III. O Espírito Santo e a Igreja na liturgia (CIC § 1097)

Na liturgia da nova aliança, toda ação litúrgica, especialmente a celebração da Eucaristia e dos sacramentos, é um encontro entre Cristo e a Igreja. A assembléia litúrgica tira sua unidade da “comunhão do Espírito Santo”, que congrega os filhos de Deus no único corpo de Cristo. Ela ultrapassa as afinidades humanas, raciais, culturais e sociais.

Há uma relação entre a Eucaristia e a Igreja, ‘Esposa e Corpo de Cristo’. O Concílio, entre tantas imagens da Igreja, privilegiou uma que exprime toda a sua realidade: a de mistério. Antes de mais, a Igreja é mistério do encontro entre Deus e a humanidade; por isso, a Igreja é Esposa e Corpo de Cristo, Povo de Deus e Mãe. A mútua relação entre a Eucaristia e a Igreja permite aplicar a ambas as notas do Credo: una, santa, católica e apostólica, que a Encíclica Ecclesia de Eucharistia veio explicar ulteriormente.

A Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja é o lugar onde se realiza a comunhão com Deus e com os homens. A Igreja é consciente que a Eucaristia é o sacramento da unidade e da santidade, da apostolicidade e da catolicidade, sacramento essencial para a Igreja, esposa de Cristo e seu corpo.

O Beato João Paulo II recordava que “a Igreja é o corpo de Cristo: caminha-se ‘com Cristo’ na medida em que se está em relação com o seu corpo”. É aqui onde encontram o seu verdadeiro sentido o cumprimento das normas e o decoro da celebração: trata-se da obediência a Cristo por parte da Igreja, Sua esposa.

A Igreja faz a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja. Se a Eucaristia faz crescer a Igreja, é porque no sacramento se encontra Cristo vivo, ainda antes Ele quis a Igreja para que esta celebre a Eucaristia. A pertença à Igreja é prioritária, para se poder ter acesso aos sacramentos: não se pode receber a Eucaristia, sem antes ter recebido o Batismo, ou não se pode voltar à Eucaristia, sem antes ter recebido a Penitência, para os pecados graves. Não há Eucaristia válida e legítima sem o sacramento da Ordem.

A única Igreja querida por Cristo aponta sempre para uma Eucaristia, que se realiza em comunhão com o Colégio Apostólico, cujo chefe é o Sucessor de Pedro. É esse o vínculo que dá legitimidade à Eucaristia. Não é conforme com a unidade eucarística querida por Cristo limitar-se a uma comunhão transversal entre as Igrejas chamadas irmãs. É elemento intrínseco ao sacramento a comunhão com o sucessor de Pedro, princípio de unidade na Igreja, depositário do carisma de unidade e universalidade, que é o carisma petrino. Portanto, a unidade eclesial manifesta-se na unidade sacramental e eucarística dos cristãos.

Cristo é o verdadeiro templo de Deus, "o lugar em que reside a Sua glória"; pela graça de Deus, também nós cristãos nos tornamos templos do Espírito Santo, pedras vivas com que se constrói a Igreja. Nas condições terrenas, a Igreja tem necessidade de lugares em que a comunidade possa reunir-se: as nossas igrejas visíveis, lugares sagrados, configuração da Cidade Santa, da Jerusalém Celeste para a qual caminhamos como peregrinos. É nestas igrejas que a Igreja celebra o culto público para glória da Santíssima Trindade, ouve a Palavra de Deus e canta os seus louvores, faz subir até Ele a sua oração, oferece o sacrifício de Cristo, sacramentalmente presente no meio da assembléia e contribui para a santificação dos fiéis. (Cf. Preliminares da Dedicação ou Bênção da Igreja).

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança