstolos e os apresentaram ao Sinédrio. O sumo sacerdote começou a interrogá-los, 28dizendo: “Nós tínhamos proibido expressamente que vós ensinásseis em nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!” 29Então Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens. 30O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-o numa cruz. 31Deus, por seu poder, o exaltou, tornando-o Guia Supremo e Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus pecados. 32E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que a Ele obedecem”. 33Quando ouviram isto, ficaram furiosos e queriam matá-los.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 34, 2.9.17-18.19-20 (R: 7a)

 

- Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido.
R: Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

 

- Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!

R: Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

 

- Mas ele volta a sua face contra os maus, para da terra apagar sua lembrança. Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias os liberta.

R: Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

 

- Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido. Muitos males se abatem sobre os justos, mas o Senhor de todos eles os liberta.

R: Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.

 

Aclamação ao santo Evangelho.

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Acreditastes, Tomé, porque me vistes. Felizes os que creem sem ter visto

(Jo 20,29).

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 3,31-36


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.

- Glória a vós, Senhor!

 

- 31“Aquele que vem do alto está acima de todos. O que é da terra, pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. 32Dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. 33Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 34De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o espírito sem medida. 35O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. 36Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele”.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

Liturgia comentada

A ira de Deus... (Jo 3,31-36)

Sim, são tempos de misericórdia. Jesus é Cordeiro manso, que se entrega em total mudez. Ele recusa as duas espadas (cf. Lc 22,38) que poderiam defendê-lo. É, porém, grave engano concluir que o Senhor misericordioso seria um Deus injusto e neutro diante do mal.

 

Este Evangelho faz referência “à cólera” de Deus (no grego original,  - orgé) que permanece suspensa sobre aquele que se recusa deliberadamente a crer no Salvador que se revela. É natural que alguém se sinta chocado ao ver que a Escritura atribui a Deus aquilo que aprendemos ser um pecado capital: a ira ou cólera. E realmente seria motivo de escândalo se esta “ira” fosse apenas a atitude de uma divindade descontrolada que decide pela agressão e pela vingança, e não um método de correção. Parece antes uma visão típica do Antigo Testamento, anterior à revelação da Paternidade divina, apresentada a nós por Jesus Cristo.

 

De fato, o Primeiro Testamento registra esta possibilidade. Por exemplo, no Livro dos Números (11,1): “Ora, o povo elevou uma queixa aos ouvidos de Yahweh e Yahweh a ouviu. A sua ira se inflamou e o fogo de Yahweh ardeu entre eles e devorou uma extremidade do acampamento”. Em nota, a Bíblia de Jerusalém comenta: “A ira de Deus, que toma frequentemente a forma de castigo, é um aspecto de sua santidade absoluta (Lv 17,1ss), de seu ‘ciúme’ (Dt 4,24), que não tolera nenhuma resistência ao seu desígnio, em particular nenhuma infidelidade à aliança (Nm 11,33; 12,9; Dt 1,34; 6,15; 9,8; 2Cr 19,2; Is 5,25).

 

Ao longo da história, a intercessão dos patriarcas (como Moisés em Ex 32,11ss), a pregação dos profetas (como Jonas em Jn 3,4-10) e a oração dos santos (Ap 5,8) mantiveram suspensa a mão do Juiz. Este “machado” (cf. Mt 3,10) permanece junto à raiz que ainda se recusa a dar frutos de penitência e conversão. Por isso, João Batista invectiva os fariseus e saduceus: “Quem vos sugeriu fugir para longe da cólera que está para vir? Dai, pois, um fruto digno de conversão!” (Mt 3,7)

 

Parece deboche afirmar que Deus é “bonzinho” e perdoará a qualquer tipo de pecado, mesmo que seja o desprezo pelo Salvador e a recusa da Graça (aliás, exatamente o pecado contra o Espírito Santo, imperdoável, conforme Mt 12,31-32). Exatamente na Segunda Vinda, no grande Dia do Senhor, ver-se-á a manifestação total e definitiva dessa cólera sem limites. Para alguns, melhor seria não ter nascido (cf. Mt 26,24; Lc 17,2).

 

Ah! Como é grande a cólera do Amor desprezado!

 

Orai sem cessar: “Acalma, Senhor, a tua ira contra nós!” (Sl 85,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.