Liturgia de 08 de dezembro de 2020

TERÇA FEIRA - IMACULADA CONCEIÇÃO
(cor branco, glória, creio, pref. próprio - ofício da solenidade)

Antífona da entrada

- Com grande alegria, rejubilo-me no Senhor, e minha alma exultará no meu Deus, pois me revestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas joias

(Is 61,10).

Oração do dia

 

- Ó Deus, que preparastes uma digna habitação para o vosso Filho pela imaculada conceição da Virgem Maria, preservando-a de todo pecado em previsão dos méritos de Cristo, concedei-nos chegar até vós purificados também de toda culpa por sua materna intercessão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Gn 3, 9-15.20


- Leitura do livro do Gênesis: 9O Senhor Deus chamou Adão, dizendo: “Onde estás?”  10E ele respondeu: “Ouvi tua voz no jardim, e fiquei com medo porque estava nu; e me escondi”. 11Disse-lhe o Senhor Deus: “E quem te disse que estavas nu? Então comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer?” 12Adão disse: “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. 13Disse o Senhor Deus à mulher: “Por que fizeste isso?” E a mulher respondeu: “A serpente enganou-me e eu comi”. 14Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias de tua vida! 15Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. 20E Adão chamou à sua mulher “Eva”, porque ela é a mãe de todos os viventes.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 98,1.2-3ab.3bc-4 (R: 1a)

- Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios!
R: Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios!


- Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! Sua mão e seu braço forte e santo alcançaram-lhe a vitória.

R: Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios!

 

- O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel pela casa de Israel.

R: Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios!


- Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!

R: Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios!

2ª Leitura: Ef 1, 3-6.11-12


- Leitura da carta de são Paulo aos Efésios: 3Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. 4Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. 5Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, 6para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. 11Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados 12a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Aclamação ao santo Evangelho

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

 - Maria, alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo! (Lc 1,28)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 1, 26-38


- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.

- Glória a vós, Senhor!

- Naquele tempo, 26no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”.  34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

 

Liturgia comentada

Onde estás? (Gn 3,9-15.20)

Na alvorada da história humana – ainda no terceiro capítulo da Sagrada Escritura! – já podemos encontrar o Deus Criador à procura do homem. Enfurnado em um recanto do Jardim, vestido de culpa e de nudez, o homem parece evitar o encontro de todos os dias. E ressoa pelo Éden o chamado divino: “Onde estás?”

Segue-se o diálogo entre o Criador e o primeiro casal. Neste episódio, a mulher aparece como colaboradora da ruptura com Deus, motivada pela ilusão de serem “como Deus” (cf. Gn 3,5). É sugestivo que a liturgia da Igreja escolha exatamente esta passagem ao celebrar a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Trata-se de estabelecer um paralelo – ou melhor, um contraste – entre duas mulheres: Eva e Maria. Aquela que foi o vetor da morte e aquela que foi a matriz da Vida.

No diálogo com Eva, o Criador procura orientar o olhar dela para um tempo futuro, quando um Descendente da mulher (cf. Gn 3,15) seria vencedor do mal que se espalhara pela Criação a partir da desobediência original. Assim, se uma mulher participara da Queda, outra Mulher participaria do reerguimento da humanidade. Após a degeneração da raça, um tempo de regeneração.

Os Padres da Igreja, desse os primeiros séculos do cristianismo, acentuaram o contraste entre as duas mulheres. Eva foi extraída do lado do primeiro Adão; do ventre de Maria nasceu o novo Adão, o Salvador Jesus. E não deixa de ser admirável que esta celebração recorde também a promoção da Mulher a alturas inimagináveis, pois o próprio Deus a escolhera como colaboradora da Encarnação do Verbo.

Ao comentarem esta passagem do Gênesis, conhecida como um “proto-evangelho”, os Padres da Igreja viram Maria como a “segunda Eva”, unida de modo esponsal ao segundo Adão, e mãe de todos os que foram arrancados das sombras da morte e voltaram a ser “viventes” com a vida que brota do Ressuscitado.

De fato, a saudação angélica na cena da Anunciação, quando Gabriel nomeia Maria de Nazaré como “cheia de graça”, isto é, sem nenhum espaço para o mal, afirma de modo positivo a concepção imaculada da futura Mãe de Deus. A forma verbal grega utilizada por São Lucas no Evangelho da Anunciação [kecharitoméne] bem merece a tradução: “Tu que foste e permaneces repleta do favor divino” (BJ, nota ‘t’).

E os poetas da Liturgia das Horas se divertem com o trocadilho EVA / AVE, onde a Igreja reconhece as glórias de Maria “mutans Hevae nomen”...

 

Orai sem cessar: “É a voz do meu Amado!” (Ct 2,8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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