O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: “É uma só e mesma vítima, é o mesmo que oferece agora pelo ministério dos sacerdotes, que se ofereceu a si mesmo então na cruz. Apenas a maneira de oferecer difere [Conc. De Trento, 22ª sessão Doctrina de ss. Missae Sacrifício, c. 2: DS 1743] ”. “E porque neste divino sacrifício que se realiza na missa, este mesmo Cristo, que se ofereceu a si mesmo uma vez de maneira cruenta no altar da cruz, está contido e é imolado de maneira incruenta, este sacrifício é verdadeiramente propiciatório [aquele ou aquilo que aplaca a ira divina] [Ibid.] ”.
"O Senhor não precisa de Se oferecer muitas vezes, mas sua oblação foi feita uma vez por todas, porque, à diferença do que se dava com os sacrifícios de animais irracionais do Antigo Testamento, a oferta de Cristo possui valor infinito, capaz de expiar todos os pecados, passados, presentes e futuros, do gênero humano; cf. Hb 4,14; 7,27; 9,12.25s.28; 10,12.14. A ceia, por conseguinte, não pode ser senão o ato de 'tornar presente' (sem multiplcar) através dos tempos, e de maneira incruenta (ou sacramental), ´único sacrifício de Cristo oferecido cruentamente no Calvário há vinte séculos. Concluimos, portanto:
- a) na Quinta-Feira Santa Jesus perante os discípulos tornou presente de modo real mas incruento, o sacrificio que Ele no dia seguinte devia realizar cruentamente na cruz; tornou-o antecipadamente presente;
- b) atualmente em cada Santa Missa Jesus torna presente de modo real, mas incruento, esse mesmo e único sacrifício que Ele já realizou cruentamente na cruz" (Cf. Curso sobre os Sacramentos por correspondência, Escola Mater Ecclesiae, pág. 96, Dom Estévão Bettencourt).
Quantas vezes, não nos perguntamos o que faríamos se pudéssemos estar aos pés de Cristo na Cruz? Questionamos, tantas e tantas vezes, qual seria a nossa atitude, ao ver Deus morrer por nossas transgressões, e ser pisado e machucado. Ora, é exatamente isso, a Cruz, que acontece diante de nós, em cada Missa celebrada! Não se trata de um símbolo, de um sinal, de uma representação do sacrifício, por mais que tudo isso seja piedoso e santo. Não! É o próprio sacrifício, tornado presente. Se aquele foi oferecido de maneira cruenta, com derramamento de Sangue, sua renovação é feita de forma incruenta, eis que o Sangue nos é dado para que comunguemos Dele e participemos, de forma efetiva das realidades celestes.
O Catecismo nos ensina que o santo Sacrifício da Missa é também propiciatório, quer dizer, aplaca a justiça de Deus diante de nossos crimes. Cristo oferecido é o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29), até que Ele volte na Parusia. A ira de Deus (a sua justiça perfeita) sobre nós maus e pecadores e aplacada pelo Sangue de Cristo, do mesmo modo que o sangue do cordeiro pascal protegeu da morte os judeus no Egito. Por isso, diante do sacrificio do Senhor, podemos e devemos dizer com o bom ladrão: "Senhor, lembra-te de mim quando entrares em teu reino!" Foi nesta mesma hora que o Senhor pediu: "Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem".
Os Santos disseram que na hora de nossa morte, as Missas que tivermos participado serão a nossa maior consolação, pois toda Missa implora o perdão dos nossos pecados junto à justiça divina.
Com este imenso tesouro da Santa Missa a nosso alcance nossa esperança renasce; e, se não opusermos obstáculos, teremos assegurado o Paraíso.