O mistério pascal nos sacramentos da Igreja (CIC § 1114)

I. Os sacramentos de Cristo

“Fiéis à doutrina das Sagradas Escrituras, às tradições apostólicas (...) e ao sentimento unânime dos Padres" [Conc. de Trento, 7ª sessão. Decretum de sacramentis, Proemium: DS 1600], professamos que “os sacramentos da nova lei foram todos instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo" [Conc. de Trento, 7ª sessão. Canones de sacramentis in genere, canon 1: DS 1601].

O Concílio de Trento ensina que os sete sacramentos da Nova Lei foram todos instituídos por Jesus Cristo, Nosso Senhor. E para fundamentar cada sacramento, é que o Concílio cita um ou mais textos bíblicos:

1- Batismo: "Em verdade, em verdade Te digo: quem não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus" (Jo 3,5).

Segundo São Pedro, o batismo impõe-se para que haja o perdão dos pecados e seja concedido o dom do Espírito Santo (At 2,38). Pelo batismo foram agregados à primeira comunidade três mil novos cristãos (At 2,41). São Paulo desenvolve longa explanação doutrinária a respeito do batismo em Rm 6,1-11.

2- Crisma ou confirmação: É tida como "confirmação" do Batismo por especial comunicação do Espírito. Os cristãos já batizados em nome de Jesus na Samaria ainda não haviam recebido o Espírito Santo; então, por imposição das mãos de Pedro e João, receberam o Espírito (At 8,14-17). Este texto foi frequentemente citado pela tipologia ocidental para fundamentar o sacramento da Confirmação.

3- Eucaristia: "Isto é Meu corpo... Isto é Meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado em favor de muitos" (Mc 14,22-24; cf. Mt 26,26-28; Lc 22,19s).

"Fazei isto em memória de Mim" (1 Cor 11,23-25).

A Eucaristia está explicitamente documentada nos Evangelhos (Mt 26,26-28 e paralelos). Instituida por Jesus, foi desde o início celebrada pelas comunidades cristãs como sendo "a Ceia do Senhor" (1 Cor 11,23-27).

4- Penitência ou Reconciliação: "Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados. Àqueles a quem nõs os perdoardes, não serão perdoados" (Jo 20,22s).

É promulgada como sacramento em Jo 20,21-23. Em Mt 9,8 a expressão "deu tal proceder aos homens" parece supor a execução do mandato, do Senhor, de absolver os penitentes. Há vestígios de excomunhão nas comunidades paulinas (1Cor 5,1-5; 2Cor 2,5-11).

5- Unção dos Enfermos: "Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o porá de pé; se tiver cometido pecados, estes serão perdoados" (Tg 5,14s).

São Tiago (5,14s) atesta o fato de que eram ungidos em nome do Senhor os enfermos na Igreja nascente.

6- Ordem: Alguns textos falam de imposição das mãos acompanhada de oração para conferir ministérios ou funções em favor da comunidade (At 6,17; 13,3; 1Tm 4,14; 5,22; 2Tm 1,6).

"Eu te exorto a reavivar o dom de Deus que há em ti pela imposição de minhas mãos" (2 Tm 1,6).

"Não descuides do dom da graça que há em ti e que te foi concedido mediante profecia, junto com a imposição das mãos do presbítero" (1 Tm 4,14).

7- Matrimônio: "Este mistério é grande; digo... em vista de Cristo e da Igreja" (Ef 5,32).

"Já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não o separe" (Mt 19,6).

É prática antes de Cristo, à qual Jesus restitui o seu sentido originário (Mt 19,3-9; Mc 10,2-9). São Paulo quer que os cristãos se casem somente "no Senhor" (1Cor 7,39) e propõe a íntima relação entre a união dos esposos e a de Cristo com Sua Igreja: sacramento menor dentro do sacramento maior (Ef 5,21-33; Cl 3,18-25).

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança