Como evitar a dispensa de trabalhadores, em plena crise

SODIMAC CONTA COMO EVITOU DISPENSAR 700 TRABALHADORES, EM PLENA CRISE

SANTIAGO, 16 de fevereiro. Bastante distinta tem sido a atitude que assumiram os executivos da empresa nacional Sodimac, a atitude que tomaram grandes executivos bancários para enfrentar a crise econômica internacional. E é claro, pois, enquanto os gerentes do City Bank e outras entidades chegam em carros e jatos de luxo a suas reuniões com o governo norte-americano para pedir socorro, aqui no Chile, mais de 350 executivos de Homcenter decidiram, voluntariamente, baixar seus próprios salários para evitar dispensas em massa.

Eduardo Mizón, gerente geral da Sodimac Chile, falou com Terra.cl para detalhar a medida inédita no mercado nacional, porém que, sem dúvida, a empresa já havia adotado em 1998, em plena crise asiática.

QUEM TEVE A IDÉIA DE BAIXAR OS PRÓPRIOS SALÁRIOS?

O mais precioso disso, é que nasce de nós mesmos, dos próprios executivos. Num compromisso com a companhia e entendendo o problema da crise econômica a nível mundial, decidimos oferecer baixarmos os salários em prol da estabilidade no emprego de todos os trabalhadores.

QUANTOS SÃO OS TRABALHADORES?

No Chile, são 16 mil pessoas.

ESTAMOS FALANDO APENAS DOS EXECUTIVOS DO CHILE?

Sim, somente do Chile. Agora, obviamente, isto é uma filosofia da companhia: todas as Sodimac latino-americanas têm uma filosofia de trabalho muito semelhante à do Chile. Portanto, não se descarta que, na medida em que se sinta necessário, possamos fazer o mesmo também em outros países.

ISSO ATINGE A QUANTOS EXECUTIVOS?

São cerca de 350 executivos.

IMAGINO QUE FOI A ALTA GERÊNCIA QUE TOMOU A DECISÃO. COMO RECEBERAM OS DEMAIS EXECUTIVOS ESTA MEDIDA?

Claro, isto parte de uma decisão do comitê executivo de baixar seus próprios salários. Nós comunicamos e o resto dos executivos aderiu a isto por iniciativa deles. Foi super emocionante.

NÃO FOI IMPOSIÇÃO?

Não, de modo algum.

POR QUANTO TEMPO DURARÁ ESSA MEDIDA?

Iremos analisando a situação na medida em que vamos vendo que a economia do país e do mundo vai se estabilizando.

COMEÇA A PARTIR DESTE FINAL DE MÊS?

Sim, tomamos a decisão em 30 de dezembro.

EM TERMOS TRABALHISTAS REAIS: ISSO PERMITE EVITAR UM BOM NÚMERO DE DISPENSADOS?

Permite evitar em torno de 700 dispensados. Em 1998, com a crise asiática, também fizemos a mesma coisa. E isso, porque realmente temos um convencimento de não querer perder ninguém. Investimos muito em capacitação das pessoas. Pense que uns 40% dos nossos executivos é pessoal de carreira, que começou atendendo num corredorzinho e, através de seu próprio potencial mais a capacitação que foi recebendo ao longo do caminho, integrada por nossos programas de estudo e complementada com cursos universitários, foram ocupando cargos de maior responsabilidade.

Realmente, cremos que a última coisa é despedir alguém. Isto, por três razões: uma, porque há uma inversão nas pessoas; segundo, porque há um tema humano; e terceiro, porque, para qualquer empresário, é muito doloroso despedir.

EM 1998, POR QUANTO TEMPO A MEDIDA FOI APLICADA?

Por volta de três trimestres. Foi muito bem avaliado e, ao final, o que tu consegues é muito mais adesão...

COMO OS SINDICATOS RECEBERAM A MEDIDA?

Bem. Houve uma boa acolhida. Temos dois sindicatos importantes e o comportamento para com a companhia foi trabalhar muito mão na mão.

PARA QUE FIQUE CLARO: A MEDIDA SE APLICA SOMENTE AOS EXECUTIVOS?

Somente aos executivos, não aos trabalhadores.

ISTO SE APLICA APENAS NA SODIMAC? NÃO FALARAM COMO O RESTO DAS EMPRESAS DO GRUPO FALABELLA?

Desconheço as ações que o resto do grupo tomou, mas o que posso te assegurar é que a filosofia de todos é enfrentar da melhor forma possível a crise.

AUTORIA – Invertia.cl
TRADUÇÃO LIVRE – Ammá Maria Ângela de Melo Nicolleti
FONTE http://cl.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200902161652_INV_77832329