Como celebrar? Sinais e símbolos (CIC § 1145 a 1152)

Uma celebração sacramental é tecida de sinais e de símbolos. Segundo a pedagogia divina da salvação, o significado dos sinais e símbolos deita raízes na obra da criação e na cultura humana, adquire precisão nos eventos da Antiga Aliança e se revela plenamente na pessoa e na obra de Cristo.

Aqui, é apresentada a necessidade imperiosa dos sinais e símbolos nos atos celebrativos e que, às vezes, estão deles ausentes ou então pobremente neles visíveis. É a linguagem mistérica de que tantas vezes deve lançar mão a liturgia, para ser fiel ao seu próprio mistério. Sinais, símbolos, palavras, gestos, canto, música, imagens (ícones), cores, vestes etc., têm poder de comunicação às vezes maior do que aquelas expressões verbais que tanto valorizamos, sem reflexão.

"Toda revelação se faz através de sinais ou símbolos. Os sinais, no caso da Revelação de Deus, são ditos 'sinais sagrados'". (Curso de Liturgia por correspondência, Escola "Mater Ecclesiae", pág 37, Dom Estévão Bettencourt).

Veremos agora os sinais do mundo e da vida humana.

CIC § 1146

Sinais do mundo dos homens. Na vida humana, sinais e símbolos ocupam um lugar importante. Sendo o homem um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais por meio de sinais e de símbolos materiais. Como ser social, o homem precisa de sinais e de símbolos para comunicar-se com os outros, pela linguagem, por gestos, por ações. Vale o mesmo para sua relação com Deus.

"O cristianismo se baseia sobre a Revelação que Deus faz de si e do seu desígnio savífico aos homens. Essa revelação ocorre: no plano meramente natural "Os céus cantam a glória de Deus e o firmamento proclama a obra de suas mãos" (Sl 18,2; cf. Rm 1,19s; Sb 13,1-9); no plano sobrenatural, isto é, para além das exigências da criatura, quando Deus nos falou por meio dos Patriarcas, dos Profetas e, especialmente, por meio de Jesus Cristo, Deus feito homem na plenitude dos tempos (cf. Hb 1,1; Ef 1,9s).

Os sinais sagrados, na comunicação de Deus aos homens, não são meros acenos para a inteligência ou não ficam no plano intelectual ou psicológico. Eles têm um poder eficiente; efetuam, de certo modo, o que significam. Tal é certamente o caso da Palavra de Deus; na linguagem do Antigo Testamento, dabhar quer dizer palavra e ação (ação produzida pela palavra): "Ele diz e a coisa acontece" (Sl 32,9; cf. Sl 148,5; Gn 1,3s; Is 48,13)." (Curso de Liturgia por correspondência, Escola "Mater Ecclesiae", pág 37, Dom Estévão Bettencourt).

CIC § 1147

Deus fala ao homem por intermédio da criação visível. O cosmos material apresenta-se à inteligência do homem para que este leia nele os vestígios de seu criador [Cf. Sb 13,1; Rm 1,19-20; At 14,17] . A luz e a noite, o vento e o fogo, a água e a terra, a árvore e os frutos falam de Deus, simbolizam ao mesmo tempo a grandeza e a proximidade d'Ele.

A afirmação citada do Catecismo nos leva a acreditar que Deus, que é invisível, tem seus rastros no mundo que criou e na beleza das criaturas. A beleza contemplada no cosmo é reflexo da beleza divina e pela mesma beleza do cosmo podemos chegar ao conhecimento de Deus.

São Francisco de Assis é exemplo de uma pessoa que notou a fala e os rastros de Deus na criação. Extasiado pela beleza e a grandeza da criação, ele louvava a Deus pela obra da criação porque via nela a sua presença viva.

As coisas existentes apontam para uma causa. Uma coisa nova deve ter tido uma causa antecedente. Há sinais de um desígnio inteligente em toda a natureza. Meu irmão, não pode haver poesia sem poeta. Não pode haver cântico sem cantor. Não pode haver leis sem legislador. A criação nos traz o invisível ao alcance do visível.

Os símbolos e sinais assumem um lugar importante, que favorecem a comunicação com o transcendente.

A liturgia da Semana Santa é rica destes símbolos e nos fazem recordar o mistério da Salvação. A cruz, por excelência, marca este tempo. O objeto de extrema punição se tornou, para os que crêem, um sinal de amor e reconciliação de Deus com a humanidade. O Círio Pascal, aceso na noite da Vigília pelo fogo novo, representa a luz de Cristo que vence as trevas e faz brilhar sobre os homens a verdadeira esperança.

CIC § 1148

Enquanto criaturas, essas realidades sensíveis podem tornar-se o lugar de expressão da ação de Deus que santifica os homens, e da ação dos homens que prestam seu culto a Deus. Acontece o mesmo com os sinais e os símbolos da vida social dos homens: lavar e ungir, partir o pão e partilhar o cálice podem exprimir a presença santificante de Deus e a gratidão do homem diante de seu criador.

"Santo Agostinho descrevia o sinal como aquilo que além de se dar a conhecer aos nossos sentidos, nos faz aprender uma outra realidade. Os exemplos são óbvios e conhecidos: caminhando na praia percebo rastros e digo; por aqui passou uma criança, um adulto, um cão, um cavalo, etc. Se vejo ao longe elevar-se uma coluna de fumaça, reconheço através dela o fogo que a desprende.

Alguns desses sinais fundam-se sobre relações naturais, como os que acabei de citar. Outros são artificiais pois tiram seu valor de convenções humanas, o ramo de oliveira ou a pomba, símbolos da paz, a bandeira, símbolo da pátria, etc.

Os símbolos religiosos são realidades visíveis que se reportam ao sagrado invisível, logo dele despertam conhecimento.

Na verdade, qualquer criatura pode simbolizar o divino. Saídas todas das mãos de Deus, de que são vestígios ou imagens, podem todas representá-Lo mais ou menos imperfeitamente. Nesse sentido, o universo todo é "sacramental". Tudo está repleto de símbolos e os místicos vêem no cosmos um imenso "sacramento". As coisas tornam-se o reflexo da realidade divina. Ao místico, as flores e os passarinhos ensinam o amor de Deus." (Pe. Teixeira L. Penido - O mistério dos sacramentos).

Além dos citados no Catecismo, entre outros sinais que podem exprimir a presença santificante de Deus temos: Ablução, ato de lavar-se, no todo ou em parte do corpo; na liturgia tem sentido penitencial. Absolvição, de absolver, o mesmo que desatar, libertar. Abstinência, proibição de comer carne nos dias previstos pela Igreja (Sexta-feira Santa e Quarta-feira de Cinzas). Aclamação, expressão coletiva de aplauso, participação, assentimento: “Para promover a participação ativa do povo, recorra-se as aclamações, respostas, salmodias, antífonas, cãnticos, assim como a gestos ou atitudes corporais. Nos momentos devidos, porém, guarde-se o silêncio sagrado”. (cf.SC 30). As principais aclamações na liturgia são: Amém (= é verdade); Aleluia (= daí louvour a Deus); Glória (do grego doxa a doxologia); Hosana (salva, te suplico, Didaqué 10,6).

CIC § 1149

As grandes religiões da humanidade atestam, muitas vezes de maneira impressionante, este sentido cósmico e simbólico dos ritos religiosos. A liturgia da Igreja pressupõe, integra e santifica elementos da criação e da cultura humana conferindo-lhes a dignidade de sinais da graça, da nova criação em Jesus Cristo.

Como nos ensina aqui o Catecismo: "Importantes na concepção de mistério são os símbolos, inspirados na experiência humana e na realidade cósmica. Ao mesmo tempo em que revelam, escondem a realidade divina que querem comunicar. Lemos ainda no Catecismo: “A liturgia da Igreja pressupõe, integra e santifica elementos da criação e da cultura humana conferindo-lhe a dignidade de sinais da graça, da nova criação em Jesus Cristo.” Diante disso, uma parte essencial da iniciação cristã, coroamento do processo iniciático, é justamente mistagógica. Mas identificamos um problema nesse processo. É muito comum criticar um certo tipo de catequese, considerada sacramentalista. Com isso se quer falar do costume de fazer do sacramento uma espécie de “festa de formatura”, fim do caminho, despedida da Igreja. O sacramento vira uma espécie de costume, uma devoção a mais, sem consideração do conjunto do compromisso de fé que ele sinaliza e exige. E aí temos um desafio. Precisamos afirmar que todo verdadeiro processo catequético desemboca na celebração dos sacramentos, como momento culminante da participação no mistério de Cristo. O Vaticano II afirma que a liturgia é cume e fonte da vida cristã. O sacramento é a conseqüência de uma fé assumida, mas também realimentação contínua dessa mesma fé. Celebramos porque cremos e assumimos (é o cume, sinal máximo de vivência e compromisso), mas, ao celebrar fortalecemos essa crença e esse compromisso, nos alimentamos na fonte. Portanto a catequese deve levar ao sacramento. Não tem sentido fazer de outro jeito. Mas, só um bom processo de iniciação pode dar ao sacramento o lugar que lhe cabe, que não faça dele um ponto de chegada sem prosseguimento de caminho." (Pe. Dezenilton da Silva Santos, www.sagradafamíliacg.com.br).

Para refletir:

Amigo(a) ouvinte, a nossa vida é cheia de sinais, pois é através deles que nos comunicamos. Todos nós entendemos o significado de um sorriso, um aperto de mão, do polegar levantado em sinal de aprovação, o vermelho e o verde do trânsito e tantos outros sinais que tecem nossa existência. É preciso decifrar a linguagem que Deus inscreveu nas coisas desde a criação. Para isso é preciso atenção. Atenção para consigo mesmo é autoconhecimento, atenção para com os outros é caridade, atenção para com as causas segundas é ciência e atenção para com Deus é oração.

A você que é catequista, ensine os seus catequisandos a verem Deus na transparência das coisas. Para quem tem fé toda a criação é transparente revelação da presença de Deus, pois como diz São Paulo: "Pois desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar" (Rm 1,20).

Há um provérbio que diz: “O que a pedra não sabe o que tem, o que a palavra não sabe o que ouve, o que o pássaro não sabe o que sente, o que o próprio homem não sabe, nem o que pensa, nem o que quer (.....)." Prezado(a) ouvinte, "para os puros de coração todas as coisas são um sinal, em todas as coisas encontramos as pegadas de Deus."

CIC § 1150

Sinais da aliança. O povo eleito recebe de Deus sinais e símbolos distintivos que marcam sua vida litúrgica: estes não mais são apenas celebrações de ciclos cósmicos e gestos sociais, mas sinais da aliança, símbolos das grandes obras realizadas por Deus em favor de seu povo. Entre tais sinais litúrgicos da antiga aliança podemos mencionar a circuncisão, a unção e a consagração dos reis e dos sacerdotes, a imposição das mãos, os sacrifícios, e sobretudo a Páscoa. A Igreja vê nesses sinais uma prefiguração dos sacramentos da Nova Aliança.

A aliança de Deus com a humanidade é tecida de símbolos distintivos, que marcam a vida litúrgica. Podemos falar de símbolos cósmicos, como os do mundo criado (ar, ventos, nuvens, dilúvio, trovões, chuvas, relâmpagos, brilhos estrelares etc.). Símbolos históricos, tais são como os alusivos às intervenções de Deus na história (libertação do povo do Egito, caminhada no deserto, promulgação dos Dez Mandamentos e outros) e finalmente símbolos rituais, como os exemplos citados no Catecismo, dentre outros (a unção, a circuncisão, a imposição de mãos etc...).

Muitos sinais que utilizamos na liturgia são sinais bíblicos cujo sentido e compreensão são dados pela própria pedagogia do Senhor contida na sagrada escritura. Ao fazer gestos de súplica, ao agir, a liturgia retoma os gestos e as ações, daqueles que nos precederam na fé, desde Abraão; reproduz imagens que a bíblia nos tornou significativas na economia da salvação.

O sacrifício, por exemplo, é um símbolo religioso mas como tal, expressa apenas o culto do homem para com Deus; não causa santidade. Os sacramentos são sinais práticos e eficazes. Realizam aquela mesma salvação que significam. Os ‘gestos de Cristo’ que os sacramentos repetem são gestos salvadores.

Na Antiga Aliança certos ritos eram significativos da santidade futura de Cristo, e por isso santificavam os hebreus. Os principais são a circuncisão e a imolação do cordeiro pascal.

Para refletir:

Amigo(a) ouvinte, a Igreja vê nos sinais litúrgicos da Antiga Aliança, uma prefiguração dos sinais da Nova Aliança. Como diz o apóstolo Paulo em relação a lei, sacrifícios, holocaustos e prescrições da Antiga Aliança. "Não menosprezo a graça de Deus, mas se em verdade, se a justiça se obtém pela lei, Cristo morreu em vão” (Gl 2,21). Meu amigo, somente pela fé em Jesus Cristo, sua Páscoa prefigurada no Antigo Testamento, ele, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo, dá sentido e torna pleno todos os sinais. Jesus, por sua encarnação, vida, morte e ressurreição é o grande sinal da benevolência, do perdão e do amor que o Pai tem por todos os homens de todas as raças e nações, todos os tempos.

Prezado(a) ouvinte, quero rezar agora com você o Salmo 110, 1-10: "Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembléia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. Sua obra é toda ela majestade e magnificência. E eterna a sua justiça. Memoráveis são suas obras maravilhosas: O Senhor é clemente e misericordioso. Aos que o temem deu-lhes o sustento; lembrar-se-á eternamente de sua aliança. Mostrou ao seu povo o poder de suas obras, dando-lhe a herança das nações pagãs. As obras de suas mãos são verdade e justiça; imutáveis os seus preceitos; Irrevogáveis pelos séculos eternos, instituídos com justiça e eqüidade. Enviou a seu povo a redenção; concluiu com ele uma Aliança eterna. Santo e venerável é o seu nome. O temor do Senhor é o começo da sabedoria; sábios são aqueles que o adoram. Sua glória subsiste eternamente."

CIC § 1151

Sinais assumidos por Cristo. Em sua pregação, o Senhor Jesus serve-se muitas vezes dos sinais da criação para dar a conhecer os mistérios do Reino de Deus [Cf. Lc 8,10] . Realiza suas curas ou sublinha sua pregação com sinais materiais ou gestos simbólicos [Cf. Jo 9,6; Mc 7,33-35; 8,22-25] . Dá um sentido novo aos fatos e aos sinais da Antiga Aliança, particularmente ao Êxodo e à Páscoa [Cf. Lc 9,31; 22,7-20] , por ser ele mesmo o sentido de todos esses sinais.

Entre os sinais realizados por Jesus Cristo quero refletir sobre os milagres. "Não há dúvida acerca do fato que nos Evangelhos os milagres de Cristo são apresentados como sinais do Reino de Deus que entrou na história do homem e do mundo. 'Se expulso, no entanto, pelo Espírito de Deus, é porque já chegou até vós o Reino de Deus', diz Jesus (Mt 12,28).

Os Apóstolos, os evangelistas e toda a Igreja primitiva viam em cada um daqueles milagres o supremo poder de Cristo sobre a natureza e sobre as suas leis (…) Os milagres de Cristo reentram no projeto da 'nova criação' e estão portanto associados com a ordem da salvação. São 'sinais' salvíficos que chamam a conversão e a fé, e, sobre este caminho, a renovação do mundo submetido a 'corrupção' (cf. Rm 8,19-21).

Ao falar do primeiro 'sinal' realizado em Caná da Galiléia o evangelista João nota que mediante ele, Jesus 'manifesta a sua glória e os seus discípulos acreditaram n'Ele.' (Jo 2,11).

Jesus, que vai ter com os discípulos caminhando sobre o mar, oferece outro 'sinal' da sua presença e assegura uma constante vigilância sobre os discípulos e sobre a Igreja. 'Tranqüilizai-vos, sou eu, não tenhais medo', diz Jesus aos Apóstolos que julgavam que era um fantasma. (cf. Mc 6,49-50; Mt 14,26-27; Jo 6,16-21). As pescas milagrosas são para os Apóstolos e para a Igreja os 'sinais' da fecundidade da sua missão se se mantiverem profundamente unidos ao poder salvífico de Cristo (Lc 5,4-10; Jo 21,3-6)." (Papa João Paulo II - L'Osservatore Romano de 17-01-88).

"A história com seus feitos, vem a ser assim um canal de revelação divina. O significado dos acontecimentos é expresso e aprofundado pelas palavras de Deus que os acompanham. As palavras pelas quais Deus se revela, são ilustradas e confirmadas pelos acontecimentos da história sagrada, Por exemplo, a saída do Egito, é tida como sinal do poder e da sabedoria de Deus: 'Saberão os egípcios que eu sou o Senhor, quando estender minha mão sobre o Egito e fizer sair do meio deles os filhos de Israel' (Ex 7,5). A entrega do maná e das codornizes ao povo no deserto também foi um fato ilustrativo da Palavra de Deus: 'Ao crepúsculo comereis carne, e pela manhã vos fartareis de pão e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus’ (Ex 16,12).

Verifica-se mesmo que, no Antigo Testamento, o anúncio de novas intervenções de Deus em favor do seu povo se apoiava em fatos passados; assim acontecimentos anteriores eram prenúncio e penhor de acontecimentos posteriores. Veja as palavras com que Isaías anuncia ao povo exilado na Babilônia a saída do cativeiro e o retorno à Terra Santa: " Agora voltam os que o Senhor resgatou e chegam a Sião cantando hinos. Vêm carregando uma alegria sem fim, festa e alegria são a sua bagagem, o medo e a tristeza ficaram para trás" (Is 51,11).

O primeiro êxodo sob Moisés, torna-se assim imagem de novo êxodo (saída da Babilônia no século VI a.C.) ou mesmo sinal da salvação messiânica na plenitude dos tempos.

Na plenitude dos tempos Jesus Cristo, realizou cabalmente aquilo que era efetuado preparatoriamente no Antigo Testamento. Ele se tornou a Palavra ou o Sinal eficiente por excelência. O cordeiro da Páscoa encontrou seu sentido consumado em Cristo (cf. Jo 19,35-37); da mesma forma, a serpente de bronze erguida no deserto (cf. Jo 3,14s); o maná concedido outrora aos pais (cf. Jo 6,32-34.58); a coluna de nuvem ou de fogo que antecedia o povo no deserto (cf. Jo 8,12)... Em suma, prezado(a) ouvinte, os feitos de Cristo foram sinais que assinalaram e efetuaram mais densamente a salvação outrora anunciada." (Curso de Liturgia por correspondência, Escola "Mater Ecclesiae", pág 37 e 38, Dom Estévão Bettencourt).

A Igreja vê nesses sinais uma prefiguração dos sinais sacramentais do Novo Testamento a ela confiados, e lembra que Cristo assumiu, em sua missão redentora, toda a comunicação simbólica de expressões do povo, da cultura reinante em Israel e, sobretudo, da criação de Deus.
CIC § 1152

Sinais sacramentais. Desde Pentecostes, é por meio dos sinais sacramentais de sua Igreja que o Espírito Santo realiza a santificação. Os sacramentos da Igreja não abolem, antes purificam e integram toda a riqueza dos sinais e dos símbolos do cosmos e da vida social. Além disso, realizam os tipos e as figuras da antiga aliança, significam e realizam a salvação operada por Cristo, e prefiguram e antecipam a glória do céu.

"Desde Pentecostes, é através dos sinais sacramentais da sua Igreja que o Espírito Santo realiza a santificação. Vejamos, portanto, um pouco melhor o significado de alguns símbolos do Espírito Santo: A água: O simbolismo da água é significativo da ação do Espírito Santo ela se torna o sinal sacramental eficaz do novo nascimento: assim como a gestação do nosso primeiro nascimento se operou na água, da mesma forma também a água batismal significa realmente que o nosso nascimento para a vida divina nos é dado no Espírito Santo. Mas "batizados em um só Espírito", também "bebemos de um só Espírito" (cf. 1 Cor 12,13): o Espírito é, pois, também pessoalmente a água viva que jorra de Cristo crucificado como de sua fonte e que em nós jorra em Vida Eterna. A unção: O simbolismo da unção com óleo também é significativo do Espírito Santo, até o ponto de tornar-se sinônimo dele. Na iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da confirmação, chamada com acerto nas Igrejas do Oriente de "crismação". Mas para perceber toda a força deste simbolismo, há que retornar à unção primeira realizada pelo Espírito Santo: a de Jesus Cristo ("Messias" a partir do hebraico) significa "Ungido" do Espírito de Deus. Houve "ungidos" do Senhor na Antiga Aliança: de modo eminente o rei Davi. Mas Jesus é Ungido de Deus de uma forma única : a humanidade que o Filho assume é totalmente "ungida do Espírito Santo". Jesus é constituído "Cristo" pelo Espírito Santo. A Virgem Maria concebe Cristo do Espírito Santo, que pelo anjo o anuncia como Cristo por ocasião dos nascimento dele e leva Simeão a vir ao Templo para ver o Cristo do Senhor; é ele que plenifica o Cristo, é o poder dele que sai de Cristo nos seus atos de cura e de salvação. É finalmente ele que ressuscita Jesus dentre os mortos. Então, constituído plenamente "Cristo" na sua humanidade vitoriosa da morte, Jesus difunde em profusão o Espírito Santo até "os santos" constituírem, na sua união com a Humanidade do Filho de Deus, "esse homem perfeito... que realiza a plenitude de Cristo" (cf. Ef 4, 13) : "o Cristo total" , segundo a expressão de Santo Agostinho." (cf. Comunidade Católica de Aliança Jesus te Ama).

"Os feitos de Cristo foram sinais que assinalaram e efetuaram mais densamente a salvação outrora anunciada. Essa salvação continua a se exercer em favor das gerações cristãs... e de acordo com o regime dos sinais sagrados que indicam e realizam o que indicam. Assim Cristo nos deixou os sinais da água, do pão, do vinho, do óleo, das palavras... para que sejam canais da salvação anunciada no Antigo Testamento e trazida por Jesus na plenitude dos tempos.

Toda a história é assim concebida como história salvifica. Os sinais sucessivos são diversos, mas o plano de Deus é um só em sua paulatina explicitação." (Curso de Liturgia por correspondência, Escola "Mater Ecclesiae", pág 38, Dom Estévão Bettencourt).

Para refletir:

Amigo(a) ouvinte, "os homens se comunicam através de sinais que escolhem, mas só os artistas sabem escolher sinais: cor, som, palavras, movimento, que nos transmitem com mais beleza e profundidade a sua mensagem. Assim Jesus, homem perfeito, agiu conosco como artista ao escolher seus sacramentos, que não são apenas sinais, nem apenas sinais simbólicos, mas são sinais eficazes, que comunicam realmente aquilo que sugerem. Pois Jesus não sendo apenas homem, mas Deus, pode fazer com que a água não signifique apenas purificação e vida, mas nos de realmente sua vida."

Como vimos, meu amigo(a), Jesus quis que a graça dada nos sacramentos fosse acompanhada por sinais sensíveis. São eles coisas materiais como a água, o pão, o vinho, palavras e gestos. Esses sinais através de nossos sentidos nos fazem perceber a graça invisível que Deus está nos concedendo pelos merecimentos de Jesus Cristo, através do Seu Espírito.

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança