Liturgia de 13 de setembro de 2020

DOMINGO – XXIV SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde, glória, creio – IV semana do saltério)

Antífona da entrada

- Ouvi, Senhor, as preces de vosso servo e do vosso povo eleito: dai a paz àqueles que esperam em vós, para que vossos profetas sejam verdadeiros
(Eclo 36,18).

Oração do dia

- Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Eclo 27,33-28,9

- Leitura do livro do Eclesiástico: 33O rancor e a raiva são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las. 28,1Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados. 2Perdoa a injustiça cometida por teu próximo; assim, quando orares, teus pecados serão perdoados. 3Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? 4Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados? 5Se ele, que é um mortal, guarda rancor, quem é que vai alcançar perdão para seus pecados? 6Lembra-te do teu fim e deixa de odiar; 7pensa na destruição e na morte, e persevera nos mandamentos. 8Pensa nos mandamentos, e não guardes rancor ao teu próximo. 9Pensa na aliança do Altíssimo, e não leves em conta a falta alheia!

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 103,1-2.3-4.9-10.11-12 (R: 8)

- O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.
R: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

- Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!
R: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

- Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.
R: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

- Não fica sempre repetindo as suas queixas, nem guarda eternamente o seu rancor. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas.
R: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

- Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes.
R: O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

2ª Leitura: Rom 14,7-9

- Leitura da carta de são Paulo aos Romanos: Irmãos: 7Ninguém dentre vós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. 8Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Portanto, vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. 9Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto: para ser o Senhor dos mortos e dos vivos.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Aclamação ao santo Evangelho.

Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.

- Eu vos dou este novo mandamento, nova ordem, agora, vos dou; que, também, vos ameis uns aos outros, como eu vos amei, diz o Senhor
(Jo 13,34).

Aleluia, aleluia, aleluia.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 18,21-35

- O Senhor esteja convosco.
- Ele está no meio de nós.

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus
- Glória a vós, Senhor!

- Naquele tempo, 21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, levaram-lhe um que devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!’ 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali aquele empregado encontrou um de seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. 29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo, e eu te pagarei!’ 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia.
31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”.

- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor!

 

 

 

Liturgia comentada
Não devias ter compaixão? (Mt 18,21-35)

Neste Evangelho está registrada uma das parábolas de Jesus que contém o mais forte apelo à misericórdia: a parábola do servo cruel. Misericórdia e crueldade (palavra que pouco se ouve, como velada por certo medo de reconhecê-la em nós mesmos...) balizam os polos opostos no tratamento do erro humano. De nossas falhas. De nossos pecados...

Nós podemos escolher o exemplo do roubo, do latrocínio, do desvio de verbas, da corrupção em geral. Desde a antiguidade, os códigos de leis estabeleceram punições para os infratores, que podiam variar desde as chicotadas até a prisão do criminoso e a amputação da mão que havia roubado. Nesta mesma parábola, a sentença inicial do rei fora a venda do corrupto como escravo, incluindo mulher, filhos e todos os seus bens.

Por outro lado, os mesmos códigos previam igualmente que o rei ou o governador pudesse agraciar o criminoso com algum tipo de indulto, revogando a pena anteriormente imposta. Foi o caso de Barrabás, no episódio da Paixão de Cristo (cf. Mt 27,21).

A mensagem de Jesus Cristo é bem mais exigente e vai além da justiça meramente humana. O servo cruel, arvorado em acusador do companheiro, acabava de receber o perdão do rei. Aliás, perdão imerecido, motivado pela simples compaixão do poderoso. Pois é esta a nossa situação: pecadores que somos, fomos perdoados pelos méritos de Jesus, que deu a vida por nós, como vítima vicária. Já que somos devedores insolventes e fomos alvo da misericórdia divina, com que direito iríamos assumir a condição de acusadores de nossos irmãos?

Assim, estamos diante de um convite a reconhecer a fragilidade de toda pessoa humana. Quando esta se manifesta, é hora de recordar que também nós seríamos capazes de cometer algo semelhante. E lembrar que só a graça de Deus nos permite evitar os mesmos pecados.

“A graça é geradora de uma vida nova, ou então ela não é a Graça de Deus. Ela marca o começo, e não o fim de nossas relações com Deus. O pecador justificado pela graça permanece – e é nisso que consiste a santificação – sob a ação da graça. Se esta é desconhecida ou esquecida, se nós nos mantemos, como o servo cruel, fora da presença do Senhor, voltamos a cair na condenação de sua justiça.” (H. Roux)

Orai sem cessar: “Sede imitadores de Deus!” (Ef 5,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.