Liturgia de 22 de março de 2021

SEGUNDA FEIRA DA V SEMANA DA QUARESMA

(roxo, pref. da paixão I, ofício do dia)

Antífona da entrada

 

- Tende piedade de mim, Senhor, pois me atormentam; todos os dias me oprimem os agressores (Sl 55,2).

Oração do dia

 

- Ó Deus, que pela vossa graça inefável nos enriqueceis de todos os bens, concedei-nos passar da antiga à nova vida, preparando-nos assim para o reino da glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Dn 13,41c-62

 

- Leitura da profecia de Daniel: Naqueles dias, 41ca assembleia condenou Susana à morte. 42Su­sana, porém, chorando, disse em voz alta: “Ó Deus eterno, que conheces as coisas escondidas e sabes tudo de antemão, antes que aconteça! 43Tu sabes que é falso o testemunho que levantaram contra mim! Estou condenada a morrer, quando nada fiz do que estes maldosamente inventaram a meu respeito! 44O Senhor escutou sua voz. 45Enquanto a levavam para a execução, Deus suscitou o santo espírito de um adolescente, de nome Daniel. 46E ele clamou em alta voz: “Sou inocente do sangue desta mulher!” 47Todo povo então voltou-se para ele e perguntou: “Que palavra é esta, que acabas de dizer?” 48De pé, no meio deles, Daniel respondeu: “Sois tão insensatos, filhos de Israel? Sem julgamento e sem conhecimento da causa verdadeira, condenais uma filha de Israel? 49Voltai a repetir o julgamento, pois é falso o testemunho que levantaram contra ela!” 50Todo o povo voltou apressadamente, e outros anciãos disseram ao jovem: “Senta-te no meio de nós e dá-nos o teu parecer, pois Deus te deu a honra da velhice”. 51Falou então Daniel: “Mantende os dois separados, longe um do outro, e eu os julgarei”. 52Tendo sido separados, Daniel chamou um deles e lhe disse: “Velho encarquilhado no mal! Agora aparecem os pecados que estavas habituado a praticar.53Fazias julgamentos injustos, condenando inocentes e absolvendo culpados, quando o Senhor ordena: ‘Não farás morrer o inocente e o justo!’ 54Pois bem, se é que viste, dize-me à sombra de que árvore os viste abraçados?” Ele respondeu: “À sombra de uma aroeira”.55Daniel replicou: “Mentiste com perfeição, contra a tua própria cabeça. Por isso o anjo de Deus, tendo recebido já a sentença divina, vai rachar-te pelo meio!” 56Mandando sair este, ordenou que trouxessem o outro: “Raça de Canaã, e não de Judá, a beleza fascinou-te e a paixão perverteu o teu coração. 57Era assim que procedíeis com as filhas de Israel, e elas por medo sujeitavam-se a vós. Mas uma filha de Judá não se submeteu a essa iniquidade. 58Agora, pois, dize-me debaixo de que árvore os surpreendeste juntos?” Ele respondeu: “Debaixo de uma azinheira”. 59Daniel retrucou: “Também tu mentiste com perfeição, contra tua própria cabeça. Por isso o anjo de Deus já está à espera, com a espada na mão, para cortar-te ao meio e para te exterminar!” 60Toda a assistência pôs-se a gritar com força, bendizendo a Deus, que salva os que nele esperam.61E voltaram-se contra os dois velhos, pois Daniel os tinha convencido, por suas próprias palavras, de que eram falsas testemunhas. E, agindo segundo a lei de Moisés, fizeram com eles aquilo que haviam tramado perversamente contra o próximo. 62E assim os mataram, enquanto, naquele dia, era salva uma vida inocente.


- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 23,1-3a.3b-4.5.6 (R: 4a)

- Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.
R: Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.


- O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças.

R: Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.


- Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!

R: Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.


- Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do meu inimigo, com óleo vós ungis minha cabeça, e o meu cálice transborda.

R: Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.


- Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos.

R: Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, estais comigo.

Aclamação ao santo Evangelho

 

Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos

Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos

 

- Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e tenha vida (Ez 33,11).

Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos

Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 8,1-11

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João

- Glória a vós, Senhor!  

 

- Naquele tempo, 1Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. 3Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Levando-a para o meio deles, 4disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” 6Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. 7Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. 9E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio, em pé. 10Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu, também, não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

 

Liturgia comentada

Ninguém te condenou? (Jo 8, 1-11)

Apanhada em flagrante adultério, uma jovem noiva [se já fosse mulher casada, seria condenada à forca, conforme o Sifrei 361 dos rabinos judaicos] é arrastada aos pés de Jesus por um grupo de escribas e fariseus que pretendem puni-la com a lapidação, conforme previsto na lei mosaica. Uma frágil pomba cercada de falcões sanguinários. Apontam para ela o dedo indicador da mão direita em um gesto de acusação... Ela deve pagar o pecado com a morte!

Na verdade, afirma João, tratava-se de um pretexto para deixar Jesus em má situação. Era como se dissessem: - “Vamos ver como sai dessa o tal rabi da Galileia que tanto fala em misericórdia... Se concorda com o apedrejamento, desmente tudo que já ensinou. Se se posiciona a favor da adúltera, podemos acusá-lo de rejeitar a Lei”. Assim, depois de citar os preceitos que mandavam apedrejar a infratora (cf. Lv 20, 10; Dt 22, 23), espremem Jesus contra a parede: - “E tu, que dizes?”

Mas eles mentiam, de certa forma, pois a Lei mandava aplicar a dura pena não somente contra a mulher, mas também contra o parceiro de adultério. E Jesus se cala, se inclina e começa a escrever com o mesmo dedo da mão direita na areia fina do pátio do Templo. Ali, era exatamente a Terra de Moriá, onde Isaac tinha sido poupado da morte (Gn 22). Não era lugar de condenação.

E o contraste é ainda mais agudo quando se leva em conta que a Lei invocada pelos acusadores havia sido gravada na pedra do Sinai, de modo indelével, e transmitida a Moisés nos ásperos tempos da Velha Aliança. Desta vez, já em clima da Nova e Eterna Aliança, é sobre a areia fina que Jesus escreve. Areia que um leve sopro de vento desmancha, a-pagando os crimes e os castigos. Areias de misericórdia...

Como os acusadores insistem em obter uma resposta, Jesus, ainda inclinado, manda que a primeira pedra seja atirada por algum dos acusadores que esteja sem pecado. Depois de rápido exame de consciência, a começar pelos mais velhos – exatamente os que tiveram mais tempo para pecar -, eles se vão retirando um a um, deixando a sós Jesus e a pecadora. O Mestre estende agora – só agora – o dedo indicador para ela e pergunta: “Ninguém te condenou?” Ela murmura: “Ninguém...”

“Nem eu te condeno” - diz Jesus. “Vai e não tornes a pecar!” Aquele mesmo Juiz que detesta radicalmente o pecado sempre terá infinitas reservas de amor pelos pecadores, pois Deus é amor...

 

Orai sem cessar: “Meu Deus enviou seu anjo e fechou a boca dos leões!” (Dn 6, 23)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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