III. O Espírito Santo e a Igreja na liturgia (CIC § 1098)

A assembléia deve se preparar para se encontrar com seu Senhor, deve ser “um povo bem-disposto [Cf. Lc 1,17] ”. Essa preparação dos corações é obra comum do Espírito Santo e da assembléia, em particular de seus ministros. A graça do Espírito Santo procura despertar a fé, a conversão do coração e a adesão à vontade do Pai. Essas disposições constituem pressupostos para receber as outras graças oferecidas na própria celebração e para os frutos de vida nova que ela está destinada a produzir posteriormente.

A conversão provém da ação do Espírito Santo que desperta a fé, a conversão do coração e a adesão à vontade do Pai. A conversão é necessária, não deve ser adiada. Deve operar-se a partir de dentro e não apenas por palavras. A conversão só se opera em nós mediante a abertura e adesão a graça de Deus.

“Ide por todo o mundo pregai o Evangelho a toda a criatura: Quem acreditar e for batizado será salvo” (Mc 16,15-16). A missão da Igreja é anunciar o Evangelho para que os ouvintes acreditem que Jesus Cristo é o Salvador do mundo, o Filho de Deus e, acreditando, tenham a vida em Seu nome (Cf Jo 20,31). A catequese situa-se nesta linha. Tem em vista transmitir a Palavra de Deus que revela o Seu desígnio de salvação realizado em Jesus Cristo de modo a despertar a fé e a conversão ao Senhor e a viver em comunhão com Ele (Catechesi Tradende 5 e 6).

Em boa verdade, a fé não se transmite. É dom de Deus àquele que O acolhe. Brota do diálogo misterioso entre Deus que se revela e o acolhimento do homem que procura a luz e a salvação. A iniciativa vem de Deus que espera uma resposta livre e comprometida do homem. Deste modo, a fé tem uma dimensão transcendente que está para além das nossas possibilidades. Mas a fé não nasce do nada. Ela supõe um anúncio: “Com efeito, quem invocar o nome do Senhor será salvo. Mas como O invocarão, sem terem acreditado n’Ele? E como acreditarão n’Ele, sem O terem ouvido? E como O ouvirão, se ninguém O proclama? E como proclamá-Lo, sem ser enviado?...Assim a fé vem da pregação e a pregação é o anúncio da Palavra de Cristo”(Rm 10,13-17). São Paulo afirma ainda que transmite o que ele mesmo recebeu, a saber, o anúncio da morte e ressurreição de Jesus como acontecimento de salvação universal (Cf 1 Cor 15,3-4). O mistério de Cristo e o Seu Evangelho estão no centro do anúncio. Esta Boa Nova não se reduz a palavras, mas é um acontecimento que vem até nós. Para Paulo, na pregação apostólica é o próprio Cristo que fala. A Sua Palavra viva vem a nós numa relação e numa escuta que incarna nas nossas vidas.

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança