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Liturgia de 16 de agosto de 2018

QUINTA FEIRA – XIX SEMANA DO TEMPO COMUM
(Verde – ofício do dia)

Antífona da entrada

 

- Considerai, Senhor, vossa aliança, e não abandoneis para sempre o vosso povo. Lembrai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não desprezeis o clamor de quem vos busca (Sl 73,20.19.22).

 

Oração do dia

 

- Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a herança prometida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura: Ez 12,1-12

 

- Leitura da profecia de Eze­quiel: 1A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 2“Filho do homem, estás morando no meio de um povo rebelde. Eles têm olhos para ver e não veem, ouvidos para ouvir e não ouvem, pois são um povo rebelde. 3Quanto a ti, Filho do homem, prepara para ti uma bagagem de exilado, em pleno dia, à vista deles. Emigrarás do lugar onde estás, à vista deles, para outro lugar. Talvez percebam que são um povo rebelde. 4Deverás tirar a bagagem em pleno dia, à vista deles, como se fosse a bagagem de um exilado. Mas deverás sair à tarde, à vista deles, como quem vai para o exílio.
5À vista deles deverás cavar para ti um buraco no muro, pelo qual sairás; 6deverás carregar a bagagem nas costas e retirá-la no escuro. Deverás cobrir a face para não ver o país, pois eu fiz de ti um sinal para a casa de Israel”. 7Eu fiz assim como me foi ordenado. Tirei a bagagem durante o dia, como se fosse a bagagem de exilado; à tarde, abri com a mão um buraco no muro. Saí no escuro, carregando a bagagem às costas, diante deles. 8De manhã, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 9“Filho do homem, não te perguntaram os da casa de Israel, essa gente rebelde, o que estavas fazendo?
10Dize-lhes: Assim fala o Senhor Deus: Este oráculo refere-se ao príncipe de Jerusalém e a toda a casa de Israel que está na cidade. 11Dize: Eu sou um sinal para vós. Assim como eu fiz, assim será feito com eles: irão cativos para o exílio. 12O príncipe que está no meio deles levará a bagagem às costas e sairá no escuro. Farão no muro um buraco para sair por ele. O príncipe cobrirá o rosto para não ver com seus olhos o país.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

 

Salmo Responsorial: Sl 78,56-57.58-59.61-62 (R: 7c)

 

- Das obras do Senhor não se esqueçam.

R: Das obras do Senhor não se esqueçam.


- Mesmo assim, eles tentaram o Altíssimo, recusando-se a guardar os seus preceitos. Como seus pais, se transviaram, e o traíram como um arco enganador que volta atrás;

R: Das obras do Senhor não se esqueçam.


- Irritaram-no com seus lugares altos, provocaram-lhe o ciúme com seus ídolos. Deus ouviu e enfureceu-se contra eles, e repeliu com violência a Israel.

R: Das obras do Senhor não se esqueçam.


- Entregou a sua arca ao cativeiro, e às mãos do inimigo a sua glória; fez perecer seu povo eleito pela espada, e contra a sua herança enfureceu-se.

R: Das obras do Senhor não se esqueçam.


Aclamação ao santo Evangelho.

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

- Fazei brilhar vosso semblante ao vosso servo e ensinai-me vossas leis e mandamentos!  (Sl 118,135).

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 18,21-19,1

 

- O Senhor esteja convosco.

- Ele está no meio de nós.

 

- Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

- Glória a vós, Senhor!   

 

- Naquele tempo, 18,21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão, e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo! e eu te pagarei tudo’. 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. 29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo! e eu te pagarei’. 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muitos tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Servo perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias tu também, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ 34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”. 19,1Ao terminar estes discursos, Jesus deixou a Galileia e veio para o território da Judeia além do Jordão.

- Palavra da salvação.

- Glória a vós, Senhor!

 

Liturgia comentada
Servo perverso! (Mt 18,21 - 19,1)

É um duro adjetivo: PERVERSO. Etimologicamente, diz respeito àquele que se desviou por completo do bem, do bom caminho. Criado para o bem, o homem que escolhe o mal experimenta uma per-versão.

Nós estamos acostumados a pensar em perversão como algo muito grave, desde a antropofagia até o incesto e a pedofilia. Em todo caso, trata-se de algo que vai contra a própria natureza da pessoa humana. Ora, no Evangelho de hoje, “perverso” é, simplesmente, aquele que se recusa a perdoar...

Poderíamos até considerar que a natureza humana foi criada para viver e experimentar o amor. E isto basta para se avaliar como perversão todo tipo de ódio (em seus vários níveis, como os silêncios e antipatias, a formação de partidos e os ressentimentos, os rancores e as agressões, as vinganças e o homicídio).

Mas há um aspecto ainda mais exigente. Assim como o servo que foi perdoado por seu senhor passou a ser, desde então, “devedor” do perdão recebido, também nós, pobres pecadores, fomos perdoados por Deus, que nos entregou seu Filho no Calvário. Ao descer da montanha, na qualidade de devedores de uma dívida impagável (“Por um grande preço fostes comprados”... 1Cor 6,20), já não temos nenhum direito de cobrar as dívidas de nossos irmãos. Como iríamos contar com a misericórdia de Deus, se somos mesquinhos para com nosso irmão que errou?

Na parábola de Jesus, o servo perdoado, que acaba de ser alvo de imensa compaixão, não demonstra para com seu companheiro de trabalho a mesma piedade de seu Senhor. Por isso mesmo, merecerá o terrível adjetivo: servo PERVERSO! E, ao cobrar uma dívida ínfima, insignificante, o infeliz acaba por perder o infinito perdão que havia recebido, sem nenhum mérito de sua parte.

Além de perverso, estúpido! Não percebe que o ódio se volta contra o próprio cobrador. Não vê que a falta de perdão é causa de inúmeras doenças do corpo e da alma. Não vê que, ao negar o perdão, assina a sua própria condenação...

E nós? Que tipo de servo nós somos? Perdoamos ou cobramos? Até quando insistiremos em guardar as velhas faturas, duplicatas bolorentas, que fermentam o mal e a morte em nosso coração?

Orai sem cessar: “É eterna a misericórdia do Senhor...” (Salmo 103, 17)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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