Liturgia de 09 de agosto de 2023

QUARTA FEIRA – XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM

(verde – ofício do dia)

 

Antífona da entrada 

- Meu Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor, em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não tardeis mais (Sl 69,2,6).

 

Oração do dia 

- Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os filhos e filhas que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Nm 13,1-2.25-14,1.26-30.34-35 

- Leitura do livro dos Números: Naqueles dias, 13,1o Senhor falou a Moisés, no deserto de Faran, dizendo: 2“Envia alguns homens para explorar a terra de Canaã, que vou dar aos filhos de Israel. Enviarás um homem de cada tribo, e que todos sejam chefes”. 25Ao fim de quarenta dias, eles voltaram do reconhecimento do país 26e apresentaram-se a Moisés, a Aarão e a toda a Comunidade dos filhos de Israel, em Cades, no deserto de Faran. E, falando a eles e a toda a comunidade, mostraram os frutos da terra 27e fizeram a sua narração, dizendo: “Entramos no país, ao qual nos enviastes, que de fato é uma terra onde corre leite e mel, como se pode reconhecer por estes frutos. 28Porém, os habitantes são fortíssimos, e as cidades grandes e fortificadas. Vimos lá descendentes de Enac; 29os amalecitas vivem no deserto do Negueb; os hititas, jebuseus e amorreus, nas montanhas; mas os cananeus, na costa marítima e ao longo do Jordão”. 30Entretanto Caleb, para acalmar o povo revoltado, que se levantava contra Moisés, disse: “Subamos e conquistemos a terra, pois somos capazes de fazê-lo”. 31Mas os homens que tinham ido com ele disseram: “Não podemos enfrentar esse povo, porque é mais forte do que nós”. 32E, diante dos filhos de Israel, começaram a difamar a terra que haviam explorado, dizendo: “A terra que fomos explorar é uma terra que devora os seus habitantes: o povo que aí vimos é de estatura extraordinária. 33Lá vimos gigantes, filhos de Enac, da raça dos gigantes; comparados com eles parecíamos gafanhotos”. 14,1Então, toda a comunidade começou a gritar, e passou aquela noite chorando. 26O Senhor falou a Moisés e Aarão, e disse: 27”Até quando vai murmurar contra mim esta comunidade perversa? Eu ouvi as queixas dos filhos de Israel. 28Dize-lhes, pois: ‘Por minha vida, diz o Senhor, juro que vos farei assim como vos ouvi dizer! 29Neste deserto ficarão estendidos os vossos cadáveres. Todos vós que fostes recenseados, da idade de vinte anos para cima, e que murmurastes contra mim, 30não entrareis na terra na qual jurei, com mão levantada, fazer-vos habitar, exceto Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. 34Carregareis vossa culpa durante quarenta anos, que correspondem aos quarenta dias em que explorastes a terra, isto é, um ano para cada dia; e experimentareis a minha vingança’. 35Eu, o Senhor, assim como disse, assim o farei com toda essa Comunidade perversa, que se insurgiu contra mim: nesta solidão será consumida e morrerá”.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 106,6-7a.13-14.21-22.23 (R: 4a)

 

- Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo o amor para com vosso povo!
R: Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo o amor para com vosso povo!


- Pecamos como outrora nossos pais, praticamos a maldade e fomos ímpios; no Egito nossos pais não se importaram com os vossos admiráveis grandes feitos.

R: Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo o amor para com vosso povo!


- Mas bem depressa esqueceram suas obras, não confiaram nos projetos do Senhor. No deserto deram largas à cobiça, na solidão eles tentaram o Senhor.

R: Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo o amor para com vosso povo!


- Esqueceram-se do Deus que os salvara, que fizera maravilhas no Egito; no país de Cam fez tantas obras admiráveis, no Mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.

R: Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo o amor para com vosso povo!


- Até pensava em acabar com sua raça, não se tivesse Moisés, o seu eleito, interposto, intercedendo junto a ele, para impedir que sua ira os destruísse.

R: Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo o amor para com vosso povo!



Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo, aleluia.

(Lc 7,16).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 15,21-28

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

- Glória a vós, Senhor!   

 

- Naquele tempo, 21Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. 22Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” 23Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”. 24Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 25Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” 26Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. 27A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” 28Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

  

 

Liturgia comentada

Os cachorrinhos também comem... (Mt 15,21-28)

Para escrever um Evangelho como este, o evangelista Levi-Mateus certamente precisou converter-se. Afinal de contas, os judeus eram, orgulhosamente, o “povo escolhido”. O único povo que Deus chamara a cultuá-lo de modo especial. O resto? Bem, os estrangeiros (os goyim) eram os cães...

 

O termo pejorativo e ofensivo se aplicava até mesmo aos soldados romanos que dominavam a Palestina imperial. Para os filhos de Abraão, não havia escolha: ser judeu ou... o resto.

 

Pois é do mundo “de fora”, do mundo “sujo”, que surge esta mulher admirável. Vinha da antiga Fenícia, o litoral a oeste de Israel, onde Tiro e Sídon haviam acumulado os frutos do comércio internacional. A indústria da púrpura – corante extraído de um molusco abundante nas águas do Mediterrâneo – cobrira as praias de toneladas de carapaças malcheirosas, que acentuavam ainda mais a “impureza” ritual desses estrangeiros.

 

Quando a mulher se dirige a Jesus, ela sabe que está ultrapassando um limiar praticamente intransponível: as barreiras do preconceito. Mesmo assim, pede pela libertação de sua filhinha, acossada pelo demônio. Num primeiro momento, Jesus parece recusar, pois “o pão era apenas para os filhos”. A mulher insiste, com um misto de humildade e sabedoria: sabendo que não pertence ao povo escolhido, ela não pretende de modo algum o pão dos filhos. Quer apenas as sobras. As migalhas que caem da mesa – isto é o que ela pede para seu filhote.

 

Caem também as defesas do Mestre: “Mulher, grande é a tua fé! Seja conforme queres!” E de pronto a menina fica livre de seu mal.

 

Temos aqui uma lição para nossa vida prática? Somos cachorrinhos? Ou somos filhos, pelo Batismo? Se mesmo os cãezinhos acabam por receber alguma atenção do Senhor, que dizer de nós – convidados para o banquete da Eucaristia?

 

Aliás, cabem outras perguntas: sou frequente à mesa do Senhor? Dou valor a esse festim diariamente preparado para os filhos? Ou ando meio enfastiado, intoxicado por alimentos estranhos?

 

Seria terrível um filho da Igreja viver subnutrido, morrer de inanição, tornar-se pasto de demônios, quando o Pão de Vida nos é oferecido por Jesus Cristo, todos os dias de nossa vida!

 

Orai sem cessar: “Senhor, dá-nos sempre desse Pão!” (Jo 6,34)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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