Como a instituiu?
Tendo amado os seus, o Senhor amou-os até o fim. Sabendo que chegara a hora de partir deste mundo para voltar a seu Pai, no decurso de uma refeição lavou-lhes os pés e deu-lhes o mandamento do amor [Cf. Jo 13,1-17].
Para deixar-lhes uma garantia deste amor, para nunca afastar-se dos seus e para fazê-los participantes de sua Páscoa, instituiu a Eucaristia como memória de sua morte e de sua ressurreição, e ordenou a seus apóstolos que a celebrassem até a sua volta, “constituindo-os então sacerdotes do Novo Testamento [Conc. De Trento: DS 1740] ”.
O que Jesus Cristo fez pelos Seus, pode resumir-se na passagem aqui citada do Catecismo "o Senhor amou-os até o fim". Isto indica a intensidade do amor de Cristo, que vai até dar a Sua vida (cf. Jo 15,13); mas esse amor não termina com a Sua morte, porque Ele vive, e desde a Sua ressurreição gloriosa continua a amar-nos infinitamente. Não se pode pensar que a morte tenha posto fim ao amor d'Aquele que não Se extingue com a morte.
O amor de Jesus por nós supera ilimitadamente a nossa compreensão.
O desejo profundo de quem ama alguém é estar sempre próximo da pessoa amada. E para poder estar sempre junto de nós, Jesus fez o milagre da Eucaristia, a maior prova possível do Seu amor por nós. Na hora de sua morte, deixou a si mesmo, todo, sem reservas, na Eucaristia. Para que cada um de nós prezado ouvinte pudesse recebê-lO, quis ficar sob a aparência do pão, o alimento de todos; quis ficar conosco para ser nossa força e vida e estar sempre unido a nós. O amor sempre aspira pela união.
Pergunto a você: O que devemos fazer para corresponder a todo este amor de Deus? É claro! Buscando-O de todo o coração. Nada dói mais em uma pessoa que ama do que ver o seu amor não correspondido.
"Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração..." (Dt 6,5).
CIC § 1338
Os três Evangelhos sinóticos e São Paulo nos transmitiram o relato da instituição da Eucaristia; por sua vez, São João nos relata as palavras de Jesus na sinagoga de Cafarnaum, palavras que preparam a instituição da Eucaristia: Cristo designa-se como o pão da vida, descido do Céu [Cf. Jo 6] .
A promessa da instituição da Sagrada Eucaristia, acha-se consignada nos Evangelhos sinóticos de (Mateus, Marcos e Lucas) e também por São Paulo na (1Cor 11,23-24).
Todo o ministério de Jesus está marcado por refeições significativas: começando pelas bodas em Caná da Galileia e terminando com a refeição nas margens do lago, com os discípulos, depois de Sua ressurreição. A última ceia não é, pois, um caso isolado. Mais os evangelistas, ligam essas refeições à Eucaristia. Isso aparece com clareza nos episódios da multiplicação dos pães: são ao todo seis relatos da multiplicação dos pães que os Evangelhos apresentam (Lc e Jo; e duas vezes quer em Mt quer em Mc). Os gestos de Jesus então referidos são os que encontraremos nos relatos da instituição da Eucaristia na última ceia, como se vê, por exemplo, em Marco: “tomou os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu, pronunciou a bênção e partiu os pães” (Mc 6, 41). As multiplicações dos pães são, ainda, ocasião para anúncio, como acontece, por exemplo, no chamado discurso do “Pão da Vida” (Jo 6).
A mais importante destas refeições foi a última ceia de Jesus com os seus discípulos, onde se encontra a origem da Eucaristia cristã. Os relatos da instituição da Eucaristia na última ceia são muito breves. Os primeiros três evangelistas descrevem a última ceia. Mas há um quarto relato: na primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, que constitui a segunda leitura da missa vespertina de Quinta-feira santa. Estes quatro relatos concordam uns com os outros no fundamental, mas têm algumas diferenças entre si, pelo que são habitualmente associados em dois grupos: os relatos de Mateus (26, 26-29) e de Marcos (14, 22-25) por um lado; os de Lucas (22, 15-20) e de Paulo (1 Cor 11, 23-26), por outro lado.
CIC § 1339
Jesus escolheu o tempo da Páscoa para realizar o que tinha anunciado em Cafarnaum: dar a seus discípulos seu Corpo e seu Sangue:
Veio o dia dos ázimos, quando devia ser imolada a páscoa. Jesus enviou então Pedro e João, dizendo: “Ide preparar-nos a Páscoa para comermos” ... Eles foram (...) e prepararam a Páscoa. Quando chegou a hora, ele se pôs à mesa com seus apóstolos e disse-lhes: “Desejei ardentemente comer esta páscoa convosco antes de sofrer; pois eu vos digo que já não a comerei até que ela se cumpra no Reino de Deus”... E tomou um pão, deu graças, partiu-o e distribuiu-o a eles dizendo: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. E, depois de comer, fez o mesmo com o cálice dizendo: “Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado em favor de vós” (Lc 22,7-20 [Cf. Mt 26,17-29; Mc 14,12-25; 1Cor 11,23-25] ).
Examinando este texto do Catecismo sobre a Páscoa que Jesus fez com Seus Apóstolos, vamos dar asas a imaginação:
A cena da Páscoa tem lugar na Quinta-Feira Santa. Para qualquer israelita eram bem conhecidos os detalhes que levava consigo a preparação da Páscoa. Jesus, envia Pedro e João para preparar a Páscoa. Eles foram e certamente prepararam os pães ázimos, as ervas amargas, as taças para o vinho, e o cordeiro, que devia ser sacrificado. Pedro e João não têm nenhuma dúvida sobre estes detalhes. Unicamente perguntam sobre o lugar. E o Senhor indica-lhes com precisão o que têm de fazer para o encontrar. Os discípulos pensam que se trata de preparar a ceia pascal de costume; Jesus está a pensar, além disso, na instituição da Santíssima Eucaristia e no Sacrifício da Nova Aliança, que substituirá os sacrifícios do Antigo Testamento. Começa a Última Ceia, em que o Senhor vai instituir a Eucaristia. O Senhor exprime o desejo ardente de passar as horas que precedem a Sua morte com as pessoas que escolheu na terra e, como sucede aos que vão partir, profere no momento de Se despedir. O Seu amor não se limita aos Apóstolos, mas pensa em todos os homens. Sabe que aquela Ceia é o começo da Sua Paixão. Vai celebrar antecipadamente o Sacrifício do Novo Testamento que tanto benefício havia de trazer à humanidade.
A instituição da Eucaristia por Jesus Cristo, ao pronunciar as palavras: "Isto é o Meu Corpo..., isto é o Meu Sangue...". O que até esse momento, não era senão pão ázimo e vinho da videira, passa a ser, pelas palavras e pela vontade de Jesus Cristo, o próprio Corpo e o próprio Sangue do Salvador. As Suas palavras, cheias de realismo, não admitem interpretações de caráter simbólico.
O Senhor depois de instituir a Eucaristia, manda aos Apóstolos que perpetuem o que Ele fez, e a Igreja entendeu sempre que com as palavras "fazei isso em Minha memória", Cristo constituiu os Apóstolos e os seus sucessores em sacerdotes da Nova Aliança, para que perpetuassem o Sacrifício do Calvário de maneira incruenta na celebração da Santa Missa.
CIC § 1340
Ao celebrar a Última Ceia com seus apóstolos durante a refeição pascal, Jesus deu seu sentido definitivo à páscoa judaica. Com efeito, a passagem de Jesus a seu Pai por sua Morte e sua Ressurreição, a Páscoa nova, é antecipada na ceia e celebrada na Eucaristia que realiza a Páscoa judaica e antecipa a Páscoa final da Igreja na glória do Reino.
No momento de fazer sua Passagem, ou seja, a Sua Páscoa deste mundo para junto do Pai através de sua entrega de amor na cruz, Cristo Jesus deixou para a Igreja o sacramento de sua Páscoa de amor: o sacrifício eucarístico. Cumpriu-se, assim, a Páscoa dos judeus, que era memorial da passagem da escravidão de morte no Egito para uma libertação de vida na Terra Prometida. Jesus deu à Páscoa dos judeus seu significado definitivo: a nova Páscoa, a Páscoa de Jesus, foi antecipada na Ceia, é continuamente celebrada na Eucaristia, que leva a cumprimento a Páscoa judaica e antecipa a Páscoa final da Igreja, quando passaremos deste mundo para o Pai com Jesus e por causa de Jesus.
Jesus disse aos Apóstolos quando chegou a hora da Última Ceia: "Desejei ardentemente comer esta páscoa convosco antes de sofrer; pois Eu vos digo que já não a comerei até que ela se cumpra no Reino de Deus". Isto é: até que a Páscoa antiga encontre seu verdadeiro sentido na Páscoa nova do Cordeiro de Deus, que pôs fim à Antiga Aliança, substituindo-a para sempre pela Nova Aliança, selada com a entrega do seu Corpo e o derramamento do seu Sangue.
Quando Jesus brigou com os vendilhões do templo, que faziam "da casa do Seu Pai uma casa de comércio", Ele deu o motivo de sua indignação: "O zelo da tua casa me consome". Isto é: 'é grande o meu desejo que o templo antigo, centro dos sacrifícios da antiga ceia pascal e do culto a Deus, seja substituído pelo novo templo do meu corpo, centro definitivo da Nova Aliança, em que Eu mesmo serei o Sacerdote, a Vítima e o Alimento.
Por isto, Jesus desejava ardentemente comer aquela Páscoa Antiga: sua hora havia chegado e não havia mais tempo a perder. Chegou a hora de apressar a chegada da Nova Aliança, quando a mesa de Deus estará posta para alimentar muitas gerações com o pão da vida, em definitivo.
Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança