Liturgia de 02 de agosto de 2021

SEGUNDA FEIRA – XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM

(verde – ofício do dia)

 

Antífona da entrada

- Meu Deus, vinde libertar-me, apressai-vos, Senhor, em socorrer-me. Vós sois o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não tardeis mais (Sl 69,2,6).

 

Oração do dia

- Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os filhos e filhas que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

1ª Leitura: Nm 11,4b-15

- Leitura do livro dos Números - Naqueles dias, 4bos filhos de Israel começaram a lamentar-se, dizendo: “Quem nos dará carne para comer? 5Vêm-nos à memória os peixes que comíamos de graça no Egito, os pepinos e os melões, as verduras, as cebolas e os alhos. 6Aqui nada tem gosto ao nosso paladar, não vemos outra coisa a não ser o maná”. 7O maná era parecido com a semente do coentro e amarelado como certa resina. 8O povo se dispersava para o recolher e o moia num moinho, ou socava num pilão. Depois o cozinhavam numa panela e faziam broas com gosto de pão amassado com azeite. 9À noite, quando o orvalho caía no acampamento, caía também o maná. 10Moisés ouviu, pois, o povo lamentar-se em cada família, cada um à entrada de sua tenda. 11Então o Senhor tomou-se de uma cólera violenta, e Moisés, achando também tal coisa intolerável, disse ao Senhor: “Por que maltrataste assim o teu povo? Por que gozo tão pouco do teu favor, a ponto de descarregares sobre mim o peso de todo este povo? 12Acaso fui eu quem concebeu e deu à luz todo este povo, para que me digas: ‘Carrega-o ao colo, como a ama costuma fazer com a criança; e leva-o à terra que juraste dar a seus pais!’? 13Onde conseguirei carne para dar a toda esta gente? Pois se lamentam contra mim, dizendo: ‘Dá-nos carne para comer!’ 14Já não posso suportar sozinho o peso de todo este povo: é grande demais para mim. 15Se queres continuar a tratar-me assim, peço-te que me tires a vida, se achei graça a teus olhos, para que eu não veja mais tamanha desgraça”.

 

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 81,12-13.14-15.16-17 (R: 2a)

- Exultai no Senhor, nossa força.

R: Exultai no Senhor, nossa força.

 

- Mas meu povo não ouviu a minha voz, Israel não quis saber de obedecer-me. Deixei, então, que eles seguissem seus caprichos, abandonei-os a seu duro coração.
R: Exultai no Senhor, nossa força.

 

 

- Quem me dera que meu povo me escutasse! Que Israel andasse sempre em meus caminhos! Seus inimigos, sem demora, humilharia e voltaria minha mão contra o opressor.

R: Exultai no Senhor, nossa força.

 

 

- Os que odeiam o Senhor o adulariam, seria este seu destino para sempre; eu lhe daria de comer a flor do trigo, e com o mel que sai da rocha o fartaria.

R: Exultai no Senhor, nossa força.

 

Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

 

 - O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra da boca de Deus!

(Mt 4,4b)

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 14, 13-21


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.

- Glória a vós, Senhor!

- Naquele tempo, 13quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. 14Ao sair da barca, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. 15Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!” 16 Jesus, porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” 17Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. 18Jesus disse: “Trazei-os aqui”. 19Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. 20Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. 21E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.

 

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

Liturgia comentada

Todos comeram... (Mt 14,13-21)

Sim, todos comeram. E eram cinco mil, sem contar mulheres e crianças, que àquela época não se costumava recensear. Ninguém ficou com fome. E ainda sobraram quantos cestos cheios de pão? Doze.

Mas não era está a intenção inicial dos discípulos de Jesus. Quando viram a multidão com fome e o adiantado da hora, sugeriram uma solução bem prática: devolver todo mundo para casa. Se desfalecessem pelo caminho, cavacos do ofício...

Pois não foi este o desígnio do Mestre. Por estranho que parecesse, ele deu a ordem: “Vocês mesmos deem a eles de comer...” É assim que Jesus nos obriga a entender que a fome do outro é, sim, problema nosso.

E fique bem claro que não havia comida suficiente para ser “partilhada” com a grande multidão, como pretendem certos pregadores distributivistas. Cinco pães e dois lambaris jamais saciariam tanta gente. Ou seja, estamos de fato diante de um milagre. Nós entramos com pouco e Deus entra com mais que o necessário. É sobre este descompasso entre o humano e o divino que Urs von Balthasar nos esclarece:

“O motivo atravessa os evangelhos: desde Caná, a primeira revelação pública, o homem tem pouco demais, e Deus lhe oferece em excesso. Mais vinho e, depois, por assim dizer, tarde demais, uma superabundância. Cinco pães e, após a saciedade de milhares de pessoas, doze cestos daquilo que sobrou e é devolvido aos discípulos para que o gerenciem.

Naturalmente, o paradoxo material é apenas um ‘sinal’. Uma parábola para aquilo é espiritual: o Todo-Poderoso é doce e humilde de coração, o revelador, rejeitado por todos, e recebe o julgamento total sobre o mundo que lhe é transmitido. Não se trata apenas da oposição entre a pobreza do homem e a riqueza de Deus, mas do paradoxo bem mais profundo de um Deus que se faz pobre para nos enriquecer a todos (cf. 2Cor 8,9). Ele, o perseguido, distribui diante de nós, precisamente nessa situação, a sua riqueza inconcebível.”

Os socialistas vão insistir nas fazendas coletivas. Os financistas dirão que é preciso, primeiro, deixar o bolo crescer para depois reparti-lo com quem sentir fome (se não tiver morrido ainda). Jesus é diferente: ele ensina a contar com Deus, aquele que multiplica nosso nada e divide o seu tudo.

É diferente a matemática de Deus...

 

Orai sem cessar: “O Senhor não deixa que o justo passe fome.” (Pr 10,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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