Liturgia de 09 de fevereiro de 2024

SEXTA FEIRA – V SEMANA COMUM

 (verde - oficio do dia)

 

Antífona da entrada

- Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, e ajoelhemo-nos ante o Deus que nos criou. Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor (Sl 94,6).

 

Coleta

- Velai, Senhor, nós vos pedimos com incansável amor sobre vossa família; e, porque só em vós coloca sua esperança, defendei-a sempre com a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e conosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

 

1ª Leitura: 1 Rs 11,29-32; 12,19

 - Leitura do primeiro livro dos Reis: 11,29Aconteceu, naquele tempo, que, tendo Jeroboão saído de Jerusalém, veio ao seu encontro o profeta Aías, de Silo, coberto com um manto novo. Os dois achavam-se sós no campo. 30Aías, tomando o manto novo que vestia, rasgou-o em doze pedaços 31e disse a Jeroboão: ‘Toma para ti dez pedaços. Pois assim fala o Senhor, Deus de Israel: Eis que vou arrancar o reino das mãos de Salomão e te darei dez tribos.

32Mas ele ficará com uma tribo, por consideração para com meu servo Davi e para com Jerusalém, cidade que escolhi dentre todas as tribos de Israel”. 12,19Israel rebelou-se contra a casa de Davi até o dia de hoje.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 81,10-11ab.12-13.14-15 (R:11a.9a)

 

- Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!
R: Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!


- Em teu meio não exista um deus estranho nem adores a um deus desconhecido! Porque eu sou o teu Deus e teu Senhor, que da terra do Egito te arranquei.

R: Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!


- Mas meu povo não ouviu a minha voz, Israel não quis saber de obedecer-me. Deixei, então, que eles seguissem seus caprichos, abandonei-os ao seu duro coração.

R: Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!


- Quem me dera que meu povo me escutasse! Que Israel andasse sempre em meus caminhos! Seus inimigos, sem demora, humilharia e voltaria minha mão contra o opressor.

R: Ouve, meu povo, porque eu sou o teu Deus!

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Abri-nos, ó Senhor, o coração para ouvirmos a Palavra de Jesus!

(At 16,14)

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 7,31-37


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos.

- Glória a vós, Senhor!

 

- Naquele tempo, 31Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galiléia, atravessando a região da Decápole. 32Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. 33Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: "Efatá!", que quer dizer: "Abre-te!" 35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam.37 Muito impressionados, diziam: "Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar".

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

Liturgia comentada

“Ephphatha!” (Mc 7,31-37)

Um dos títulos do Senhor Jesus é o de “Libertador” (aliás, sinônimo exato de “Redentor”, pois “redimir” significa etimologicamente “recomprar” o escravo, quebrando os elos da corrente que o prendiam. Uma reação de defesa contra certas “teologias da libertação” pode levar-nos a perder a inestimável riqueza deste título. No Evangelho de hoje, este aspecto da missão de Jesus é evidenciado quando “se abriram os ouvidos e se desatou a cadeia (vinculum, em latim) da língua” do surdo-mudo.

 

Um comentarista atento já observou que a palavra aramaica – ephphatha – pronunciada por Jesus em tom imperativo, sendo formada de um fonema labiodental redobrado, seria facilmente compreendida até por um surdo. Sua pronúncia já inclui a forte emissão de um sopro na direção do ouvinte.

 

Neste Evangelho, a libertação do deficiente foi imediata: o surdo-mudo se pôs a falar e a apregoar o nome de Jesus. Antes, mudo; agora, evangelizador! Temos aqui uma cura orientada para a missão!

 

Aliás, não é exagero ver nas curas realizadas por Jesus uma espécie de “iniciação” na fé por parte daqueles que foram agraciados com os milagres. Afinal, o mesmo imperativo – ephphatha – foi incluído pela Igreja primitiva no ritual da liturgia do Batismo, quando o ministro do sacramento soprava sobre a criança, abrindo seus ouvidos para a Palavra de Cristo. Assim, aquele que acaba de receber o batismo transforma-se em ouvinte privilegiado do Verbo de Deus.

 

Hoje, vinte séculos depois, muita gente se queixa de estar “amarrada”. Surgem até especialistas em “desamarrar”. Muita gente pede “oração de libertação”. Experimentam frequentemente uma espécie de prisão que lhes tolhe os movimentos na direção de Deus. Uma vaga preguiça para a oração, um “fechamento” da inteligência que transforma a Bíblia em uma sucessão de enigmas indevassáveis, ou terrível malha de rotina que impede a penetração nos símbolos e sinais da liturgia.

 

É a hora de se aproximar novamente de Jesus e pedir que ele perfure o tímpano espiritual que nos torna surdos. E que ele corte as amarras de nossa língua presa, que nos impedem de anunciar o Evangelho. E rompa as teias pegajosas de pecado que paralisam nossos pés diante da TV...

 

Como na Sequência de Pentecostes, rezemos: “Envergai o rígido, aquecei o frígido, conduzi o errante!”

 

Orai sem cessar: “Senhor, abre meus lábios, e minha língua proclamará o teu louvor!” (Sl 51 [50],17)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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