Liturgia de 07 de agosto de 2023

SEGUNDA FEIRA – XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM

(verde – ofício do dia)

 

Antífona da entrada

- Meu Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor, em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não tardeis mais (Sl 69,2,6).

 

Oração do dia

- Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os filhos e filhas que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Nm 11,4b-15

- Leitura do livro dos Números - Naqueles dias, 4bos filhos de Israel começaram a lamentar-se, dizendo: “Quem nos dará carne para comer? 5Vêm-nos à memória os peixes que comíamos de graça no Egito, os pepinos e os melões, as verduras, as cebolas e os alhos. 6Aqui nada tem gosto ao nosso paladar, não vemos outra coisa a não ser o maná”. 7O maná era parecido com a semente do coentro e amarelado como certa resina. 8O povo se dispersava para o recolher e o moia num moinho, ou socava num pilão. Depois o cozinhavam numa panela e faziam broas com gosto de pão amassado com azeite. 9À noite, quando o orvalho caía no acampamento, caía também o maná. 10Moisés ouviu, pois, o povo lamentar-se em cada família, cada um à entrada de sua tenda. 11Então o Senhor tomou-se de uma cólera violenta, e Moisés, achando também tal coisa intolerável, disse ao Senhor: “Por que maltrataste assim o teu povo? Por que gozo tão pouco do teu favor, a ponto de descarregares sobre mim o peso de todo este povo? 12Acaso fui eu quem concebeu e deu à luz todo este povo, para que me digas: ‘Carrega-o ao colo, como a ama costuma fazer com a criança; e leva-o à terra que juraste dar a seus pais!’? 13Onde conseguirei carne para dar a toda esta gente? Pois se lamentam contra mim, dizendo: ‘Dá-nos carne para comer!’ 14Já não posso suportar sozinho o peso de todo este povo: é grande demais para mim. 15Se queres continuar a tratar-me assim, peço-te que me tires a vida, se achei graça a teus olhos, para que eu não veja mais tamanha desgraça”.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 81,12-13.14-15.16-17 (R: 2a)

- Exultai no Senhor, nossa força.

R: Exultai no Senhor, nossa força.

 

- Mas meu povo não ouviu a minha voz, Israel não quis saber de obedecer-me. Deixei, então, que eles seguissem seus caprichos, abandonei-os a seu duro coração.
R: Exultai no Senhor, nossa força.

 

- Quem me dera que meu povo me escutasse! Que Israel andasse sempre em meus caminhos! Seus inimigos, sem demora, humilharia e voltaria minha mão contra o opressor.

R: Exultai no Senhor, nossa força.

 

- Os que odeiam o Senhor o adulariam, seria este seu destino para sempre; eu lhe daria de comer a flor do trigo, e com o mel que sai da rocha o fartaria.

R: Exultai no Senhor, nossa força.

 

Aclamação ao santo Evangelho.

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

 - O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus! (Mt 4,4b)

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 14,13-21


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

- Glória a vós, Senhor!

- Naquele tempo, 13quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. 14Ao sair da barca, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. 15Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!” 16Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” 17Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. 18Jesus disse: “Trazei-os aqui”. 19Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. 20Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. 21E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

Liturgia comentada

Moveu-se de compaixão... (Mt 14,13-21)

Quantos pães? Cinco. Quantos peixes? Dois. Quantas bocas? 5.000 – sem contar as bocas de mulheres e crianças, que a cultura da época não recenseava. Quantos cestos de sobras? Doze.

 

A pregação da moda ignora os números e as quantidades para realçar a importância da “partilha”, reduzindo o milagre ao esforço humano, às possibilidades do grupo, às realizações da comunidade.

 

Ora, amigos, ninguém dá o que não tem. Para partilhar, só tenho a minha fome, que vai de encontro à fome de meu irmão. Logo, devo procurar em outra parte a “explicação” do milagre, como se um milagre tivesse explicação...

Ou terá?

 

A única explicação dos pães multiplicados está no versículo 14: “Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes”.

 

É imensa a multidão. Maior ainda é a misericórdia desse coração movido por emoções e sentimentos, o coração de Jesus. No texto grego deste Evangelho, a palavra que traduzimos por “encheu-se de compaixão” é o verbo “esplagnísthe”, em cujo interior se esconde uma víscera do abdome: o baço. Temos, em português, o adjetivo “esplênico”, com a mesma raiz. Por isso mesmo, gosto da tradução da Ir. Jeanne D’Arc, OP: “Il est remué jusqu’aux entrailles pour eux” [Ele se revolve até as entranhas por eles].

 

É impossível não pensar no termo hebraico rahamim, que o Antigo Testamento emprega para falar da misericórdia de Deus, mesmo antes da Encarnação do Verbo. Rahamim é um substantivo plural que designa o útero materno ou, por extensão, as vísceras do abdome, ali onde as emoções “dão frio na barriga” e somatizam em vômitos e soluços os sentimentos que nos abalam.

 

Neste Evangelho, a visão da multidão sedenta da verdade – mais que faminta de pão! – golpeia o mais profundo do ser de Jesus. Ele sente e ressente. Ele se comove. E faz o grande milagre...

 

E é por isso que nós ainda não fazemos milagres. O espetáculo diário contemplado por nossos olhos ainda não chegou a mexer com nosso baço, a revolver nosso fígado, a enternecer nosso coração. Os grandes santos da história da Igreja tinham as mesmas entranhas de misericórdia que moveram Dom Bosco, Dom Orione e Madre Teresa de Calcutá. Sejamos sensíveis...

 

Orai sem cessar: “Nós e nossos irmãos somos todos da mesma carne” (Ne 5,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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