Liturgia de 02 de abril de 2024

TERÇA FEIRA - OITAVA DA PÁSCOA
(branco, glória, prefácio da páscoa I- ofício próprio)

 

Antífona

- O Senhor deu-lhes a água da sabedoria, tornou-se a sua força, e não vacilam; vai exaltá-los para sempre, aleluia! (Eclo 15,3)

 

Coleta

- Ó Deus, que nos concedestes a salvação pascal, acompanhai o vosso povo com os dons celestes, para que, tendo conseguido a perfeita liberdade, possa alegrar-se no céu, como agora exulta na terra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e conosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

 

1ª Leitura: At 2,36-41

- Leitura dos Atos dos Apóstolos - No dia de Pentecostes, Pedro disse aos judeus: 36“Que todo povo de Israel reconheça com plena certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes”. 37Quando ouviram isso, eles ficaram com o coração aflito, e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, que devemos fazer?” 38Pedro respondeu: “Convertei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados. E vós recebereis o dom do Espírito Santo. 39Pois a promessa é para vós e vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar para si”. 40Com muitas outras palavras, Pedro lhes dava testemunho, e os exortava, dizendo: “Salvai-vos dessa gente corrompida!” 41Os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o batismo. Naquele dia, mais ou menos três mil pessoas se uniram a eles.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 33,4-5.18-19.20.22 (R: 5b)

- Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.
R: Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.


- Reta é a palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé. Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça.

R: Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.


- Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, e que confiam esperando em seu amor, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria.

R: Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.


- No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos!

R: Transborda em toda a terra a bondade do Senhor.

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!

(Sl 117, 24).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 20,11-18


 - O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João.

- Glória a vós, Senhor!

 

- Naquele tempo, 11Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. 12Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu:” Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Tendo dito isto, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Pensando que era o jardineiro, Maria disse: “Senhor, se foste tu que o levaste dize-me onde o colocaste, e eu o irei buscar”. 16Então Jesus disse: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabuni” (que quer dizer: Mestre). 17Jesus disse: “Não me segures. Ainda não subi para junto de meu Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!”, e contou o que Jesus lhe tinha dito.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

Liturgia comentada

A quem procuras? (Jo 20,11-18)

Esta é uma pergunta essencial para todos nós. Diferente de qualquer outro animal, que se contenta com encontrar água e comida, o homem é um ser sempre em busca de sentido. Nem mesmo a transição do nomadismo para a vida sedentária do urbanismo atual pôde alterar este traço constitutivo do ser humano: a procura...

 

Antes de sua Paixão e morte, Jesus já repetira a mesma pergunta por duas vezes. Na primeira, aos dois discípulos de João (cf. Jo 1,38); na segunda vez, aos guardas que foram prendê-lo no Getsêmani (cf. Jo 18,4). Duas diferentes maneiras de procurar Jesus: uns para segui-lo, outros para prendê-lo.

 

Não é o caso de Maria Madalena. Ela está envolvida em uma procura vital: seu amado morreu e o corpo lhe foi tirado. Onde encontrá-lo de novo? Sem nenhum exagero, podemos atribuir a Madalena as palavras do Cântico dos Cânticos: “Em meu leito, durante a noite, procurei o amado de minha alma. Procurei-o, e não o encontrei... Acaso vistes, vós, o amado de minha alma?” (Ct 3,1.3)

 

Em sua busca, Madalena se debruça sobre o túmulo. Ela procurava por um morto. Atitude bem semelhante à de tantos, em nosso tempo, quando só conseguem pensar em Jesus Cristo como personagem do passado, mergulhado nas brumas da história, misturado a césares e generais, filósofos e condottieri. Madalena não sabe, mas está de costas para Jesus...

 

É quando ela se vira para trás. Ali está Jesus. Aquele que só enxergamos no momento de uma “conversão”, uma mudança de rumo, um novo enfoque produzido pela Graça.

 

“Este encontro no jardim não é fortuito – afirma Claude Rault. O jardim onde o grão foi lançado à terra, o jardim do túmulo, torna-se o jardim do Gênesis, aquele das origens. Foi nesse lugar que Adão e Eva gozavam da intimidade de Deus. No jardim do túmulo a mulher vai encontrar a presença do Senhor.”

 

No jardim do Éden, era Deus quem procurava pelo humano: “Adão, onde estás?” No jardim do Getsêmani, a mulher procura por Deus. E ele se deixa encontrar. Ainda que ela buscasse por um cadáver, uma simples lembrança, uma sombra do passado...

 

Mas o Amado está vivo. Ele rompeu as barreiras da morte. Ele ainda pode falar. E fala. Chama-a pelo nome: “Mariam”. Madalena não só ouve o próprio nome, mas reconhece a música da voz: ninguém chama por mim dessa maneira! E logo responde: “Rabbouni!” Em aramaico, um diminutivo afetivo de “Rabi”, mestre, que poderíamos traduzir por “querido mestre”. Acabou a procura. Ela o achou...

 

Orai sem cessar: “Buscai o Senhor enquanto é possível encontrar...” (Is 55,6)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.