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ROMA, 01 Set. 08 / 06:15 pm (ACI).-
Em conferência de imprensa realizada logo após de seu encontro hoje com o Papa Bento XVI no Palácio Apostólico de Castelgandolfo, a ex-candidata presidencial da Colômbia, Ingrid Betancourt, revelou que durante suas marchas na espessura da selva quando estava seqüestrada pelas FARC, "entre a desesperança e a tristeza ouvi no rádio a voz do Papa pronunciando meu nome". "Sua voz", disse, "foi como uma luz".
Diante de 200 jornalistas, diplomáticos e autoridades italianas, Betancourt relatou que o Santo Padre lhe assinalou que "soube lhe pedir a Deus, porque lhe pediu que se fizesse sua vontade", logo depois de que lhe relatasse suas extenuantes jornadas na selva.
"Depois de uma marcha muito longa e dura, em uma geografia difícil e com o peso da equipe, às seis da tarde pude descansar, e entre a desesperança e a tristeza ouvi no rádio a voz do Papa pronunciando meu nome. É difícil descrever o efeito psicológico disso sobre um prisioneiro", disse Betancourt, conforme informa AFP.
"Quando na selva pensamos que deixamos de existir, a voz do Papa foi como uma luz. Por isso quando voltei para a liberdade quis vir a vê-lo e abraçá-lo. Hoje cumpri esse sonho", disse logo.
Ingrid Betancourt explicou logo como paulatinamente se foi aproximando novamente a Deus através da Bíblia. "Em 1 de junho, enquanto ouvia Rádio Católica Mundial, alguém falava de uma Santa a que Jesus lhe tinha feito algumas promessas a condição de que se entregasse ao Sagrado Coração de Jesus", contou derramando algumas lágrimas, arrancando os aplausos dos assistentes.
"As três condições que exigia eram como para mim. Disse-me, Jesus te peço o milagre não de minha liberação, mas sim de saber quando vou ser liberada porque isso me dá a força de agüentar. Se o milagre se cumpre vou ser tua", contou.
"Disse-lhe ao Papa que não sabia o que significava ser de Cristo e Ele me respondeu que Ele me mostrará a via", sublinhou. "Se os senhores entenderem como se deve falar com Ele, isso os ajudará também", disse.
"A Bíblia tem todas as respostas e todas as soluções", disse depois de prometer que não deixará de batalhar para que sejam liberados todos os seqüestrados da Colômbia e do mundo.
CHAMADO À PAZ NA COLÔMBIA
Ingrid Betancourt aproveitou a oportunidade para "mandar uma mensagem a Alfonso Cano, Jorge Briceño, Iván Márquez, Joaquín Gómez (líderes das FARC). Queria lhes dizer que o mundo os está olhando e quer que em seus corações haja espaço para o amor e o perdão, assim como existe em meu coração, onde há amor e perdão".
"Se deve cortar o círculo vicioso do ódio e da vingança. Vocês me tiveram sete anos cativa, conheço-os profundamente, sua organização, sua maneira de pensar, seus objetivos e hoje quero lhes dizer que o mundo está esperando que haja paz na Colômbia e que vocês possam abandonar os fuzis e a morte", assinalou.
"Se desejam mudar as coisas na Colômbia, que o façam pela via democrática, amparados pela lei e a Constituição, respeitando os direitos de todos os colombianos, dos que pensam como vocês e dos que não pensamos como vocês", prosseguiu.
Finalmente, Ingrid Betancourt disse que após sete anos como "vítima da arbitrariedade e da guerra" sente que sua missão agora é "falar pelos que não têm voz".