Partindo do tríduo pascal, como de sua fonte de luz, o tempo novo da Ressurreição enche todo o ano litúrgico com sua claridade. Aproximando-se progressivamente de ambas as vertentes desta fonte, o ano é transfigurado pela liturgia. É realmente “ano de graça do Senhor [Cf. Lc 4,19] ”. A economia da salvação está em ação na moldura do tempo, mas desde a sua realização na Páscoa de Jesus e a efusão do Espírito Santo o fim da história é antecipado, “em antegozo”, e o Reino de Deus penetra nosso tempo.
Como incessante fonte de luz, o Ano Litúrgico encontra no Tríduo Pascal a sua culminância e sua irradiação mais profunda, uma vez que aqui se atinge o cume da liturgia, e, por isso, a exemplo do Domingo, o Tríduo Pascal, ou seja, a solene celebração da Páscoa, é também o cerne do Ano Litúrgico. Assim colocado, o Ano Litúrgico é, verdadeiramente, "um ano de graça do Senhor" (Cf. Lc 4,19), que ilumina a história humana, antecipa o seu fim, no antegozo das verdades eternas, e faz penetrar em nosso tempo o Reino de Deus.
"Como Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, principalmente pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a morte e ressuscitando renovou a vida, o sagrado Tríduo pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor resplandece como o ápice de todo o ano litúrgico.
O Tríduo pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor começa com a missa vespertina na Ceia do Senhor, possui o centro na Vigília pascal e encerra-se com as Vésperas do domingo da Ressurreição.
Na Sexta-feira da Paixão do Senhor, observa-se por toda parte o sagrado jejum pascal. E, onde for oportuno, também no Sábado Santo até a Vigília Pascal.
A Vigília pascal, na noite santa em que o Senhor ressuscitou, deve ser considerada a 'mãe de todas as santas vigílias', na qual a Igreja espera, velando, a Ressurreição de Cristo e a celebra nos sacramentos. Portanto, toda a celebração desta sagrada vigília deve se realizar à noite, de tal modo que comece depois do anoitecer ou termine antes da aurora do domingo" (cf. O Livro: Cristo, festa da Igreja, pág. 19, Augusto Bergamini).
O Ano Litúrgico começa com o Tempo do Advento, que é um tempo de preparação para o Natal, em que comemoramos a primeira vinda do Filho de Deus entre nós, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, os nosso corações voltam-se para a espectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos.
Podemos dizer que é o ano da vida divina, o ano vital do Cristo místico e também escola educadora da perfeição cristã. Ele não quer ser apenas a comemoração das grandes ações de Deus na história da salvação, não quer falar do passado, mas do presente. Não nos oferece história, mas a realidade. Não quer nos contar fatos passados, mas dar-nos a vida divina e desenvolvê-la em nós.
CIC § 1169
Por isso, a páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a “festa das festas”, “solenidade das solenidades”, como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos (o grande sacramento). Santo Atanásio a denomina a Páscoa como “o grande domingo [Sto. Atanásio de Alexandria, Ep. Fest. 1 (do ano de 329), 10: PG 26,1366] como a semana santa é chamada no Oriente “a grande semana”. O mistério da ressurreição, no qual Cristo esmagou a morte, penetra nosso velho tempo com sua poderosa energia até que tudo lhe seja submetido.
"Os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com a legria e exultação, como se fossem um só dia de festa, ou melhor, 'como um grande domingo' (Sto. Atanásio). É principalmente nesses dias que se canta o Aleluia.
Os domingos deste Tempo devem ser vividos como domingos da Páscoa e depois do domingo da Ressurreição, são chamados de 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º domingos da Páscoa. O domingo de Pentecostes encerra este Tempo sagrado de cinquenta dias.
Os oito primeiros dias do Tempo Pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como solenidades do Senhor.
No quadragésimo dia depois da Páscoa celebra-se a Ascensão do Senhor.
Os dias da semana depois da Ascensão, até o sábado antes de Pentecostes inclusive, constituem uma preparação para a vinda do Espírito Santo Paráclito." (cf. O Livro: Cristo, festa da Igreja, pág. 20, Augusto Bergamini).
CIC § 1170
No Concílio de Nicéia (em 325), todas as Igrejas chegaram a um acordo acerca de que a páscoa cristã fosse celebrada no domingo que segue a lua cheia (14 Nisan) depois do equinócio de primavera. Por causa dos diversos métodos utilizados para calcular o dia 14 de mês de Nisan, o dia da Páscoa nem sempre ocorre simultaneamente nas Igrejas ocidentais e orientais. Por isso busca-se um acordo, a fim de se chegar novamente a celebrar em uma data comum o dia da Ressurreição do Senhor.
"Nos primeiros tempos celebravam-se a Páscoa do Senhor e os domingos do ano como extensão do dia de Páscoa. Esta, na Ásia Menor, era festejada no 14º dia de Nisã ou, melhor, na noite da primeira lua cheia após o equinócio da primavera, em continuação do que faziam os judeus, baseados na passagem de Ex 12,1-14. Os ocidentais preferiam esperar a noite de sábado para o domingo após 14 de Nisã. Houve séria controvérsia, que terminou com a decisão do Concílio de Nicéia (325), de seguir o uso romano; este enfatizava mais a ressurreição (daí a preferência pelo domingo), ao passo que os asiatas privilegiavam a cruz como instrumento da morte salvífica de Jesus." (Curso de Liturgia por Correspondência, Escola Mater Ecclesiae, pág. 13, Dom Estévão Bettencourt).
Para refletir:
Amigo(a) ouvinte, o ano litúrgico é uma escola de fé: uma após outra, as verdades de fé nos são apresentadas e lembradas. Essas verdades não nos são apenas comunicadas mas devem nos tornar melhores, nos educar para este mundo e para o outro. Através de todos os dias do ano litúrgico o mesmo apelo é dirigido ao nosso coração: despojai-vos do homem velho e revesti-vos do novo.
Oremos a Deus, que através de Jesus Cristo, Vencedor da morte, abriu para nós as portas da eternidade. Que Ele nos conceda que, celebrando a ressurreição do Senhor e renovados pelo Seu Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova. (cf. a oração missa dia - domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor)
CIC § 1171
O ano litúrgico é o desdobramento dos diversos aspectos do único mistério pascal. Isto vale muito particularmente para o ciclo das festas em torno do mistério da encarnação (Anunciação, Natal, Epifania) que comemoram o começo de nossa salvação e nos comunicam as primícias do Mistério da Páscoa.
Dois mistérios celebramos no Ano Litúrgico: o da Encarnação, no ciclo do Natal, e o da Redenção, no ciclo da Páscoa. A Páscoa é a festa maior, única na sua grandeza, mas já é preparada não só pela Quaresma, como tempo penitencial, mas também pela festa do Natal, onde nos são comunicadas as primícias do Mistério Pascal.
Refletiremos agora sobre o ciclo do Natal.
O Tempo do Natal vai das Primeiras Vésperas do Natal do Senhor até o domingo depois da Epifania ou ao domingo depois do dia 6 de janeiro inclusive.
"Nos preparamos para o Santo Natal por meio do advento. "Advento" quer dizer chegada, vinda. O conteúdo do tempo de Natal é a celebração da vinda do Senhor. Há uma tríplice vinda do Senhor: a primeira realizou-se na carne quando Deus se fez homem; a segunda se realizará, no poder e na glória do último juízo. Entre as duas há ainda outra vinda do Senhor. Cristo disse certa vez: "Se alguém me ama, meu Pai o amará e viremos a ele e nele faremos nossa morada" (Jo 4,33). É a vinda de Cristo na graça, a liturgia encara o fato histórico da primeira vinda, visa à visita atual pela graça e olha, em perspectiva, à volta do Senhor." (Papa João Paulo II - L'osservatore Romano de 26-12-93).
Para refletir:
O amigo(a) ouvinte conhece a origem da data do Santo Natal? "O dia 25 de dezembro foi escolhido pela Igreja para festejar a natividade de Jesus porque nesse dia os pagãos celebravam o nascimento do 'sol invicto', em coincidência com o solstício de inverno. Aos cristãos pareceu lógico e natural substituir a festa pagã com a celebração do único e verdadeiro sol, Jesus Cristo, vindo à terra para trazer aos homens a luz da verdade. "
Peçamos a Deus, que reacenda em nós cada ano a jubilosa esperança da salvação. Que nos deixe contemplar com toda confiança quando vier como juiz, o Redentor que recebemos com alegria. Amém. (Cf. oração - Missa da vigília do Natal).
Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança